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A celebração do centenário da República (benza-a Deus!) não foi capaz, nem para tal foi vocacionada, de dar o outro lado das coisas, aceitando a honra e o patriotismo dos que lhe resistiram. E no entanto, esse lado existe, existiu, pelo menos até que uma qualquer Censura o amordaçou. Entretanto, não pouca propaganda houve, até por amanhãs que cantam: «para que possa sobre nós raiar | mais depressa uma aurora apetecida...» Livra!!
Afonso Costa fez tudo o que estava ao seu alcance para ser a inspiração dos génios do lápis e da tinta-da-china, e mereceria uma grande exposição desses desenhos que a maior parte das vezes o deixaram bem mal no retrato, mas alguém poderia bem dizer: — Foi merecido!
Ontem estive na Biblioteca Nacional a ver o jornal O Imparcial, dirigido em 1910 por Raul Brandão. Não me surpreendeu que ele, a 28 de Setembro, dedicasse o editorial à Rainha Dona Amélia, abrindo-o com uma evidência absoluta: «Passa hoje o aniversário de Sua Majestade a Sra. D. Amélia, e se outros títulos não houvesse para que esta data não corresse despercebida para este jornal, bastaria o dever em que nos achamos constituídos de prestar homenagem rendida do nosso respeito pela senhora a quem um irreparável desastre arrebatou com o trono, a doce alegria de viver, que nem é compatível com a saudade de um bem que não volta mais, nem com as torturas de um terror que nada extingue.»
Valeria a pena transcrever o texto na íntegra, mas este não é o lugar para isso. A razão deste comentário é sobretudo a de constatar (e de protestar contra) o facto de que, afinal, as comemorações do centenário republicano gastaram rios de dinheiro em propaganda e doutrinação, mas não fizeram o essencial: preservar e salvaguardar a memória exacta sob a forma dos jornais do tempo. Haveria que tê-los microfilmado e expurgado, pois estão uma lástima! Esses e muitos outros, certamente. Mas o sentido da coisa não era esse...
E a propósito de buracos e de inquéritos, para quando uma vistoria rigorosa às contas desse desperdício? Não foram alguns milhões? Ou é assunto tabu?...
Adolfo Mesquita Nunes, lapidar. Faltou na citação do Grande Alexandre Herculano: "Se mandarem os reis embora, hão-de tornar a chamá-los!"
A notícia que vem hoje na página 19 do Correio da Manhã (sem versão online) foi-me dada ontem ao telefone pelo seu pai atónito: Sebastião, acabara de voltar para casa proibido de participar numa sessão sobre o Centenário da República na Escola Secundária de S. João do Estoril por envergar uma t-shirt azul como a da fotografia. Este acto de descarado despotismo só se compreende na velha óptica republicana que por um ideal que acreditam sagrado e indiscutível se condiciona a liberdade de escolha e de expressão às pessoas. Da minha parte até percebo a cautela destes zelosos milicianos do regime: da minha experiência em escolas onde se promoveram debates francos e abertos sobre a monarquia e república, foi surpreendente a adesão e o entusiasmo dos alunos, sempre rebeldes, pela opção monárquica, ou simplesmente pela desmontagem da propaganda dos poderosos. Força Sebastião! Força Sebastiões!
PS: Para os interessados este modelo de camisola encontra-se à venda aqui.
No mês de Julho de 2009 foi colocado online o portal oficial das celebrações do centenário da República Portuguesa. Um trabalho feito pelo atelier de design Henrique Cayatte, por ajuste directo, ou seja, sem concurso e que custou ao Estado Português "apenas" 99 500 euros, como pode ser verificado no Base, um site de informações sobre contratos públicos. Para que não fiquem dúvidas é só consultar! Mas será que estávamos perante um produto 100% original? Longe disso! Como bem assinala o "Diário 2", o portal tem como base o Drupal, uma plataforma pré-construida para gerir conteúdos e que é open source ou seja, gratuita e utiliza o tema “Zen” (também gratuito), que define a maior parte das opções estéticas do site. Estas ferramentas minimizam uma grande parte do trabalho estrutural e de design de qualquer tipo de site, uma vez que a "carroçaria" está praticamente feita. Dá-se uma "demão" na cor escolhida e entrega-se a chave ao cliente. Agora que é altura de fazer contas à fortuna que foi gasta com o Centenário da "idosa senhora" este montante não deixa de ser impressionante: uma exorbitância paga por todos nós. Toma lá, dá cá!
Base:
(http://www.base.gov.pt/_layouts/ccp/AjusteDirecto/Detail.aspx?idAjusteDirecto=75140)
Ficha técnica site:
Reortagem TVI
Portugueses:
5 de Outubro de 1143 é uma data fundadora para Portugal. Durante quase 800 anos a vontade e a determinação do povo, firmemente ancoradas na vontade e determinação dos seus Reis, conduziram os destinos desta comunidade de sonhos, a que chamamos pátria.
Mas 5 de Outubro, agora de 1910, é também a data em que a invasão mental estrangeira ocupou Portugal.
Hoje, como sempre, falarei para todos, sem acepção ou excepção alguma.Mas hoje, como nunca, serei a voz de todos pela boca de alguns.Nenhuma das palavras que Vos irei ler me pertence, porque todas já eram pertença de todos depois de escritas por alguns de Vós. Irei ler-Vos excertos de alguns dos nossos maiores escritores. Evocando Portugal, ou retratando a república. As suas assinaturas declaram os nomes de Camões, Ramalho Ortigão, Fialho de Almeida, Eça de Queiroz, Almada Negreiros, Fernando Pessoa e Pe. António Vieira.Por isso em nome de todos a estes as agradeço.
Portentosas foram antigamente aquelas façanhas, ó Portugueses, com que descobristes novos mares e novas terras, e destes a conhecer o Mundo ao mesmo Mundo. Naqueles ditosos tempos (mas menos ditosos que os futuros) nenhuma cousa se lia no Mundo senão as navegações e conquistas de Portugueses. Esta história era o silêncio de todas as histórias. Os inimigos liam nela suas ruínas, os émulos suas invejas e só Portugal suas glórias. Mas se a história das cousas passadas (a que os sábios chamaram mestra da vida) tem esta e tantas outras utilidades necessárias ao governo e bem comum do género humano e ao particular de todos os homens, e se como tal empregaram nela sua indústria tantos sujeitos em ciência, engenho e juízo eminentes, como foram os que em todos os tempos imortalizaram a memória deles com seus escritos; porque não será igualmente útil e proveitosa, e ainda com vantagem, esta nossa História do Futuro, quanto é mais poderosa e eficaz para mover os ânimos dos homens a esperança das cousas próprias, que a memória das alheias? (Padre António Vieira)
O Partido Republicano em Portugal nunca apresentou um programa, nem verdadeiramente tem um programa. Mais ainda, nem o pode ter: porque todas as reformas que, como partido republicano, lhe cumpriria reclamar, já foram realizadas pelo liberalismo monárquico. (Eça de Queiroz)
A república francesa que implantaram em Portugal, sem nenhuns pontos de contacto com quanto em nós seja português. Nenhuma reacção do espírito progressivo a instaurou; foi um fenómeno da nossa decadência, da nossa desnacionalização. (Fernando Pessoa)
Imagem daqui
Como é "bonita" a democracia portuguesa.
Logo às 17,00hs será inaugurada a exposição A Repressão da Imprensa na 1ª República, no Palácio da Independência em Lisboa e contará com a apresentação do jornalista e cronista José Manuel Fernandes. Esta é uma iniciativa da Plataforma do Centenário da República, à margem das comemorações oficiais, Não falte!
- O fim do comando NATO em Oeiras, justamente após a cimeira da NATO em Lisboa em 19/21 de Novembro próximo
Parabéns! Que venham mais cem!
Há jornais que, embora saibamos da sua preferência editorial, fazem um esforço sério para dar voz a quem não é republicano. Há outros que escolhem o caminho mais fácil, o da mentira sob forma de encarte e daí lavam as suas mãos. É o caso do Expresso que, na sua edição de hoje, presta um péssimo serviço à democracia portuguesa. Isto porque inclui um pseudo poster que é um verdadeiro atentado à história de portugal. Ao publicar os Presidentes da República que Portugal teve desde a queda da monarquia, passa da 1ª para a 2ª República, pretensamente a actual (!!!). Pelo meio existe qualquer coisa que o Expresso chama de ditadura, um hiato de tempo de cerca de 50 anos que, para os autores da "obra" não é carne nem é peixe. Mas então, pergunta-se, essa ditadura foi debaixo de que regime? Todos sabem a resposta.Escusado será dizer que o meu poster seguiu, de imediato, o caminho da reciclagem de onde, aliás, nunca devia ter saído.
No dia 04 de Outubro, às 18.30, uma hora e meia depois da inauguração da exposição “A Repressão da Imprensa na 1ª República” no Palácio da Independência, Mendo Castro Henriques, monárquico, e Fernando Rosas, republicano, apresentam na livraria Livraria Buchholz apresentam «1910 a duas vozes», onde se expõem dois distintos pontos de vista sobre a Implantação da República em Portugal, a queda da Monarquia e as repercussões desse momento histórico durante o último século. A não faltar!
(...) O Presidente (Cavaco) voltou à cena com o programa delirante, embora usado, de nunca se "resignar" à manifesta decadência de Portugal.Não lhe entrou na cabeça que o seu cargo era na essência decorativo e que, em certas circunstâncias, como agora, se arriscava a ficar inteiramente inerme perante o oportunismo e a má-fé dos chefes das facções. (...)
Vasco Pulido Valente - Público 16 Set. 2010
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