Corta-fitas

A História já nos provou por diversas vezes que os sentimentalismos e as histerias colectivas podem ser bem mais funestas para a humanidade que o carbono. A natureza, essa, adapta-se sempre.

A democracia, o mais frágil dos sistemas políticos, definitivamente sofre da atracção pelo abismo: na ânsia da disputa dos eleitorados, não satisfeitos com a armadilha da promessa da felicidade (o que é isso da felicidade?!) os políticos arrogam-se agora do poder de salvar o planeta. Todos sabemos como acabaram os salvadores da pátria, agora sujeitamo-nos aos salvadores do planeta? O melhor será rezarmos pelas nossas almas, que estamos feitos seja pela doença, seja pela cura.

A verdade é que te desejo como a nenhuma outra. Penso que é essa mistura de garridice e suavidade, tão irresistível, que me atrai em ti. E o cheiro, claro. Adoro o teu cheiro. Não há nada que mexa mais  com a minha base instintiva. É por isso que quando eu sei que estás perto começo a sentir-me impaciente. Conto os dias, à espera de te ver chegar. E se alguém menciona o facto, não disfarço a minha ansiedade, confessando a quem me quiser ouvir que todos os anos por esta época fico assim, presa à expectativa de te reencontrar.

Mais uma vez tinha planos para nós. Queria passear, gozar contigo fins-de-semana luminosos e amenos. Mas hoje percebi que mais uma vez não vinhas. Desde o dia 21 de Março que te esperava e nada. Só vento e chuva! Agora as temperaturas subiram para os 30 graus. SEM TRANSIÇÃO! Ah, como eu odeio isto! O ano passado foi a mesma coisa. Começo a convencer-me que não voltas mais. É isso? É isso, minha debilóide? Odeio-te! Para o ano, se me falarem em ti digo que não te conheço, ouviste? Já ficas a saber, se me perguntarem por ti, respondo: “Primavera? Não sei do que está a falar!”