Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
«E fez abortos? “Sim.” O quê, nove abortos? “Sim, foi horrível”, admite: “A Teresa Black, minha companheira de quarto, apoiou-me imenso. Não só cozinhava sempre como, quando eu fazia um aborto, me ajudava e despejava montes de sangue e porcarias.” (:::) “Tentando usar um tom calmo, pergunto se Vic alguma vez pensou em, sei lá, contracepção. O rosto dela iluminou-se, como acontece sempre que ouve pronunciar o nome dele. “Não queria estragar o seu prazer sexual”, explica-me, como se isso fosse uma questão óbvia. “Era mais importante para mim que ele estivesse feliz”.
Entrevista a Paula Rego, anteontem publicada na Sábado.
Via Rui A. no Blasfémias
Estou cansado que me chamem, mesmo em entrelinhas, bárbaro e retrógrado, numa indisfarçada campanha maniqueísta da nomenklatura dominante. É nesse sentido, com alguma impaciência que encontro no Expresso de hoje a notícia assinada por um tal Angel Luís de La Calle sobre o projecto da nova lei do aborto colocado em discussão pelo governo espanhol, que pleno de preconceitos, pré-juízos e moralismo se revela um autêntico artigo de opinião, onde numa selecção de recortes da imprensa internacional favorável à livre interrupção da gravidez, assevera por exemplo esta pérola de propaganda sectária “vai ser a única promessa cumprida do programa de governo com que Mariano Rajoy arrebatou o poder aos socialistas nas eleições de 2011”. Um bitaite que sem qualquer sustentação ou contraditório vale o que vale, isto é, nada.
Tenho a confessar que admiro a coragem da direita espanhola na assunção dos princípios que defende e com os quais se apresenta a eleições. Estou convencido que com alguns ajustamentos a nova lei poderá ser equilibrada e justa. É que eu, como milhões de portugueses e espanhóis tenho muitas dúvidas que os direitos de uma mulher se sobreponham à de um outro Ser, em formação é certo, mas já em si único e irrepetível. Como milhões de europeus, tenho profundas dúvidas de que o aborto como recurso anticoncepcional sancionado pela Lei constitua qualquer coisa minimamente parecida com “progresso civilizacional”.
Mas em tudo se vai lendo na imprensa nacional a respeito desta inédita iniciativa legislativa do PP espanhol, o que mais me espanta é a total ausência das vozes contra a corrente, que parecem ter adormecido algures em conformadas vigílias de terços e rosários. Isso é definitivamente pouco: temos muito que aprender com nuestros hermanos.
Passou despercebido cá no burgo, mas isto aconteceu há pouco mais de uma semana em Buenos Aires: uma manifestação de mulheres pró-aborto provocando e agredindo um grupo de católicos determinados a proteger a catedral de San Juan de ameaças de vandalismo.
Os investigadores das universidades de Filosofia de Milão e de Melbourne argumentam no artigo 'After-birth abortion: Why should the baby live?' ('Aborto pós-parto: Porque deve o bebé viver?') que um feto e um recém-nascido são dois seres «moralmente equivalentes», na medida em que ambos estão num estádio em que apenas têm o potencial para se tornarem pessoas. Justificam assim que «o aborto pós-parto deveria ser possível em todos os casos em que o aborto o é, e explicitam: «Inclusive quando não há malformações no feto».
Alberto Giubilini e Francesca Minerva, inevstigadores.
Muito resumidamente estas são as principais razões que me movem contra o aborto. A questão é metafisica, no sentido de filosófica: em gestação ou recém-nascido estamos sempre perante um ser único, irrepetível e… indefeso.
Hoje a Fernanda Câncio, num artigo de opinião a duas colunas na página 17 do DN, discorre e domestica afincadamente uma selecção de dados “oficiais” sobre o aborto em Portugal , para confrontar um documento da Federação Portuguesa Pela Vida cujo estudo omite, concluindo (em manchete) que “A Maioria Das Mulheres Que Abortam Não é Reincidente”. Um estrondo!
Eu já perdi a esperança ver representadas as minhas extravagantes Causas nos jornais de referência, todos eles cada vez mais um “Canal Benfica” do pensamento único.
A 28 de outubro de 2011, foi inaugurado na Eslováquia, o monumento ao menino não nascido, obra de um jovem escultor daquele país. O monumento expressa não só o pesar e arrependimento das mães que abortaram, mas também o perdão e o amor do menino por nascer para com a sua mãe.
A cerimónia de inauguração contou com a presença do ministro da Saúde do País. A ideia de construir um monumento aos bebés por nascer veio de grupo de mulheres jovens mães muito conscientes do valor de toda a vida humana e do mal que se inflige também à saúde da mulher.
Hospitais devem retirar objectos alusivos à infância.
A Inspecção-Geral das Actividades em Saúde (IGAS) recomenda aos hospitais públicos que retirem dos gabinetes onde atendem mulheres para interrupção voluntária da gravidez objectos que possam interferir com a escolha das utentes. Diário de notícias.
Do total de 4651 mulheres reincidentes, 340 fizeram dois abortos ao longo de 2010 e 1202 tinham feito outro em 2009. Luís Graça presidente da Sociedade Portuguesa de Ginecologia defende dever existir "uma taxa moderadora para ser paga pelas pessoas" (...) de forma a penalizar as que são negligentes. Estranhos tempos...
Uma das grandes falácias que marcaram o debate sobre o aborto à altura do referendo foi a de que se trata da decisão da mulher e que, por isso, o Estado nada tem de se intrometer. Este raciocínio, errado como irei demonstrar de seguida, levou a que se associassem ao 'Sim' dois grandes grupos: os feministas (porque se tratava de um direito da mulher) e os liberais (que repudiam a intromissão do Estado/Sociedade nas decisões individuais de cada um).
Mesmo passado todo este tempo, considero que é de extrema importância repor alguma verdade ao debate. Será uma decisão verdadeiramente pessoal, sem interferência com qualquer outro? Não.
Como muita gente durante o debate pregou que o feto não é uma vida humana e que, por isso, não há assassínio, não me vou cansar a 'picar' este dogma de fé de quem votou sim, vou 'dar a volta'. Suponhamos que não há realmente uma vida dentro do útero, que a vida é simplesmente potencial: virá no nascimento. Significa isto que um aborto não é um homicídio. No entanto, parece-me óbvio que é, pelo menos, uma privação de uma futura vida. Então a pergunta que se coloca é: qual é a diferença substancial entre matar e não permitir que se viva? Não há diferença.
Significa isto que a acção da mulher vai ter repercussões: não vai permitir uma vida que é certa à partida. Pode então dizer-se que esta é apenas uma decisão da mulher e que não afecta mais ninguém? Não.
No seguimento de um post meu, que foi apenas um desabafozinho, vieram algumas almas iluminadas quase chamar-me monstro. Como não me interessa linkar os seus blogues, pois isso levaria os excelentes leitores do Corta-fitas a ir por maus caminhos e eu cá não sou dessas coisas, não os linko, deixo apenas um link (chiça!) para alguns textos que escrevi sobre o assunto. Pode ser que algum espírito aberto passe a ver as coisas de uma forma um pouco diferente.
Porque é que ao ler isto sinto um profundo nojo, mesmo passados dois anos?
Comentário do Joaquim Carlos (Palavrossavrvs Rex):
«Tiago, é de ter nojo e um nojo Absoluto essa tradução em Lei de uma prática abjecta do princípio ao fim: a abjecção que é a supressão naturalíssima de uma vida em dada fase do seu desenvolvimento natural, a facilitação e quase encorajamento disto.
Não há emancipação verdadeira que suporte e se sustente numa ideia de Sangue Derramado como saída 'moderna' e 'decente', por razões de 'dignidade' ulterior do nascituro ou de 'economia' familiar.
É um capricho brutal e um retrocesso civilizacional tolerar, como no tempo dos Romanos que abandonavam recém-nascidos à sorte e à morte ou dos Povos que praticavam sacrifícios humanos, a redução do conceito de liberdade corpórea e de definição livre de um rumo individual a permissão de matar sob os auspícios do Estado, havendo tantas e tão belas saídas positivas, menos o pôr e dispor de um potencial de vida que ninguém pode calcular nem caluniar antecipadamente.
Estamos no âmago de um genocídio silencioso tão asqueroso como qualquer outro em qualquer época. É de ter nojo da mesquinhez, mero vão-de-escada-moral, a que nos trouxe tal lei»
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
O jornalismo anda a pisar maus caminhos. Cada vez ...
Peço desculpa por não comentar sobre o assunto des...
Os javalis parece que já meteram os papéis(finalme...
Vai ver que ainda vai perceber o que escrevi: a ló...
Sim, mas aí as árvores são parte da lógica! Uma pr...