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Basílio Horta colocou o dedo na ferida: «Não sabemos o que havemos de fazer mais» não é uso do plural majestático. Ele não sabe, os outros não sabem, por aqui ninguém sabe. Então onde é que estão aqueles que deveriam saber, os think tanks, os Bilderbergs da vida? Mas há pelo menos alguém que deve ter umas ideias sobre o que fazer, o mesmo alguém que foi conselheiro económico de Obama antes das eleições, o homem que disse «É preciso ser medroso quando todos são gananciosos e ganancioso quando todos são medrosos» e que agora vai dar 3 mil milhões à Swiss RE e investir outros 300 (peanuts) na Harley Davidson. Chama-se Warren Buffet e ainda vai sair a ganhar com isto tudo. Basílio Horta fazia bem em telefonar-lhe.

Ainda anteontem citei aqui o Paulo Ferreira. E só posso concordar com ele quando afirma que a economia precisa de cash e que o Governo deveria colocar dinheiro a circular pagando o que deve aos seus fornecedores.
Hoje, li este post intitulado«modelo alternativo de combate à crise» assinado pelo Paulo Marcelo. As propostas do PSD parecem-me bem intencionadas mas depois de conversa com algumas pessoas há uma questão que gostaria de ver explicada e que é esta: Como se propõe o PSD fazer com que o dinheiro pago pelo Governo às empresas introduza efectivamente liquidez no sistema?
Partamos do princípio que me parece correcto de que os principais credores do Estado são as grandes empresas. Estas, uma vez recebendo - e justamente - o que o Governo lhes deve, deverão ser compelidas a transformar esses recebimentos em pagamentos aos seus próprios fornecedores. Caso contrário, a proposta social-democrata é duplamente arriscada: Por um lado descapitaliza o Estado e, por outro, pode mesmo estimular a fuga de capitais. Isto é uma pescadinha de cauda nos lábios, ou quê? Deixe a sua opinião na caixa de comentários, se estiver para aí virado/a.
2009 vai ser um verdadeiro teste de sobrevivência para a imprensa escrita e esta notícia, previsível embora, só o vem confirmar. A maior ameaça será obviamente a continuação da queda dos preços publicitários nas televisões, agravada pelo surgimento da TVI 24 e do 5º Canal. A ela soma-se - entre outros factores - a crescente procura da internet como fonte de informação, a pressão da ERC sobre o formato dos anúncios e as restrições comunitárias impostas à publicidade dos produtos financeiros, do sector automóvel, de bebidas alcoólicas, etc.
É óbvio que a obrigatoriedade imposta ao Estado de anunciar na imprensa não fazia sentido, nem cabe ao contribuinte financiar empresas privadas sejam elas de comunicação social ou outras*. Mas a retirada da publicidade oficial não podia surgir em pior altura.
Em suma, atacados por restrições a Leste, pelas televisões em saldo a Oeste e por outras movimentações a Sul, os patrões dos jornais serão forçados a uma gestão muito, muito cuidada neste ano que aí vem, sob pena de perderem o Norte. E mesmo assim, cheira-me que daqui a 365 dias vários dos jornais que hoje existem já cá não estarão. Infelizmente.
*Tenho dúvidas quanto à RTP. Preferia que se mantivesse estatal mas formatada de acordo com o critério exclusivo de serviço público e sem publicidade. Mas esse é um tema que dava para outro(s) post(s).
Adenda: Já agora, é útil ler-se aqui as «10 tendências dos media para 2009» na opinião de Ricardo Costa.
Gabriel Silva afirmou nesta caixa de comentários que eu alinho com a propaganda do Governo. Hoje, o título de capa do Diário Económico, com base em declarações exclusivas de Manuela Ferreira Leite, é este: «Não há crédito para as empresas. Ponto final».
Na página ao lado, é notícia o inquérito lançado pela AIP às empresas «para apurar se o crédito está de facto a chegar». Perda de tempo. É óbvio que não. Mas o Gabriel Silva entende que sim. Deve estar a falar daquelas empresas graaaandes, muito grandes. Ou então sou eu e Manuela Ferreira Leite que acreditamos «nas mentiras do governo e no seu eco na comunicação social». Vai-se a ver é isso.
Esta posição do PSD é para mim muito difícil de entender. Andaram os sociais-democratas anos a defender as PMEs como prioridade e agora alcunham de «bomba atómica» o sinal amarelo transmitido à Banca pelo ministro das Finanças do grandioso partido popular da esquerda.
As garantias disponibilizadas tinham e continuam a ter como objectivo apoiar a reentrada de liquidez no sistema, permitindo às empresas a obtenção de crédito capaz de permitir-lhes manter a actividade em tempo de crise, diminuindo o impacto da mesma nos despedimentos e na restrição dos investimentos previstos.
Não se destinavam, por isso, ao equilíbrio dos balanços nem à sustentabilidade dos depósitos. Esta última é uma tarefa que cabe à gestão de cada instituição bancária. Desde o início o Governo foi claro e a ameaça de não continuar com as garantias tem no meu entender toda a razão de ser.
Teria sido bom, no entanto, que Teixeira dos Santos tivesse sido claro desde o início nas suas declarações. Escusava de ter sido forçado a esclarecer o óbvio: Não se trata de retirar os avais já entregues mas de avaliar a eficácia da medida em situações futuras.
Os bancos não podem abrir as mãos para receber e depois não as retirar do bolso quando toca a emprestar. Ou começam a abrir os cordões à bolsa ou a coisa vai dar mesmo para o torto. A fase do encosto à Banca está praticamente terminada. É altura de apoiar o tecido empresarial.
«Ponham-lhe um carrapito e uma malinha de mão e Bernard Madoff, ilustre membro do conselho de administração do Nasdaq, ali seria tal e qual a Dona Branca. E a primeira página do Wall Street Journal, obrigada a falar dele em manchete, mais não é do que a reedição do falecido "Tal eQual".»
Sobre Madoff, vale a pena ler isto e também isto, para perceber o impacto adicional na crise que o esquema do menino ainda vai provocar (e, já agora, que os bancos espanholitos afinal não estão assim tão sólidos quanto se gabavam).
«Esta já é a crise mais preocupante desde que vivemos em democracia» é o título escolhido pelo Jornal de Negócios para um artigo de antecipação sobre a entrevista a publicar amanhã com Teixeira dos Santos e hoje transmitida pela RTP2 (eu vou esperar pela versão escrita porque, logo à noite, não quero perder a festa da concorrência no Frágil). «O ministro das Finanças não poupa nos alertas», avisa o jornal. É bom saber que pelo menos nisso é um mãos largas.
Um outro alerta é dado na última edição da The Economist. As vendas de champagne entraram em declínio e - parte boa da notícia - o volume do stock é de tal ordem que se espera uma baixa de preços na quadra. «Na vitória merecêmo-lo, na derrota necessitamos dele», terá dito alguém que a revista não sabe se foi Churchill ou Napoleão. Tanto faz. Neste caso, vitórias não há. E Teixeira dos Santos bem merece uma magnum como a da imagem acima.
João Ferreira do Amaral, Manuel Branco, Sandro Mendonça, Carlos Pimenta e José Reis. Cinco professores de diferentes instituições universitárias assinam hoje um artigo de opinião no Público, titulado pela pergunta «A ciência económica vai nua?».
O ponto é de extrema pertinência: Que lições vai retirar a academia daquilo que aconteceu, acontece e ainda está para acontecer? Que transformações curriculares e no esquema de ensino das ciências económicas vão ser efectuadas, de forma a que a nova geração de economistas e gestores deixe de ser formatada por uma teoria que se provou incapaz de incluir os factos e os cenários à sua volta?
Contra os modelos lineares, os cinco autores defendem «que se tire da sombra» as obras neo/pós keynesianas. Quanto a mim, o que falta admitir é que a mão do mercado só é invisível para quem não a quer ou não a sabe ver. O futuro, no sentido do conhecimento, será «renascentista». Isto sempre andou tudo ligado, nós é que optámos por fragmentar a realidade à medida da nossa preguiça. Continuar a fazê-lo será um suicídio a prazo.
Os "grandes de Detroit" foram ao Congresso e voltaram de mãos a abanar. Cada um deles voou para Washington no seu jacto privado, sem perceber que não se pode ao mesmo tempo mendigar com uma mão e encher a boca de beluga com a outra. Conclusão: Voltaram "de carrinho". «I know it wasn’t planned but these guys flying in their big corporate jets doesn’t send a good message to people in Searchlight, Nev., or Las Vegas, or Reno, or anyplace in this country»,
Há uma semana, os conselheiros económicos de Obama argumentavam que a não aprovação do apoio de 50 mil milhões à indústria automóvel poderia levar inclusive a General Motors à falência já em finais de Janeiro. Uma pressão que não surtiu efeito no Congresso. Mesmo sem estar ainda em funções, o novo presidente averba já uma derrota política. Embora, muito provavelmente, apenas temporária.
O Partido Socialista precisa de um aumento de capital? A maioria mesmo que relativa à vista não lhe garante logo à partida financiamentos para a(s) campanha(s)? Ó meus senhores! Pensava que a crise era só para os outros.
Lisboa. 14.00H - Está decidido. São 20 mil milhões que o Estado disponibiliza como garantia para os investimentos «a todos os bancos sedeados em Portugal». A alternativa seria a incorporação de alguns dos bancos com menor liquidez pela CGD, ou mesmo o encerramento de uma ou outra instituição com clientes mais sensíveis ao pânico e propensos a acreditarem em rumores como os que inundaram o mercado esta sexta-feira.
Amanhã veremos como reage o nosso PSI 20 a isto, bem como às decisões saídas do G7 apoiadas pelo FMI e às conclusões do encontro de líderes europeus. Se as bolsas não começarem a dar sinais positivos, depois desta acumulação de vontades, então teremos mesmo o caldo entornado. Bom mesmo era que as eleições americanas fossem já hoje. Bush já não risca nada.
Isto foi escrito em 2002, mas a consideração de taxas de juro negativas (à semelhança do que fez o Japão) volta a fazer todo o sentido. A descida agora anunciada de meio ponto percentual não é suficiente como pontapé na crise. A inflação já deixou de ser o problema e não pode ser o travão para medidas radicais. Assim com meios pontinhos não vamos lá.
«O primeiro-ministro, José Sócrates, escolheu a situação económica internacional para tema do debate quinzenal, quarta-feira, na Assembleia da República» (o negrito é meu e reparem também como a palavra «situação» parece tornar a crise uma coisa muito mais passageira).
Durante mais tempo do que seria normal até para qualquer dependente de prozac, o primeiro-ministro apresentou-se desde o famoso discurso das Janeiras (o do «2008 vai ser um ano ainda melhor») possuido por um delirante optimismo.
Ainda há poucos dias, Sócrates mantinha uma fé tão inabalável quanto desligada da realidade circundante num crescimento de 1,2 a 1,5% do PIB. Agora, no entanto, já percebeu que é altura para uma ligação à terra. O FMI veio dizer o que disse, a crise financeira tornou-se uma crise económica e vai daí toca a sacar do discurso de estadista que se antevê para amanhã:
«Eu e os outros líderes europeus dedidimos que blá blá blá, as nossas estimativas foram adulteradas pela globalização dos mercados mas mesmo assim estamos mais seguros do que este país ou aquele, etc. E, já agora, vejam como duplicámos o Fundo de Garantia dos Depósitos só para ficarem todos mais confiantes e descansadinhos».
À oposição caberá desmantelar esta estrutura cuidadosamente montada para a percepção do «ou Sócrates ou o dilúvio». Estou muito curioso para ver é como.
(Mãos amigas dizem-me que a fotografia foi publicada no Expresso e o seu autor é o Tiago Miranda. Fica feita a menção com um obrigado aos que deram a dica e acima de tudo ao autor. Tiago: Ainda não recebemos o dinheiro da publicidade do Sapo por isso, por favor, não reclames os devidos direitos )
É sempre bom lembrar que o limite do Fundo de Garantia de Depósitos (a prazo ou à ordem) é de 25.000€ por conta. Ou seja, independentemente do número de titulares.
Agora a uma série de pessoas deu-lhes para descobrir a «ganância». A palavra soa-lhes. Possui um lado material mas também uma conotação espiritualmente maligna que vem mesmo a calhar nos dias que correm. João Salgueiro, o presidente da Associação Portuguesa de Bancos, pelos vistos está com essa gente.
Como nós, tugas, fomos gananciosos e quisemos popós e casinhas a que chamar nossas não o sendo, agora pagamos as facturas. No fundo, Salgueiro veio dizer ontem o mesmo que há dias César das Neves: As pessoas que só podem andar de carroça querem andar de avião e depois vruuuuuummmmm, crash! Se não se contentam com pouco, arriscam-se a vir a ter ainda menos.
Logo a pergunta é: Como é que a malta faz para não ser gananciosa e poder viver feliz de atum com batatas na barraquita, com umas férias à Costa da Caparica uma vez por ano e uma tacinha de espumante no Natal (se não for pedir muito)? E a resposta pode ser recusando-se a ser permeável à publicidade e ao estilo de vida do vizinho, encerrando a televisão na despensa. É uma ideia. Mas depois, os senhores que chamam ganaciosos aos cidadãos são capazes de descobrir que quem se trama são eles. A aurea mediocritas não faz circular o capital.
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