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A igualdade não é o valor supremo

por Jose Miguel Roque Martins, em 20.12.20

No Expresso desta semana, Luís Aguiar Conraria, apresenta um artigo sobre os dilemas entre as escolas publica e privada. Lembrei-me de uma citação de George Clemenceau e do COVID. A citação, "Um homem que não seja um socialista aos 20 anos não tem coração. Um homem que ainda seja um socialista aos 40 não tem cabeça." Do Covid, pela aparente surpresa da redescoberta que uma doença pode deixar sequelas.

Não conheço Aguiar Conraria, mas tenho-o por um Homem de boa vontade e inteligente, o que não é pouco. Suspeito agora, de um passado de esquerda, que deixou sequelas. Partir de falsos pressupostos, leva a conclusões erradas ou a hesitações sem sentido. 

No artigo, que se pode ler aqui, em síntese, Aguiar Conraria reconhece a superioridade do ensino privado, lembra como a existência de um sistema misto ( privado para uns/publico para outros) dificulta o elevador social, a igualdade,  e questiona-se sobre qual a solução para este dilema. Um sistema publico ou privado.

No caso da educação, parece óbvio que o objectivo essencial deveria ser a melhor educação possível para todos. Como já é evidente, para quase todos, o ensino privado é superior ao publico. A competição pelos cheques educação fariam, necessariamente, elevar o nível da educação. Não é por acaso que os colégios privados são procurados ( apesar do seu custo) e sejam possíveis focos de eternização de “castas”. Seria, ainda, possível baixar os custos com educação por parte do Estado, um resultado colateral que não é insignificante. Ou aumentar a qualidade do ensino, para o mesmo investimento.

A hesitação na resposta ao problema educativo, só existe,  porque é introduzido a temática da igualdade social, uma das vacas sagradas da esquerda, que confunde, baralha e distorce questões objectivas, princípios prioritários, quando é elevada a valor supremo.

E se a igualdade de oportunidades fosse o valor supremo, seria exactamente a resposta contrária à que deveria ser tomada:  proibir a escola privada e apostar tudo na escola publica. Nivelar por baixo. Garantir um ensino pior a todos. Garantir que os mais ricos ou os mais pobres, tenham as menores qualificações possíveis e enfrentem tão desprotegidos quanto podermos, o resto do mundo. No limite, haverá ainda que, aos mais inteligentes e trabalhadores, em nome da igualdade, serem cuidadosamente programados para não serem melhores do que os outros. Nos casos extremos, porque não lobotomias ? Mal preparados mas uniformes!

Faz algum sentido? A igualdade de oportunidades nunca será atingida. Nem é desejável que o seja, se representar mediocridade geral e violência aos que se distinguem naturalmente. Será um valor a ter em conta e a perseguir. Mas nunca deverá ser o objectivo ultimo do que quer que seja.

Uma tecla repetida milhões de vezes, até pode passar a parecer inquestionável. Mas não é.

 

 


18 comentários

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De Anónimo a 21.12.2020 às 20:20

Se um professor detectar que o nível socio-cultural e económico dos alunos de determinada turma é baixo, terá propensão a simplificar a exposição das matérias para as tornar mais acessíveis à compreensão, adaptando-se às circunstâncias dos alunos. Também tenderá, necessariamente, a baixar a fasquia e a ser menos exigente. 
E se, no geral, estes alunos costumam apresentar maiores dificuldades tanto na aprendizagem como nos comportamentos em ambiente de sala de aula, por outro lado há os outros, na mesma turma, com diferenças substanciais sob todos os aspectos, que não terão oportunidade de  desenvolverem plenamente e as suas capacidades e potencialidades ficarão atrofiadas,  pelo facto de  estarem inseridos numa turma cujo grau de exigência se nivela por baixo, para que "não fique ninguém para trás" como gostam de dizer os pedagogos.  
Em linhas gerais é assim que se passa no ensino público. Mas não tenhamos ilusões, também há escolas públicas de elite, "bem frequentadas" pela "boa sociedade" onde as diferenças sociais se esbatem e por isso a qualidade do ensino é muitíssimo superior, obviamente.

A igualdade de oportunidades é sagrada. Ninguém pode ficar para trás, sem dúvida. 
Mas esta "massificação" do ensino, nestes moldes, pactua com a transigência e um certo laxismo que vai perpetuar as carências  dos alunos que provêm dos meios mais carenciados. Ora, precisamente é a cultura do rigor, da exigência e do mérito, subindo a fasquia, que os arranca da pobreza e faz funcionar o elevador social. 

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