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Sugestão liberal à CIP

por henrique pereira dos santos, em 29.09.23

A Confederação da Indústria Portuguesa resolveu propor a possibilidade (é voluntária) de pagar um bónus anual semelhante a 15º mês, livre de impostos.

É uma proposta que beneficia os trabalhadores, visto que lhes dá um bónus que não existia, mas há um conjunto de pessoas, defensoras dos trabalhadores, que rejeitam liminarmente esta ideia porque o Estado fica prejudicado.

Eu não entendo qual é o prejuízo do Estado (não recebia impostos de um pagamento que não existia, e continua a não os receber), mas o argumento que tem estado a ser usado é o do prejuízo futuro dos trabalhadores: sem impostos e descontos, esse dinheiro prejudica os trabalhadores na reforma e nos serviços públicos.

Essencialmente estas pessoas estão a defender a comissão que o Estado cobra sobre o nosso trabalho, considerando que a livre troca entre privados é prejudicial aos trabalhadores, se o Estado não cobrar a sua comissão.

De maneira geral, não têm lata para dizer isto assim e disfarçam a crítica com retórica ligada à defesa dos interesses dos trabalhadores "convém ter presente que um trabalhador ter mais dinheiro no bolso, por pagar menos impostos, para depois o gastar a adquirir no mercado a que teria acesso como serviços públicos, não lhe traz benefícios como parece", diz Paulo Pedroso (escolhi este, mas esta linha de argumentação tem sido usada por muita gente).

Tenho uma sugestão simples para resolver este problema: os trabalhadores sabem perfeitamente o que é melhor para eles, portanto a empresa disponibiliza o bónus definido, e o trabalhador escolhe receber líquido, prejudicando a sua reforma, ou com os descontos todos, para não ser prejudicado no futuro.

Esta proposta tem uma vantagem: dá aos trabalhadores o poder de decidir o que os beneficia ou prejudica.

Tem uma desvantagem: o Estado ficaria, com toda a probabilidade, prejudicado.

É fácil de explicar: os trabalhadores que não pagam impostos, ou quase não pagam impostos, tenderiam a pedir o bónus com os descontos todos, os que pagam mais impostos tenderiam a querer receber sem descontos, mesmo prejudicados no futuro.

E isso resolve o argumento de que a proposta da CIP não é progressiva, como deveria, na lógica do IRS (que não existe para os descontos para a Segurança Social), visto que os que ganham menos garantiam os seus direitos futuros, com um custo presente marginal, e os que ganham mais seriam fortemente prejudicados no futuro, porque não quereriam pagar o custo presente, por ser muito alto.

"A libertação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores", poderia dizer a CIP, com justiça e, por uma vez, o Estado demonstrava que não é um instrumento de domínio nas mãos das classes dominantes, deixando os trabalhadores fazer as suas escolhas ao suportar os custos dessas escolhas em vez de cobrar uma comissão sobre o valor do trabalho.


21 comentários

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De Antonio Maria Lamas a 29.09.2023 às 15:58

Para já a proposta teve uma grande virtude, fazer vir ao de cima a diferença entre a esquerda burra, e ignorante e quem tem pelo menos dois dedos de  testa. 
Carmo Afonso, Paulo Pedroso, Daniel, Oliveira, Rui Tavares, e todo o maralhal da esquerda folclórica irresponsável vê um crime por parte do capitalismo selvagem vs o desgraçado do trabalhador. Para eles só o Estado pode ser bom com os trabalhadores. 
Esta gente vive no Séc XIX e ainda não deu por isso 


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De Luis a 29.09.2023 às 17:50

O pior é que para além deles viverem, fazem com que o país, isto é, eu, você e todos os outros, vivam num Estado governado ao estilo socialista desses tempos. Depois admiram-se da cauda da Europa estar já a ficar à vista.
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De lucklucky a 30.09.2023 às 00:05

Há duas coisas espantosas: 
Que a esquerda só aceite ser de esquerda se obrigar a direita a ser de esquerda. 
A direita não denunciar tal coisa.
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De balio a 29.09.2023 às 17:58


a diferença entre a esquerda burra, e ignorante e quem tem pelo menos dois dedos de  testa. Carmo Afonso, Paulo Pedroso, Daniel, Oliveira, Rui Tavares


Eu de Carmo Afonso não sei nada, mas a Paulo Pedroso, Daniel Oliveira e Rui Tavares tenho-os na conta de pessoas razoavelmente inteligentes, que de forma nenhuma merecem o epíteto "burras".
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De Anónimo a 30.09.2023 às 10:58

https://observador.pt/programas/sob-escuta/
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De urinator a 29.09.2023 às 16:34

no socialismo o estado é tudo, as pessoas são sua propriedade
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De balio a 29.09.2023 às 16:35


Ao longo das décadas o patronato tem procurado diversas formas de pagar aos trabalhadores sem ter que pagar o correspondente imposto (IRS) ao Estado e as correspondentes contribuições à Segurança Social.
Por exemplo, houve os automóveis de serviços, os cartões de crédito da empresa, e as senhas de refeição que podiam ser trocadas nos supermercados como se de dinheiro se tratasse. Agora alguns restaurantes até arranjaram um esquema de "gorjetas obrigatórias" - que mais não é do que uma forma encapotada de pagar aos trabalhadores que servem à mesa sem que se tenha que pagar IRS.
Em face de todos estes subterfúgios, a proposta da CIP tem as vantagens de
(1) Ser honesta, direta e não envolver subterfúgios nem ocultações,
(2) Pagar aos trabalhadores em dinheiro que cada um poderá usar como quiser, em vez de lhes pagar em bens (como o automóvel de serviço) que para alguns serão muito úteis mas para outros não terão utilidade nenhuma.
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De Figueiredo a 29.09.2023 às 17:23

Um não assunto, temos uma grave situação de desemprego em Portugal provocada intencionalmente pelas más políticas praticadas nos Governos do ex-Primeiro-Ministro, Pedro Coelho, e do Sr.º Primeiro-Ministro, António Costa, e até agora nem a Presidência, nem os Governos, nem os partidos que se encontram na Assembleia da República (AR) foram capazes de dizer como é que vão dar trabalho aos Portugueses que querem trabalhar.


Uma coisa é certa o liberalismo é sinónimo de impostos e mais impostos, desemprego, miséria, fim do direito à habitação e da propriedade privada, escravidão, burocracia, instabilidade geral.


Se nada for feito para pôr um fim a isto, Portugal e os Portugueses serão completamente destruídos.
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De henrique pereira dos santos a 29.09.2023 às 17:31

Quando numa situação que quase pleno emprego começa por dizer que há uma grave situação de desemprego em Portugal, percebe-se que o resto também não é para levar a sério
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De balio a 29.09.2023 às 18:03


Exatamente. Em Portugal o que não falta é empregos disponíveis. Se esses empregos não são ocupados, será porventura ou porque os desempregados não querem trabalhar, ou porque os desempregados não têm qualificações adequadas para os empregos disponíveis, ou porque os desempregados moram em locais diferentes daqueles onde os empregos estão disponíveis.
Agora, dizer que o problema em Portugal é o desemprego, só pode ser a brincar!
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De Figueiredo a 30.09.2023 às 11:09

O seu comentário revela desconhecimento da realidade do País de 2012 até à presente data, e isso acontece por falta de experiência de vida e de experiência profissional, ou então é mal-intencionado.


Lamentavelmente não se fez ainda em Portugal a apuração exacta do verdadeiro número de desempregados que é muito elevado, lembre-se que existem cerca de 6 Milhões de pessoas que recebem dinheiro do Estado (Funcionários Públicos, negócios/empresas privadas, reformas e pensões, subsídios, etc.), isto sem incluir os Estrangeiros.


A situação é muito grave para o País e para os Portugueses.


Para aqueles que nasceram até à Década de 80 do Século XX começava-se a trabalhar entre os 16 e os 18 anos, os homens ainda tinham que cumprir o Serviço Militar caso contrário teriam muita dificuldade em arranjar trabalho, e aos 23 anos, grande parte dos Portugueses já vivia sozinho ou constituía família, bem ou mal cada um lá ia arranjando o seu trabalho.


Era esta a realidade de Portugal até 2012, quando foi subvertida pelo XIXº Governo liderado pelo ex-Primeiro-Ministro, Pedro Coelho, e as suas más políticas intencionais que têm continuidade nos Governos do Sr.º Primeiro-Ministro, António Costa.
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De O apartidário a 30.09.2023 às 13:50

Tendo a concordar com a sua tese,no entanto acrescento que todos os governos (uns mais que outros) pós 1976 contribuiram para a actual situação e para o que ainda está para vir.
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De Anonimo a 30.09.2023 às 13:08

Pleno emprego? Isso...


Se desempregado é estar no IEFP, sim, há poucos. 
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De lucklucky a 30.09.2023 às 00:11

Liberalismo com +50% de impostos e o Estado pelo seu Socialismo a atacar o direito de propriedade e de opinião... Descobri hoje que o 25 de Abril foi um golpe neo-liberal. Quiçá a Festa do Avante também o é.
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De Figueiredo a 30.09.2023 às 10:56

O liberalismo significa impostos e mais impostos, os liberais vivem à custa do dinheiro dos outros que financia o Orçamento do Estado (OE), é parasitismo, o Estado é liberal/maçónico daí o seu ataque à propriedade privada e principalmente às liberdades de expressão e opinião.


O golpe de Estado de 25 de Abril de 1974 foi realizado pela OTAN e impôs a Portugal um regime liberal/maçónico ilegítimo e a Constituição de 1976 que não foi votada pelos Portugueses, ao contrário do Estado Novo e da Constituição de 1933 devidamente legitimado e sufragada.


A Festa do Avante é uma evento cultural - muito medíocre ultimamente - no entanto a pergunta que deve fazer é esta: quem controla desde 1946 os partidos/movimentos políticos de centro-esquerda, esquerda, e extrema-esquerda?
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De Francisco Almeida a 30.09.2023 às 13:05

Não tenho lido muito sobre saúde mental. É assunto que não me interessa.
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De O apartidário a 30.09.2023 às 13:54

Podem falar (ou mesmo encher a boca) contra o capital mas dependem dele como todos os movimentos e partidos políticos. 
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De Luis a 29.09.2023 às 17:43

Realmente ouvir o que se tem ouvido de vários quadrantes onde, habitulmente se rasgam as vestes, na suposta defesa dos trabalhadores (inclui até sindicatos vejam só o cúmulo!), é duma falta de vergonha na cara sem precedentes. Infelizmente muitos continuarão a ser meros instrumentos nas mãos destes falsos defensores dos trabalhadores, apesar da máscara lhes cair por várias vezes. É pena.
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De lucklucky a 30.09.2023 às 00:08

Nada impede a esquerda de formar uma comuna, associação, empresas sobre as condições morais da esquerda. Aí seria de livre vontade ou seja sem violência.
Mas não,  a esquerda só é de esquerda com violência - da lei e outra - para impor a quem não é de esquerda, contra a consciência dessas pessoas a sua vontade pela violência do estado.
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De Anonimo a 30.09.2023 às 13:20

Pois, um bónus sem impostos... e quem receberia esse bónus,  e em que condições? Como diz o outro, o que queres sei eu.
O real problema é que a classe média  (ou merdia, porque assim vivem) paga impostos de rico. Quem ganhar 2k brutos, uma fortuna, leva 1.3 para casa, ou seja, larga 1/3 para impostos e contribuições. Nem indo ao custo para o empregador, que é bem superior. Depois inventam-se 1001 esquemas, comos cartões de refeição, senhas de creche ou carros da empresa. Porque se o tuga desgraçado vivesse exclusivamente do salário, estava feito. 
Ainda por cima, se és "pobre", há sempre umas benesses para ajudar, já os "ricos", carregam nos impostos e ainda têm de pagar taxas, taxinhas e quejandos.
Ponham salarios mínimos a pagar irs, nem que seja uma taxa ínfima, baixem aos salários médios(ou então coloquem alguns serviços, como transportes públicos,  gratuitos), e mantenham taxas altas em salários realmente altos.
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De Filipe Costa a 30.09.2023 às 15:06

Se eu já pago IRS e SS em 14 meses por ano, qual o problema de receber um 15º mês (que nem existe) sem descontos? A lógica é uma batata para alguns.


Eu sei qual é o problema, a inveja, os esquerdas não admitem que uma pessoa com ordenado de 10 mil euros receba tudo liquido, doi-lhes nos cotovelos.


Outro problema é o Estado, se aceder à ideia, os sindicatos fazem logo greve a exigir o 15º mês e alguém teria que o pagar.


Isto é mesmo ingovernável.

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