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Soluções perfeitas para problemas desconhecidos

por henrique pereira dos santos, em 25.06.20

Ninguém sabe as razões pelas quais algumas regiões e locais foram fortemente atingidas pela epidemia e outras regiões não, havendo os que dão ênfase aos factores sociais (densidade populacional, comportamentos, grandes ajuntamentos, etc.) e os que dão ênfase aos factores que influeciam a actividade viral (factores ambientais, nomeadamente, poluição, raios ultra-violetas, características do vírus, etc.) sendo provável que todos tenham uma parte da razão, só que não sabemos qual é a parte em que cada um tem razão.

Pelas mesmas razões, ninguém sabe de onde aparecem os surtos locais (aqui, na Alemanha ou na Califórnea) e os factores que os influenciam, havendo os que acham que tudo resulta de comportamentos irresponsáveis (brandindo a sua condenação moral pela irresponsabilidade dos que fizeram uma festa em Odiáxere) e os que acham que o vírus anda por aí e, por razões que não sabemos, tem picos que tanto podem ser atribuídos a festas (estes, de maneira geral, lembram que as festas se fazem a partir de círculos sociais próximos e portanto é difícil saber se a festa é a origem do surto naquela bolha social ou se é a circulação do vírus nessa bolha social que põe os holofotes nessa festa) como serem completamente inexplicáveis, como os surtos recentes em lares (por exemplo, o surto em Reguengos não é explicável por qualquer das muitas razões apontadas para o que se passa em Lisboa).

O que sabemos, de forma absolutamente segura, é que os contágios resultam, por esta ordem, de coabitação, de contexto laboral e de contexto social.

Infelizmente a comissária política que tutela esta área não tem explicado as percentagens que cabem a cada uma das situações, mas suspeito que a esmagadora maioria dos casos estão associados à cohabitação.

Pois bem, não sabendo nós de forma clara as razões para o que se está a passar - ou seja, havendo elevada incerteza na caracterização do problema - sabemos de certeza que a principal origem de novos casos está na coabitação (que não se resume a famílias nucleares, inclui lares, albergues, dormitórios de trabalhadores deslocados, etc.).

A resposta em que, de acordo com o Público, o governo está a pensar?

Voltar ao dever de recolhimento domiciliário.

Devo dizer que quando a DGS manda instruções para a noite de São João na manhã do dia 24de Junho, ou quando a senhora directora geral explica as excepções de distanciamento na aviação com o facto das pessoas viajarem a olhar para a frente, isso não me preocupa excessivamente e tem a virtude de me fazer rir.

Já quando, ao fim destes dias todos de exposição diária, nunca houve a assunção de responsabilidades do que quer que tenha corrido mal - fiquei especialmente incomodado, quando surgiram os primeiros problemas em lares, ao ouvir a senhora directora geral fugir de quaisquer responsabilidades referindo o facto das entidades gestoras dos lares não cumprirem os planos de contingência -, aí sim, fico preocupado: somos governados por responsáveis que ignoram que quando se perde uma guerra, a responsabilidade nunca é dos soldados, é sempre dos generais.

E generais que responsabilizam os soldados pelas derrotas são generais extraordinariamente perigosos, não para os seus inimigos, mas para os homens que os seguem, porque não só não aprendem com as derrotas, como tendem a procurar as soluções que garantam que salvam a sua pele e estatuto em vez de procurarem soluções que salvem o máximo possível dos seus homens, mantendo os objectivos que justificam a guerra.


11 comentários

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De Anónimo a 25.06.2020 às 09:57

Califórnea? Califórnea..... CALIFÓRNEA? 



Homem, se o Eremita vê isto... 
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De pitosga a 26.06.2020 às 19:01

Longe vá o agoiro...
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De Luís Lavoura a 25.06.2020 às 10:17

Tem interesse observar que agora nos Estados Unidos se está a passar o mesmo (fora a escala geográfica, claro) que em Portugal, com o vírus a aparecer em força em locais que em abril tinham sido poupados. Enquanto que em Portugal o Porto foi o foco das infeções em abril, e agora em junho é em Lisboa, nos Estados Unidos o vírus tinham am grande medida poupado o Sul em abril, e agora é lá que está a fazer devastação. É errado dizer que Portugal ou os Estados Unidos estejam a enfrentar uma "segunda vaga" do vírus, o que se passa é que o vírus atinge com força diferentes regiões de Portugal e dos Estados Unidos em épocas diferentes.
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De Antonio Maria Lamas a 25.06.2020 às 11:24

Já estou farto da "Couve".
Não há telejornal que não abra as notícias sem ser com um pateta numa "horta" qualquer à procura de "hortelão"
A última descoberta foi na horta do parque de campismo da Galé.
20 jovens entre os 15 e os 20 anos fizeram uma "festa" nos feriados da semana passada.
Primeiro - não foi festa nenhuma. eles tiveram lá todos em festa o tempo todo.
Segundo - se eles estão todos assintomáticos, como é que descobriram? Foi algum deles ao hospital por overdose ou coma alcoólico para ser testado?
Pelo que tenho lido já deve estar a acontecer o que os verdadeiros especialista ( como o Pedro Simas) afirmaram. Que a couve se torna endémica e vamos ter que viver com ela. Uns mais que outros e como o mapa do meu post abaixo indica a taxa de letalidade é baixa e nalguns distritos é nula.
Pelo que tenho lido já deve estar a acontecer o que os verdadeiros especialista ( como o Pedro Simas) afirmaram. Que a couve se torna endémica e vamos ter que viver com ela. Uns mais que outros e como o mapa do meu post abaixo indica a taxa de letalidade é baixa e nalguns distritos é nula.
As medidas agora tomadas na região de LVT não vão servir de muito.
Continuem a alertar para as medidas de higiene, que não tem sido feito ultimamente. Deixaram de enfatizar a lavagem das mãos e o contacto com olhos, boca e nariz, para insistir na máscara, mesmo quando ela até pode ser prejudicial.
Vão nos transportes apinhados de máscara posta e agarrados a um varão onde já passaram centenas de mãos, e depois ao tirar a máscara toca na boca, no nariz ou nos olhos, só por milagre não são infectados.
Calem-se pois nas TV'S e habituem-se a viver com o gajo e tenham os hospitais preparados para os que vão precisar. Insistam na higiene e deixam o resto.
Só mais um desabafo. Nos 3 dias de calor em Maio, morreram 510 pessoas.
Houve alguma conferência de imprensa?
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De Luís Lavoura a 25.06.2020 às 14:34

Vão nos transportes apinhados

Você sabe do que está a falar, ou fala só de estereótipos?

Eu creio que os transportes coletivos atualmente estão muito longe de estar apinhados.
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De voza0db a 27.06.2020 às 15:16

"os verdadeiros especialista[s] ( como o Pedro Simas)
PEDRO SIMAS é apenas e só UM PALHAÇO...
https://voza0db.livejournal.com/5154.html
ver o vídeo do palhaço em acção!

É tão corrupto, intelectualmente e profissionalmente falando, que até já teve de ir ao programa da idiota Cristina (na SIC) como castigo! Caso contrário a boa via e o financiamento do seu passatempo acabava...

E é GRAÇAS A FALSOS ESPECIALISTAS como este e muitos outros que estamos a assistir a este divertido CIRCO
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De marina a 25.06.2020 às 13:02

o que ficou bem claro é que não conseguem elaborar planos e estipular medidas que protejam quem realmente necessita de ser protegido : institucionalizados em lares e doentes  internados nos hospitais ou que vão a consultas.
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De Anónimo a 25.06.2020 às 17:16


Cara Marina,


Os locais que referiu, são os pontos essenciais. Mais fáceis de controlar, mas exigindo mais verbas ao estado, além de assacar responsabilidades ao cidadão (embora a responsabilidade individual exista e seja importante, mas é restrita). O mais importante é proteger os mais frágeis e essa protecção tem de ser exemplar nessas instituições. O cidadão comum pouco ou nada pode fazer pela segurança nos hospitais, centros de saúde, unidades de cuidados continuados, lares, prisões. A taxa de infecção continuará a aumentar, mas convém ter presente que taxa de infecção não é o mesmo que taxa de morbilidade/mortalidade.


Caro Henrique: obrigada pela sua resiliência. Tem sido bom ler os seus textos sóbrios e com diferentes pontos de vista da "verdade" dominante e, alguns deles, da minha análise.


Adelaide
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De pitosga a 26.06.2020 às 19:09


Cada boutade [calinada, em Português] da comissária política é de antologia. Ide ver "As melhores frases durante/sobre a crise pandémica", em:
https://oinsurgente.org/2020/06/23/as-melhores-frases-durante-sobre-a-crise-pandemica/
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De voza0db a 27.06.2020 às 13:32

Continuo sem entender do que raio vocês estão para aqui a delirar!
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De voza0db a 27.06.2020 às 13:33


Pelo menos dá para RIR!


https://ic.pics.livejournal.com/voza0db/86588161/13923/13923_original.jpg (https://ic.pics.livejournal.com/voza0db/86588161/13923/13923_original.jpg)

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