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Julgo não exagerar se afirmar que o filme Interestellar, o prodigioso resultado deste épico de ficção científica dirigido pelo realizador Christopher Nolan, está ligado também à magistral banda sonora de Hans Zimmer, já consagrado nestas andanças de músicas para filmes. De resto a obra que suspeito resultará num clássico, coloca de forma magistral o mito da adopção do Universo infinito no lugar do limitado e escuso planeta Terra como casa materna da humanidade. O filme lembrou-me várias vezes o meu saudoso Pai, historiador que nos intervalos das suas investigações embrenhadas em documentos arcaicos e pesados volumes impressos, consumia gulosamente e deixava espalhados pela casa romances de ficção científica, cuja temática estou convencido constituía um escape de uma realidade material que tanto o atormentava.
Boa malha é o filme "A Gaiola Dourada" de Ruben Alves, história centrada num casal de emigrantes portugueses em Paris, a porteira Maria (Rita Blanco) e o pedreiro José (Joaquim de Almeida); uma descomplexada comédia que luminosamente desmonta e parodia os clichés duma tão generosa quanto incompreendida (por mera inveja ou snobeira) diáspora portuguesa em França.
Sem quaisquer pretensões a dissertação cientifica sobre o tema, o filme não cede à tentação dos estereótipos políticos do ressabiamento e da luta de classes a que o assunto tão bem se presta. É deste modo que o filme colhe o desprezo da crítica regimental, na exacta proporção em que se revela um sucesso de bilheteira.Também porque nos mostra despudorada ternura às coisas da Pátria, com caracteres generosamente pincelados em tons alegres (mesmo que artificialmente queimados por efeito de um qualquer filtro de lentes “vintage”), perspectiva talvez mais acessível a quem sendo um de nós, nos vê de longe como a uma paradisíaca paisagem do Douro. Apesar da história e apesar da crise, pois então.
Independentemente de diferentes enquadramentos ou análises, os clichés são sempre irrefutáveis pedaços de verdade. E só nos deveria fazer rir a confusão dos “patrões” franceses de José entre Oliveira Salazar e o general Alcazar, personagem das aventuras de Tintim. Assim como a eterna confusão que a generalidade dos estrangeiros sempre fará entre o vocabulário castelhano e português.
Mas acontece que em duzentos anos largámos a religião para nos entornarmos em prantos aos pés dos psiquiatras e dos sociólogos. Ao contrário do crítico António Loja Neves da revista Actual do Expresso que deve perceber de cinema como pouca gente, eu espero daqui a dez anos Ruben Alves, filho de emigrantes, mantenha intacto o orgulho nesta sua bem-sucedida estreia dedicada aos seus pais, afinal de contas feita com alma e coração - quase sempre factor determinante para uma boa realização. Ao que se saiba, sustentável do ponto de vista económico, que é para além do mais uma lufada de ar fresco e oxigenado, com a qual as carpideiras profissionais não se dão bem nem se conformam. O nacional negativismo é pior do que uma gaiola, é uma sufocante caixa fechada, mas só lá vive quem quer.
Excerto da espantosa festa de Holly Golightly (A. Hepburn)... em Breakfast at Tiffany's rodado em 1960 - baseado na notável novela de Truman Capote com o mesmo título.
Sob o título «O património cultural, a Cinemateca e a Lei do Cinema», José Manuel Costa publicou no sábado, no jornal Público, p. 55, um importante texto sobre a sustentabilidade da conservação e actualização tecnológica do nosso património fílmico — é um assunto que a todos deveria preocupar, e muito, pela relevância do tema e pela importância das decisões que brevemente serão tomadas.
JMC fala mesmo de encruzilhada histórica da conversão ao digital.
Eu sei que um jornal, qualquer jornal, desvaloriza umas coisas e sobrevaloriza outras, e assim será ad eternum. Por mim, este assunto estaria na página 3.
Confesso que não esperava tanto do Gato das Botas, que é porventura a única coisa que se aproveita da inenarrável sequela de Shrek, da DreamWorks Animation, cujo filme conseguiu pôr a minha filhota (muito crente na beleza, em príncipes e princesas, e pouco em arrotos e alarvidades) a chorar de desconsolo, e cujo “catálogo” balança entre o puro mau gosto e a macaqueação da concorrência Disney e Pixar em estilo suburbano.
Com um guião divertido, a trama decorre numa Espanha seiscentista numa inteligente miscelânea do conto original de João Pé de feijão e a galinha dos ovos de ouro (aqui uma gansa…) e o Humpty Dumpty da lengalenga à mistura. Tudo isto sem o cinismo que marca a série Shrek: o gatinho é um indómito cavalheiro com um sensível coração latino, e acaba por protagonizar uma inaudita acção de charme, redimindo um pouco a imagem dos simpáticos bichanos, injustamente mal-amados por tanta gente e tradicionalmente tão malquistos nos desenhos animados. Nestas férias de Natal, o Gato das Botas é definitivamente uma boa escolha para passear a criançada a ressacar das Festas. Boa onda!
Não podia deixar de partilhar com os meus amigos o trailler das Aventuras de Tintim de Steven Spielberg a estrear no Natal: pelo que nos é dado espreitar, parece que o realizador esmerou-se na realização do Tesouro de Rackham o Terrível.
Como é evidente a linguagem do cinema é por natureza distinta dos quadradinhos, mas parece-me que o desafio desse "encontro" está bem entregue ao realizador de Indiana Jones. Veja-se como os ambientes, as cores e o aspecto dos personagens foram espantosamente preservados!
Fiquei rendido ao "Discurso do Rei" de Tom Hooper, e ao contrário do que dizem as más-línguas (porque será?), posso garantir que a obra é muito, mas muito mais, do que a replicação no cinema dum telefilme da BBC. A grandiloquência narrativa, a fotografia simplesmente arrebatadora, e principalmente a extraordinária prestação dos actores, são aspectos que fazem desta película uma autêntica obra-prima. As primorosas representações de Colin Firth no papel de príncipe Alberto, de Geoffrey Rush, o excêntrico terapeuta da fala, Lionel Logue, e de Helena Bonham Cárter como Rainha-mãe, envolvem-nos num comovente drama humano: o tormentoso recontro do gago mas ciente príncipe com o seu inevitável destino, de perante a manifesta leviandade do irmão, vir a reinar o Império Britânico; e, no apogeu da telefonia, através da sua voz, encarnar a esperança e a dor dum povo em face à trágica guerra contra a Alemanha Nazi. Se outra mensagem não possui, esta persuasiva e tocante lição de humanidade, recentra a decisiva importância do trabalho e carácter dos actores no melhor cinema. Aquele que faz História.
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