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- Em Lisboa a abstenção rondou os 55%. Em Cascais, o meu município, a abstenção "venceu" com 62%.. Um muito lamentável sinal dos tempos do qual urge tirarem-se ilações.
- O pândego do António Costa se se abstiver de disputar as aspirações de Seguro tem o tapete vermelho para a se bambolear dez anos como presidente da república. Ai apagada e vil tristeza, Pátria minha.
- De pouco serviu um mês de holofotes e generoso patrocínio mediático sobre João Semedo e Catarina Martins em Lisboa, a reclamarem uma "leitura nacional" para os resultados autárquicos. Pois aí está a "leitura nacional": o Bloco de Esquerda desapareceu do mapa, representa pouco mais de 2,5% do eleitorado.
- Uma "leitura nacional" por certo também não interessará nada a António José Seguro. Dois anos de severa austeridade e duma tremenda inabilidade na gestão dos candidaturas autárquicas de Lisboa Porto ou Sintra por parte do PSD, o Partido Socialista não se destaca eleitoralmente como alternativa ao governo de Passos Coelho.
Quem não gosta de eleições e enquanto não chega o Messias, pode sempre ir viver para a Coreia do Norte para o Zimbábue ou para Cuba.
Para dormir descansado, só me falta a confirmação que Basílio Horta não ganha Sintra. Tudo resto era expectável, o poder por estes dias de chumbo queima, é de corrosão rápida, e o PS não consegue tirar dividendos disso.
Claro que notícia é notícia e propaganda é propaganda. Nesse sentido espero bem que, se Costa levar com um tomate podre ou Meneses morder num cão, a CNE permita que as televisões transmitam uma reportagem.
O facto de as televisões terem decidido se isentar do acompanhamento das centenas de candidatos e campanhas autárquicas a decorrer pelo país, se prejudica a projecção do acto eleitoral em si, confere ao mesmo uma dimensão definitivamente local e de proximidade. Isso parece-me bom.
O Bloco de Esquerda gosta muito de fazer pronunciamentos políticos no admirável terraço de um hotel de cinco estrelas no Chiado. É de facto um sítio agradável, com vista panorâmica, onde é bom ir, onde turistas podem fazer uma pausa inesquecível e por aí fora. Certamente que a cedência desse espaço, que é também comercial, custa considerável dinheiro, que não sai de certeza dos bolsos daqueles soi disant moralizadores esquerdistas, pois vem da cornucópia de meios públicos postos à disposição dos partidos em campanha eleitorial. É que as mesmas palavras ditas no vetusto salão da Voz do Operário ou nas ruínas duma fábrica falida em Xabregas não teriam esse efeito suplementar do sentimento de apropriação de algo acessível a privilegiados. Mas têm a verdade máxima do que aqui realmente se trata: nada de verdadeira Política, mas apenas uma ideia: o Estado tudo dá (não interessa como), e vamos lá aproveitar isso!
Depois de ter empastelado o trânsito com experimentalismos na mais emblemática artéria de Lisboa, só um autarca que não possui concorrência eleitoral se permite a dois meses das eleições cortar a circulação da rua do Ouro tornando o trafego na baixa pouco menos que infernal. Bem sei que muitos dos que aí se vêm bloqueados não são munícipes alfacinhas: desertificado, o coração da capital tornou-se um mero cenário para festividades turísticas e filmes publicitários. Uma enorme tristeza.
* Título original do capítulo V de "Liberdade 232"
A campanha para as autárquicas que por aí nos cerca com outdoors nas rotundas do País, para além da proliferação de "independentes" revela uma enorme discrição na exibição dos símbolos partidários, que somam cada vez menos valor à candidatura.
O estrato mais baixo do artesanato político nativo encontra-se no dito "mundo autárquico". Tendo falhado a carreira para ministeriável, Amorim fez súbita colagem ao estilo chão dos afectos de rua e, como o famigerado Emplastro, apareceu nas pantalhas para pedir a demissão do ministro Gaspar.
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O antropólogo Emmanuel Todd elaborou umas teorias ...
Concordo totalmente.
Excelente post. Pouco se escreve sobre isto (porqu...
por egoísmo e narcisismo nota-se cada vez mais em ...
Excelente reflexão, subscrevo.