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Las Vegas

por João Távora, em 28.06.15

gay-parade17.jpg

 Se o Supremo dos Estados Unidos da América tivesse proibido a pena de morte eu vestia-me com o arco-íris. Já o conceito de casamento que vingou depois do Maio de 68 não é mais que um negócio para advogados. Em todo o ano de 2014 na Paróquia do Monte da Caparica o número de matrimónios realizados foram apenas quatro. Las Vegas alastra-se por todo o ocidente, venceu a adolescentocracia.

A Ecologia do Homem

por João Távora, em 24.04.13

PORQUE É NEGATIVA PARA AS CRIANÇAS A ADOPÇÃO POR PARES HOMOSSEXUAIS?!

 

1 – O que deve definir a decisão é o superior interesse das crianças e NÃO o interesse dos adultos que querem adoptar. 

 

2 – Para um adequado desenvolvimento psico-afectivo é necessário e fundamental a identificação com a figura masculina e a feminina, sem as quais esse desenvolvimento fica afectado, levando invariavelmente a processos patológicos da área psicoafectiva.

 

3 – Esta identificação com as figuras do pai e da mãe (masculinas e femininas) existem; na realidade, naqueles que têm pai e mãe e num processo de construção mental, e, em fantasia, na ausência de um ou dos dois progenitores (ex. órfãos).

 

4 – É preferível na ausência de pais (ex. órfãos) esse processo de identificação sexual e de desenvolvimento psico-afectivo ser feito de forma fantasiosa, i.e. imaginando os pais que se perderam ou que nunca se tiveram, em conjunto com a interactividade com pessoas significativas como por exemplo tios, primos, professores e educadores e padrinhos.

 

5 – É, do ponto de vista psicológico e do desenvolvimento, nefasto para as crianças, ao invés de terem o que antes referi, serem inseridas num meio onde só existam figuras exclusivamente masculinas ou femininas, como é o caso dos pares homossexuais.

 

6 – As crianças inseridas dessa forma não conseguem desenvolver de forma adequada processos intrapsíquicos como o complexo de Édipo e outros, criando facilmente espaço para o surgimento de neuroses e psicoses.

 

7 – A confrontação com a vivência familiar com pares homossexuais não permite a identificação com ambas as figuras masculinas e femininas e leva a uma exclusividade de género sexual que impede os processos já referenciados, inibindo também o processo de construção interno dessas figuras que descrevi como processo de fantasia, onde se imaginam o que seria o pai ou a mãe de acordo com um funcionamento masculino e feminino.

 

8 - A opção entre entregar uma criança a uma instituição ou a um casal (por definição um casal é sempre heterossexual, porque é o único que permite a reprodução) deve ser sempre a da adopção pelo casal.

 

9 – A opção entre entregar uma criança a uma instituição ou a um par homossexual deve residir sempre na entrega a uma instituição vocacionada para o efeito, pelas razões já descritas.

 

10 – Esta opção não impede e deve até fomentar o processo de apadrinhamento, podendo a criança passar fins-de-semana e férias com pares homossexuais desde que estes nunca assumam a paternidade. Desta forma a criança pode estabelecer vínculos afectivos saudáveis com os padrinhos mas não é coarctada, impedida de fazer o desenvolvimento intrapsíquico da figura do pai e da mãe que seria inibida se lhe fossem apresentadas duas pessoas do mesmo sexo como sendo dois pais ou duas mães.

 

11 – Permitir que uma criança se desenvolva neste meio é fomentar o desenvolvimento de graves psicopatologias que irão levar a adultos desadequados, frustrados e emocionalmente perturbados, com um processo de identificação sexual mal feito e com uma parte afectiva instável e mal construída.

 

 12 – A co-adopção, a adopção de uma criança filha de um elemento do sexo feminino ou masculino que na ausência do outro progenitor (por morte ou abandono) pretenda que o seu actual parceiro do mesmo sexo seja o adoptante é tão ou mais prejudicial, tendo as causas, consequências e os mesmos efeitos já descritos.

 

Desta forma recomenda-se aos decisores políticos que não subscrevam a co-adopção por pares homossexuais a bem das crianças.

 

Mestre Doutor Abel Matos Santos

Assistente Especialista em Psicologia Clínica do HSM

Sexologista e Mestre em Psicologia da Saúde

Doutorando pela Faculdade de Medicina de Lisboa

Fracturas sempre expostas

por João Távora, em 21.11.11

 

Os receios de que um Mariano Rajoy vitorioso revisse a lei do "casamento" homossexual foram inutilmente arremessados  pelos socialistas e demais grupelhos do nicho para a campanha das legislativas em Espanha: o Partido Popular acabou conquistando uma retumbante maioria absoluta. Pensando bem, talvez não tenha sido assim inútil, mas um serviço: apesar do tema não constar do programa eleitoral do PP, o facto dessa ameaça ter sido embandeirada pela esquerda caviar e a posição do galego recém-eleito relativa ao tema ser por demais conhecida dos debates, concede-lhe uma clara legitimidade para, a seu tempo, reexaminar o assunto. Talvez que o proverbial “sangue quente” dos espanhóis se revele, em contraste com cândido fado “deixa andar” do tuga conformado ou (ou pragmático que é como o apelidam alguns venerandos comensais do sistema).

Gays vs gays

por Pedro Quartin Graça, em 08.06.10

Um escasso dia após o primeiro "casamento gay" já a discórdia está instalada entre os partidários deste novel "casamento". Depois do casal de lésbicas Teresa Pires, 33 anos, e Helena Paixão, 39 anos, eis que já se encontra marcado para o próximo dia 27 nas escadarias da Basílica da Estrela o encontro de convidados do próximo "casamento", desta feita entre dois homens: Manuel Correia, de 54 anos, e Fernando Fonseca, de 32.

Os 150 convidados entre os quais, eventualmente, se poderão encontrar Cinha Jardim e as filhas, Isaurinha e Pimpinha, Carla Andrino, Paula Taborda, Carlos Veríssimo, Fernanda Freixo e a fadista Carmen Garcia irão poder observar o vestido de noiva que Manuel, ou melhor, a ‘Fernanda’, como é chamado pelo companheiro e pelos amigos, vai vestir. De acordo com o Correio da Manhã, o vestido que ‘Fernanda’ vai usar tem alças e rendas, custou 7000 euros e foi oferecido. A tiara de brilhantes, falsos, custou 5000 euros. Irá usar pulseira de pérolas e colar a condizer. ‘Fernanda’ é transformista e tem como nome artístico Miss Ágata. Participou em programas televisivos, teatro de revista, espectáculos e filmes pornográficos. Hoje é chefe de cozinha. Já o noivo, Fernando é carpinteiro e pedreiro.

Mas este casamento já abala parte do mundo gay que vê nele a face mais negra que, a todo o custo, tentam evitar.

"Sou gay e totalmente contra essas duas personagens que estao a tentar ganhar dinheiro a fazer circo e a gozar com o que pessoas lutaram durante anos , mas em Portugal os media gostam e de circo o povo e burro e assim vai", afirma um anónimo citado pelo Correio da Manhã.

"Vi no Correio da Manhã uma foto com o que acho que não deve ser uma celebração. Um jovem mascarado de noiva é retroceder em vez de avançar. As pessoas são livres de fazer as suas opções e agora já se podem mascarar sem ser Carnaval.", refere Vítor de Sousa citado pelo mesmo jornal. A polémica está lançada.

Sobre palhaçadas e um triste destino

por João Távora, em 29.05.10

 

Essa entidade “direita católica conservadora” é um equívoco que jamais terá expressão política e daqui a um mês já ninguém se vai lembrar desta delirante congeminação sobre um candidato de “bons costumes”. É conversa fiada para alimentar uma certa imprensa e comentadores ávidos por sangue e intrigalhada. Cavaco sabe bem que quando a campanha chegar, a sua triste figura da semana passada terá caído no esquecimento. Agora só tem que andar calado, pois até um estúpido que seja tímido se confunde com pessoa séria e enigmática: tudo junto com uma gravata vistosa é meio caminho para recuperar uma boa pose institucional. E convençam-se que o caso da promulgação caiu muito mal não só para os católicos, que isso de homossexuais de grinalda e alianças faz muita confusão ao Sr. António marceneiro homem de uma só palavra que nunca pôs os pés numa missa nem se o viu falar com um padre.

Quanto a Santana Lopes, ele até terá as suas contas para saldar com o presidente da república, mas confesso que me soa demasiado forçado vê-lo fazer campanha entre a Isilda Pegado e o César das Neves. De resto o caldo há muito que foi entornado e isto de eleições presidenciais é folclore que não inspira a Nação nem enche a barriga a ninguém.

Se se confirmar...

por João Távora, em 24.04.10

 

... que o presidente da república prepara um veto à lei do casamento homossexual, Cavaco e a nossa república ganham um pontinho meu. Só um.

Homofóbico não sou

por João Távora, em 23.02.10

 

Eu até percebo a tentação de se arrumar uma pessoa inteira (e porque não uma ideia?) dentro dum rótulo... e agradeço ao Tiago por me ressalvar de tão desagradável epíteto.

É assim a vida no pântano

por João Távora, em 21.02.10

 

Se por causa da tragédia da Madeira é admissível o pouco destaque dado à manifestação Pela Família e pelo Casamento*, que levou ontem milhares de portugueses a descer a Avenida da Liberdade, pela generalidade da comunicação social e em particular pelos jornais diários de hoje, parece-me simplesmente infame a concepção da peça publicada no Público onde, às páginas tantas, o (pouco) relevo dado ao evento se resumiu quase à troca de provocações entre um insignificante grupelho de extrema direita que seguia no final do cortejo e duas dezenas de patuscos junto ao cinema S. Jorge. Afinal, relatar os factos em função dum preconceito e para o justificar, trata-se duma tremenda desonestidade, uma transgressão seriamente comprometedora do livre arbítrio do leitor que é usual e impunemente levada à pratica pela generalidade dos jornalistas nas questões fracturantes "da moda". Nada de estranhar afinal quando se verifica como a mentira vem sendo um artificio tão vulgarizado, a começar pelos mais altos dignitários dos órgãos de soberania. Afinal, neste pântano todos os répteis tem o seu papel. 

 

O link escolhido exibe a notícia do Diário de Notícias, ironicamente a mais isenta que encontrei. 

 

 

Avenida da Liberdade, 20 de Fevereiro de 2010

por João Távora, em 20.02.10

 

 
Manifestação Pela Família e Pelo Casamento

Daqui

Atenção Porto

por João Távora, em 18.02.10

 

Da Cidade Invicta, os interessados em ir no Sábado à manifestação Pela Família e Casamento têm autocarros com saída às 11 h do Jardim do Passeio Alegre (frente ao Twin´s) com chegada prevista ao Marquês de Pombal pelas s 14 h. O valor da inscrição é de 17 euros e podem efectuar-se pelos telefones 91 977 50 08 e 91 010 20 88. Informação daqui

Piadas fáceis...

por João Távora, em 18.01.10

 ...(e muito mais) também por aqui

Para quando a ecologia do homem?

por João Távora, em 08.01.10

Em tempos da minha juventude li o Macaco Nu (The Naked Ape), livro em que Desmond Morris, o autor, descrevia com graça a espécie humana sob um prisma da etologia, uma disciplina da zoologia com influências evolucionistas onde se relaciona o reportório comportamental das espécies com as suas peculiaridades anatómicas. Citando de memória, a determinada altura o autor abordava o pacto de monogamia do casal humano (casamento) como um compromisso determinado pela necessidade duma aliança duradoura com vista à promoção da autonomia às suas crias, que em comparação às outras espécies se prolonga extraordinariamente. O  autor exemplificava o caso dum potro, que ao fim das primeiras horas já anda, e que após  poucas semanas é completamente autónomo, enquanto este processo numa criança pode durar entre seis a dez anos. 

Tudo isto para dizer que o homem possui a sua própria ecologia, e que me parece inegável que o “casamento” tem como fundamento original potenciar a geração de descendência com eficácia – daí o Amor, sentimento desconhecido nas outras espécies. Num tempo em que tanto se apregoa a protecção do ambiente, das florestas aos mais insignificantes insectos, não será altura de proteger o Homem de si próprio?  

 

Sobre a liberdade

por João Távora, em 21.12.09

Uma crónica brilhante de  João Carlos Espada, na edição de fim-de-semana jornal I:  

 

(...) Dizem-nos que a única posição compatível com a liberdade é a que defende o casamento enquanto contrato voluntário entre [por enquanto] duas pessoas, sejam elas do mesmo sexo sejam de sexos diferentes. Por isso é acrescentado que quem quer que discorde deste ponto de vista defende um ponto de vista opressor, uma vez que recusa direitos iguais à posição divergente, a que defende casamentos entre pessoas do mesmo sexo.

Há aqui uma curiosa dissonância cognitiva. O que temos pela frente é uma discordância entre duas opiniões particulares, igualmente legítimas no plano político. Não há uma opinião opressora e uma opinião livre. A opinião de que os casamentos devem envolver pessoas do mesmo sexo é um ponto de vista tão particular e tão criticável como a opinião de que os casamentos devem apenas abranger pessoas de sexo diferente. Isto significa que, se impusermos na lei que os casamentos devem abranger pessoas do mesmo sexo, estamos a impor uma opinião particular sobre as pessoas que defendem uma opinião particular diferente, a de que o casamento deve ser para pessoas de sexo diferente. 

Por outras palavras, nenhuma das propostas em presença é neutra e o Estado não pode reclamar-se de qualquer delas em nome da neutralidade relativamente a concepções particulares do bem. Perante este dilema, uma sociedade livre tem uma solução relativamente simples, embora ela possa não satisfazer os fundamentalistas de ambos os lados: manter o casamento para pessoas de sexo diferente e criar uma instituição jurídica diferente para as uniões do mesmo sexo. Estas últimas podem também ser abertas a casais de sexo diferente que considerem a sua união equivalente às uniões entre casais do mesmo sexo. 

Esta foi a solução pacificamente adoptada na "livre Inglaterra", com a criação das "civil partnerships". É a solução liberal por excelência, que corresponde ao princípio "live and let live", viver e deixar viver. Não requer um acordo, nem sequer uma votação por maioria. Deixa espaço para a convivência pacífica entre as duas opiniões, sem que uma tenha de se impor à outra. (...) Ler tudo

Relativismos tíbios

por João Távora, em 18.12.09

  

Na voragem da discussão sobre o casamento ente homossexuais, desgosta-me especialmente a indignação duma certa direita moderninha ou complexada que por aí anda contrafeita, perorando entre dentes contra o governo, que “cada um case com quem quiser” e que "Portugal tem outras prioridades". Esta gente não percebe como os seus argumentos são fracos e acabam dando razão àqueles para quem as suas convicções são prioritárias e as quer levar a bom termo. Na minha opinião, como é bom de ver, concebo o casamento como uma instituição fundadora da família baseada na complementaridade masculino/feminino que possibilita a geração de vida. É fundamentalmente por isto que eu acho um disparate o casamento gay e ainda ninguém me bateu por isso nem perdi o emprego.

Discriminação positiva

por João Távora, em 12.11.09

 

 

Ainda sobre o casamento gay, debate tendencialmente tão agreste e fracturante, gostaria para terminar, de clarificar a minha opinião sobre a incontornável questão das adopções.

Exceptuado o aspecto, para mim não despiciendo,  da nomenclatura do contrato de união civil entre dois homossexuais, concordo com tudo o que o Luís Naves refere no seu ponderado texto em baixo. Ou seja, em última análise reconheço que a lei poderia contemplar a possibilidade de adopção de crianças por homossexuais, desde que salvaguardado o perfil psicológico e social garantidamente idóneo. Admito que pessoas com este perfil dariam melhor conta duma perfilhação do que qualquer casal de grunhos heterossexuais. Claramente uma solução dessas seria sempre preferível à do internamento em qualquer precária instituição de acolhimento existente. Só que, last but not the least, parece-me que deverá ser regra, sempre que possível, dar preferência a soluções de adopção mais próximas quanto possível o modelo natural, biológico,  de um pai e mãe, desde que garantidamente competentes para o exigente papel. Esta parece-me uma incontornável e positiva discriminação. 

Portugal é o país da União Europeia em que a população está a envelhecer mais depressa, segundo um relatório hoje apresentado no Parlamento Europeu, pelo Instituto de Política Familiar. O mesmo instituto afirma que a Europa está "imersa num nunca visto Inverno Demográfico", ao lembrar o défice anual de nascimentos, o aumento dos abortos e a “explosão” de divórcios. 

 

daqui 

Tenho muita dificuldade em aceitar que o conceito de “casamento”, que define uma vetusta instituição (actualmente fragilizada, eu sei, e muito por causa da desconsideração com que tem sido tratada), seja hoje corrompido pela intenção de que este abarque a relação homossexual que, sendo respeitável,  não deixa de ser de natureza diversa. Eu temo que a soma duma precipitada revolução demográfica e de costumes perpetrada tão abrupta e radicalmente no ocidente, acabe por debilitar irremediavelmente o tecido social, de espalhar muita inadaptação e dor em muitas existências anónimas. Falo por exemplo do paradigma cada vez mais comum dos filhos únicos de famílias desmanchadas e perdidas nos grandes subúrbios por conta da prenunciada extinção das pequenas comunidades provincianas, e do modelo de família sólido e literalmente fecundo que estruturou a sociedade durante séculos, e de que eu privilegiadamente ainda usufruí. Extintas tais realidades, não haverá Estado que substitua essas redes de afecto, solidariedade e pertença. E suspeito que não serão os “Facebooks” da vida a colmatar os vazios deixados por tão profunda revolução. 

A liberdade de assinar um contrato

por Tiago Moreira Ramalho, em 17.03.09

O Pedro Picoito respondeu ao meu post sobre o seu post sobre o casamento gay (digam lá que não sou um mestre da sintaxe).

No meu post inicial, eu escrevi que "ao vedar o acesso de um determinado tipo de pessoas a um determinado tipo de contrato, o Estado está a intrometer-se na liberdade contratual dos cidadãos". A isto o Pedro Picoito responde-me com um forte "Mas o Estado já faz isso", enumerando de seguida os casos nos quais é legalmente impossível celebrar o contrato do casamento. Ora, isto é obviamente um erro de raciocínio: lá porque o Estado já veda o acesso a contratos, não se segue que deva continuar a vedar esse acesso. Mas, já agora, é interessante observar as pessoas a quem o a lei não permite casar: os menores de 16 anos, os dementes, as partes de um casamento anterior não dissolvido, os parentes em linha recta e, segundo o Pedro (que eu não conheço o Código Civil) outros casos ainda. O primeiro parece-me óbvio e nem precisa de explicação, o segundo julgo ser universal para qualquer contrato e plenamente justificado, agora o terceiro e o quarto são novamente absurdos. O que é que impede duas pessoas que sejam parentes em linha recta de celebrar um contrato se ambos tiverem vontade de o fazer? O mesmo para uma pessoa que já tenha celebrado um contrato igual com outra... Absolutamente nada. Aliás, o impedimento legal não é em nada impedimento à constituição de família informal e não me parece que haja algo de errado com essas famílias informais. Se não há nada de errado, porque não "formalizá-las"?

O Pedro, de seguida, "volta" ao valor simbólico, referindo que "se mudarmos o conteúdo histórico do contrato matrimonial no Ocidente (...), estaremos na verdade a criar outra coisa qualquer". Precisamente. Este argumento, tão usado, de que ao permitirmos o casamento homossexual vamos estar a criar uma outra coisa é simplesmente uma consequência do próprio facto de o casamento ser algo de imposto pelo Estado. Há muito tempo que se percebeu a idiotice de haver um contrato universal, para todos, e já se fizeram alterações: relação de bens, por exemplo. A permissão do acesso dos homossexuais ao casamento (e por favor, que ninguém me venha escrever "ah, mas os homossexuais já podem casar" que para isso já não há paciência) é apenas mais um passo no caminho para a liberalização contratual. Pode ser que, daqui a muitos, muitos anos, com sorte, os Estados deixem de dizer como é que são as relações e seja função dos casais decidirem quanto aos direitos e aos deveres que estabelecem entre si. Até lá, continuaremos com discussões sobre simbolismos, certificações e coisas que tais.

Ainda o casamento homossexual

por Tiago Moreira Ramalho, em 04.03.09

Concordo com o Pedro Picoito quando diz que "no meio do surrealismo que previsivelmente vai dominando a questão do "casamento" gay, há textos que ainda nos surpreendem". É certo que há muita gente a colocar mal a questão, no entanto, temo não concordar também com ele.

Tal como o Pedro escreve, o casamento não consiste na legalização ou oficialização de uma relação. Não. Um casamento é, efectivamente, um contrato que estabelece direitos e deveres entre dois indivíduos. O que o Estado deve fazer, dado ser essa a sua função, é certificar-se que o contrato está a ser honrado. Qualquer "simbolismo" ou "certificação" que este contrato possa trazer é simplesmente secundário. Pessoalmente, acho extremamente simbólico um contrato de compra e venda. Manias. A questão que se levanta aqui é, portanto, qual o impedimento de duas pessoas do mesmo sexo celebrarem entre si um contrato de casamento.

Ora, um dos grandes argumentos é que ao permitir o acesso a pessoas do mesmo sexo ao casamento, o Estado vai meter-se na cama das pessoas. E os pobres homossexuais têm de ser salvos disso, que não podemos admitir imtromissões. Perdoem-me mas isto é tudo menos plausível. O que acontece neste momento é exactamente isso: ao vedar o acesso de um determinado tipo de pessoas a um determinado tipo de contrato, o Estado está a intrometer-se na liberdade contractual dos cidadãos. E isso sim, é inaceitável.

Mas não é só no casamento entre homossexuais que o Estado falha na sua actividade. A própria imposição de um tipo de contrato de casamento é, por si só, uma intromissão na vida das pessoas. A proibição da poligamia é outro absurdo, pois trata-se, tão só, de o Estado vedar os cidadãos a estabelecer entre si um tipo de contrato que eles possam eventualmente querer celebrar.

Permitir aos cidadãos homossexuais a celebração do contrato de casamento não é meter o Estado na cama deles, mas sim retirar o Estado da cama deles.

Não pude deixar de rir

por Tiago Moreira Ramalho, em 21.02.09

Num casamento civil de lésbicas, se uma delas aparecer grávida também se presume que a paternidade é do cônjuge?

 

Vasco Lobo Xavier


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