Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]




Paulo Guilherme diz que vendeu unidades do Montepio com "prejuízo"

O Banco Montepio é hoje uma equação impossível. Como limpar o balanço, crescer o negócio sem capital? 

Se a flexibilidade do BCE para o capital regulatório, no fim da crise, acabar, como é que o Banco Montepio vai reconstruir as almofadas de capital regulatório? É um quadratura do círculo.

A Associação Mutualista tem 600 mil associados que têm aplicações em produtos de poupança, cujo o ativo que os alimenta é o banco. Logo o Banco Montepio não pode ser vendido. A maioria do capital do banco tem sempre de ser da Mutualista.

Mas se for preciso um aumento de capital a Mutualista não tem dinheiro para subscrever. Como é que se resolve este enigma? 

Como se capitaliza o Banco Montepio e se prepara o banco para o que vem aí?

Se o banco for resolvido não são apenas os credores do Banco que perdem tudo, são também os mutualistas, que são os acionista do banco, são os reformados que têm os produtos de poupança regulados pela Segurança Social e que ficam sem nada.

Agora se percebe o erro que foi a oposição política (do Bloco de Esquerda e do PCP, mas não só, a direita também alinhou, incluindo o PSD de Rui Rio e até o CDS) à entrada da Santa Casa da Misericórdia no capital do banco. Um erro colossal, que vai custar caro e que ninguém nunca vai admitir.

Todos os que impediram, com todas as forças, a entrada da Santa Casa da Misericórdia com 200 milhões no Banco Montepio ponham a mão na consciência, porque ali podia estar a salvação da instituição. Se a Santa Casa fosse acionista e injetasse dinheiro no Banco Montepio, o banco teria sempre alguém que capitalizasse a instituição financeira. O banco teria dinheiro para limpar o balanço e podia crescer a atividade e até dar lucros que justificassem o investimento da Santa Casa.

Mas há ideias boas que são condenadas por preconceitos ideológicos. Portugal é sempre muito mais eficaz a criar bloqueios do que a criar soluções. E assim nunca saímos da cepa torta e qualquer mudança é sempre para pior.

Não nos fiquemos por aqui. A situação do banco representar 80% dos ativos da Mutualista também é uma factura a passar aos governos (aos ministérios da segurança social) que o permitiram. Assim como os DTA (ativos por impostos diferidos) que o Ministério das Finanças permitiu para recapitalizar contabilisticamente a Mutualista, ainda seja parca a possibilidade de existência de lucros futuros que justifiquem esses créditos fiscais. Tudo coisas que não devem ficar esquecidas se o futuro do Banco Montepio não correr bem (e esperemos que não aconteça o pior). 

Nessa altura, onde vão estar os críticos que atiraram pedras aos governos que foram contemporâneos dos casos BES e Banif?

O tempo ainda nos revelará como a oposição à entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa no capital do Banco Montepio foi um erro crasso. Mas na altura vai tudo assobiar para o lado e acusar quem mais for mais conveniente e estiver mais à mão.

 


9 comentários

Sem imagem de perfil

De Anónimo a 24.11.2020 às 11:02

"Todos os que impediram, com todas as forças, a entrada da Santa Casa da Misericórdia com 200 milhões no Banco Montepio ponham a mão na consciência, porque ali podia estar a salvação da instituição. Se a Santa Casa fosse acionista e injetasse dinheiro no Banco Montepio, o banco teria sempre alguém que capitalizasse a instituição financeira. O banco teria dinheiro para limpar o balanço e podia crescer a atividade e até dar lucros que justificassem o investimento da Santa Casa."


Basta injetar algum capital no banco e tudo se resolve. É uma frase recorrente que tem sido dita acerca de todos os bancos da nossa praça e que até hoje foi sempre mentira. No caso do BES até se andou a dizer que se ia ganhar dinheiro com o investimento. Já vimos que o contribuinte vai pagar os calotes e a má gestão do Montepio, ninguém tem dúvida disso (vão-lhe chamar imparidades e crise financeira). Já agora é melhor não ter de acudir também à Misericórdia.

Comentar post



Corta-fitas

Inaugurações, implosões, panegíricos e vitupérios.

Contacte-nos: bloguecortafitas(arroba)gmail.com



Notícias

A Batalha
D. Notícias
D. Económico
Expresso
iOnline
J. Negócios
TVI24
JornalEconómico
Global
Público
SIC-Notícias
TSF
Observador

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Comentários recentes

  • Filipe Bastos

    Perante resposta tão fundamentada, faço minhas as ...

  • Filipe Bastos

    O capitalismo funciona na base da confiança entre ...

  • anónimo

    "...Ventura e António Costa são muito iguais, aos ...

  • lucklucky

    Deve ser por a confiança ser base do capitalismo q...

  • lucklucky

    "que executem políticas públicas minimalistas, dei...


Links

Muito nossos

  •  
  • Outros blogs

  •  
  •  
  • Links úteis


    Arquivo

    1. 2024
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    14. 2023
    15. J
    16. F
    17. M
    18. A
    19. M
    20. J
    21. J
    22. A
    23. S
    24. O
    25. N
    26. D
    27. 2022
    28. J
    29. F
    30. M
    31. A
    32. M
    33. J
    34. J
    35. A
    36. S
    37. O
    38. N
    39. D
    40. 2021
    41. J
    42. F
    43. M
    44. A
    45. M
    46. J
    47. J
    48. A
    49. S
    50. O
    51. N
    52. D
    53. 2020
    54. J
    55. F
    56. M
    57. A
    58. M
    59. J
    60. J
    61. A
    62. S
    63. O
    64. N
    65. D
    66. 2019
    67. J
    68. F
    69. M
    70. A
    71. M
    72. J
    73. J
    74. A
    75. S
    76. O
    77. N
    78. D
    79. 2018
    80. J
    81. F
    82. M
    83. A
    84. M
    85. J
    86. J
    87. A
    88. S
    89. O
    90. N
    91. D
    92. 2017
    93. J
    94. F
    95. M
    96. A
    97. M
    98. J
    99. J
    100. A
    101. S
    102. O
    103. N
    104. D
    105. 2016
    106. J
    107. F
    108. M
    109. A
    110. M
    111. J
    112. J
    113. A
    114. S
    115. O
    116. N
    117. D
    118. 2015
    119. J
    120. F
    121. M
    122. A
    123. M
    124. J
    125. J
    126. A
    127. S
    128. O
    129. N
    130. D
    131. 2014
    132. J
    133. F
    134. M
    135. A
    136. M
    137. J
    138. J
    139. A
    140. S
    141. O
    142. N
    143. D
    144. 2013
    145. J
    146. F
    147. M
    148. A
    149. M
    150. J
    151. J
    152. A
    153. S
    154. O
    155. N
    156. D
    157. 2012
    158. J
    159. F
    160. M
    161. A
    162. M
    163. J
    164. J
    165. A
    166. S
    167. O
    168. N
    169. D
    170. 2011
    171. J
    172. F
    173. M
    174. A
    175. M
    176. J
    177. J
    178. A
    179. S
    180. O
    181. N
    182. D
    183. 2010
    184. J
    185. F
    186. M
    187. A
    188. M
    189. J
    190. J
    191. A
    192. S
    193. O
    194. N
    195. D
    196. 2009
    197. J
    198. F
    199. M
    200. A
    201. M
    202. J
    203. J
    204. A
    205. S
    206. O
    207. N
    208. D
    209. 2008
    210. J
    211. F
    212. M
    213. A
    214. M
    215. J
    216. J
    217. A
    218. S
    219. O
    220. N
    221. D
    222. 2007
    223. J
    224. F
    225. M
    226. A
    227. M
    228. J
    229. J
    230. A
    231. S
    232. O
    233. N
    234. D
    235. 2006
    236. J
    237. F
    238. M
    239. A
    240. M
    241. J
    242. J
    243. A
    244. S
    245. O
    246. N
    247. D