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SOS Racismo, os outros e nós

por henrique pereira dos santos, em 23.01.19

Quando Mamadou Ba se insurgiu com um jornal por dizer que era Presidente do SOS Racismo, quando o SOS Racismo não tem presidente, fiquei com a pulga atrás da orelha.

Quando alguém disse que a linguagem excessiva de um dirigente do SOS Racismo era lá com os membros do SOS Racismo, acabei mesmo por ir dar um salto ao seu site.

Orgãos sociais? Zero informação. Estatutos? Zero informação. Relatórios e contas? Zero informação.

Posso ter visto mal, darei a mão à palmatória se tal me for demonstrado.

O máximo que consegui ver foi este separador, sobre nós, que não diz nada de essencial mas diz o que eu já calculava: uma associação de interesse público, que se está nas tintas para a informação do público.

O que me interessa não é bem o SOS Racismo porque isto que acabei de descrever passa-se em muitas associações, muitas delas com reconhecimento de utilidade pública e com financiamentos, eventualmente justos e razoáveis, vindos dos contribuintes.

O que me interessa é a forma como nós, sociedade, escrutinamos estas associações que estão do lado do bem, por definição (assunto sobre o qual, aliás, já tenho escrito várias vezes), sem que ninguém pergunte quem são os membros da associação, quando foi o último processo eleitoral, que democraticidade existe nos estatutos, etc..

Ainda no princípio do mês estive na Assembleia da República e um dos deputados disse que no dia anterior tinham recebido uma associação (a Acréscimo) a propósito de umas questões florestais, só que esta associação, que tem dignidade suficiente para ser ouvida pela Assembleia da República sobre políticas públicas, não tem eleições, não tem sócios que se conheçam e tem uma escritura de constituição feita por três sócios: o seu eterno presidente, a sua então mulher e a sua empresa.

Em dezenas e centenas de associações (grande parte das associações de bombeiros, tanto quanto sei) não existe o princípio de um homem/ um voto, e não é porque as mulheres também tenham direito de voto, é mesmo porque alguns sócios são mais iguais que outros e têm vários votos (por exemplo, a associação ambientalista Zero tem pouco mais de cem fundadores, se não me engano, que representam por volta de novecentos votos), permitindo a formação de sindicatos de voto por antiguidade que bloqueiam qualquer alternativa fora do núcleo central que forma a associação, mesmo quando recebem regularmente milhares de euros do contribuinte, como acontece com os bombeiros.

Que as pessoas se associem da forma que quiserem, nada contra, evidentemente, que escolham estatutos não democráticos ou mitigadamente democráticos, é lá com eles, mas quando mete reconhecimento de utilidade pública ou financiamento público, parece-me evidente que pelo menos a transparência deveria ser radicalmente assegurada pelo Estado.

Mas não, nem os directamente interessados querem saber da confiança dos sócios (para quê, se o financiamento vem de outro lado), nem o Estado quer saber da transparência, nem a imprensa quer saber quem representa o quê e o resultado é este, é o combate ao racismo ser confundido com o SOS Racismo, uma organização que ninguém sabe como funciona, que representatividade tem e quem a paga.

Faz falta Fernanda Câncio exigindo ao SOS Racismo o mesmo que exigiu à Iniciativa Liberal: quem vos paga os cartazes?

Tenho a certeza que foi apenas falta de tempo, com as provas dadas de interesse em saber de onde vem o dinheiro dos outros, Fernanda Câncio nunca deixará de perguntar de onde vem e como é gasto do dinheiro do SOS Racismo, mas também de todas as outras associações reconhecidas como de interesse público ou com financiamento público.


18 comentários

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De Anónimo a 23.01.2019 às 23:11

Creio que a "Open Society" é um dos principais financiadores dA quadrilha.


JSP
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De Anónimo a 23.01.2019 às 23:13

A "Open Society" é um dos principais financiadores desse polvo.




JSP
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De Anónimo a 24.01.2019 às 09:20

o racismo 'mama' 191 mil € numa CM
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De Luís Lavoura a 24.01.2019 às 09:30

Eu diria que o Estado, ao financiar uma associação, tem interesse em garantir que essa associação não se desvia dos fins a que se destina, não altera a qualquer momento a sua política. Nestas condições, uns estatutos que garantam a estabilidade da associação são benéficos, e não deletérios, para o Estado, ao contrário daquilo que este post sugere.
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De Henrique Pereira Dos Santos a 24.01.2019 às 09:40

E então se nem tiverem eleições e o presidente for vitalício, ainda mais estabilidade se consegue.
Isto da transparência e da democracia são umas chatices muito prejudiciais ao Estado (embora o post se preocupe é com os contribuintes, está-se nas tintas para o Estado).
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De Luís Lavoura a 24.01.2019 às 10:00

se nem tiverem eleições e o presidente for vitalício, ainda mais estabilidade se consegue

Sim.

O Estado é democrático. Isso não implica que deva andar a obrigar os outros (neste caso, as associações) a serem-no.

O Estado não deve interferir na vida interna das associações. Se são ou não são democráticas, é problema delas e dos seus associados.

O Estado só deve garantir, quando fornece financiamento a associações, que esse financiamento é gasto nos fins a que se destina, e não noutros fins a que a associação tenha entretanto decidido dedicar-se.
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De Henrique Pereira Dos Santos a 24.01.2019 às 10:33

Luis, o Estado não tem dinheiro, quem tem são os contribuintes.
Se os contribuintes põem recursos numa associação (ou seja no que for), parece-me evidente que a contrapartida mínima é garantir que os donos do dinheiro podem escrutinar o seu uso.

Isso não tem nenhuma relação com interferir nas associações, mas sim com a probidade no uso de dinheiro dos contribuintes.
O BES não aceitou as ajudas de Estado que apoiaram os outros bancos porque não queria ninguém a olhar para as suas contas, como forçosamente aconteceria com a adesão às ajudas de Estado.
Uma decisão absolutamente legítima por parte do BES.
Ilegítimo seria se o BES quisesse as ajudas mas argumentasse que era um banco privado e portanto ninguém tinha nada que saber onde eram usadas essas ajudas.
Parece-me simples.
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De Luís Lavoura a 24.01.2019 às 10:48

Claro que o dinheiro é em última análise dos contribuintes, não ponho isso em causa.
E sim, claro que os contribuintes têm o direito de escrutinar o uso do dinheiro, também não ponho isso em causa.
O que eu digo é que esse escrutínio fica facilitado se os contribuintes puderem ter confiança na associação. E essa confiança constrói-se se a associação tiver sempre os mesmos dirigentes (ou dirigentes estreitamente relacionados esntre si). Se a associação estiver sempre a mudar aleatoriamente de dirigentes, dificilmente os contribuintes podem confiar que os novos dirigentes não vão começar a dar maus usos ao dinheiro que era bem gasto pelos antigos dirigentes.
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De António a 25.01.2019 às 14:33

Não vejo relação entre a alternância de dirigentes e a confiança. Vejo muito bem, por outro lado, o totalitarismo inato do Sr. Lavoura.
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De Anónimo a 26.01.2019 às 18:30

O Estado não deve interferir na vida interna das associações. 



Isso inclui dar dinheiro e benefícios, certo?
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De Anónimo a 26.01.2019 às 16:13

Este sr luis esquece-se por aonde andou quando era menos velho...
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De Ricardo Miguel Sebastião a 24.01.2019 às 10:07

Já viram o as adjudicações ao Sr. Mamadou Ba no Portal Base.gov???
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De José Lopes da Silva a 24.01.2019 às 10:46

É da Open Society que vem o financiamento ao SOS Racismo?


Nesse caso, fico mais descansado, principalmente porque a Open Society é uma organização indispensável à promoção dos valores democráticos.


Ficaria um pouco mais preocupado se fosse o Estado.
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De Anónimo a 24.01.2019 às 18:25

A "Open Society" pertence a George Soros...está tudo dito !


A destruição da sociedade europeia é o seu objectivo, criar a mestiçagem na Europa.


A. Vieira
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De Miguel Santos a 25.01.2019 às 00:48


Mamadou Ba, mama do BE, e mama dos contribuintes:
https://www.cmjornal.pt/portugal/detalhe/assessor-do-bloco-de-esquerda-celebra-contratos-de-191-mil-euros
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De Anónimo a 25.01.2019 às 11:04

- Mas o Estado tem entidades responsáveis pelo SOS RACISMO??!!
E quem são??
E são financiadas com o dinheiro dos contribuintes??!! 
Que raio é isto? Triste...
Como é?
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De Henrique Pereira Dos Santos a 25.01.2019 às 18:36

Não percebi a pergunta.
O SOS Racismo tem benefícios fiscais por ser uma associação de utilidade pública.
Quanto ao resto não sei porque as contas não estão disponíveis (mas parece-me tem uma série de projectos financiados por dinheiros públicos, se bem percebi, só que gostaria de confirmar porque não me parece razoável que uma associação de utilidade pública seja pouco transparente).
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De Ricardo Miguel Sebastião a 25.01.2019 às 12:15

Por falar em Soros, ele em 2009 tinha uma fortuna de 18 biliões, agora tem 8 ou 9, já sabemos o que andou a fazer ao dinheiro

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