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Aqui há dias, no Observador, Maria João Avillez insurgia-se contra o silêncio “devastador” da metade do país que assiste calada a esta atitude inacreditável de António Costa e a toda a novela que se arrasta. Como se fosse natural o PS aliar-se ao Bloco e aos Comunistas, como se daí não viesse mal ao mundo (leia-se, Portugal), como se para os próprios socialistas fosse proveitoso tornarem-se umas marionetas da extrema-esquerda na governação do país, só para Costa se manter no lugar.
Hoje, no Observador, Helena Matos insurge-se contra o silêncio da gente decente que ainda exista no PS. Daquela gente decente no PS que se calou “face à forma inqualificável como os dirigentes reagiram ao caso Casa Pia”, “face aos desmandos de Sócrates”, e agora “perante a estratégia de Costa”. Daquela gente socialista decente que também se cala perante o episódio de Ferro Rodrigues na sexta-feira ou com as conferências de Sócrates ou comparações descabidas.
Pois eu insurjo-me contra o silêncio de supostos independentes decentes que gravitam na órbita do PS. Mário Centeno, por exemplo. Uma pessoa insuspeita, um universitário, colaborador do Banco de Portugal, alguém que foi apresentado como muito credível e carregado de pergaminhos, que liderou o estudo económico com que o PS se apresentou ao eleitorado e a eleições e que foi a votos. Independentemente do que se possa pensar desse estudo (e eu não acredito por considerar que se baseia em premissas e conjecturas irrealizáveis, para pena minha), Mário Centeno acreditava nele, trabalhou nele, esforçou-se nele, lutou por ele. António Costa rasgou-o em pedacinhos na primeira oportunidade, submeteu-se às exigências do Bloco e queimou aquela coisada toda, a começar pela TSU, que era o sustentáculo daquilo.
António Costa promete à extrema-esquerda todo o aumento de despesa, bem sabendo Centeno que aquilo é impossível (se se quiserem cumprir os tratados firmados). E Centeno sujeita-se a continuar a aparecer calado ao lado de tudo isto, como se fosse um bibelot? E não se incomoda, não se indigna?
Estará Centeno preparado ou a preparar-se para fazer triste figurinha semelhante à de Teixeira dos Santos e apresentar-se também, ainda que de ar crispado, ao lado de António Costa quando este anunciar o pedido de novo resgate e o regresso da troika? Sempre em silêncio?
Gabo-lhe o gosto.
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