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"Os excessos de mortalidade por todas as causas apresentam uma associação muito forte com a mortalidade específica por COVID-19 no período de excesso de outubro-janeiro. Contudo, a partir da semana 53/2020 (28 de dezembro a 03 de janeiro), existe uma fração de mortalidade por todas as causas que não é totalmente explicada pela mortalidade específica por COVID-19 e que foi coincidente com um período de frio extremo, durante o qual, de acordo com o sistema de alerta FRIESA coordenado pelo Departamento de Epidemiologia do INSA, eram esperados impactos na mortalidade por todas as causas.(18,19)
O frio tem impactos negativos na saúde humana, quer por efeitos ao nível cardiovascular e respiratório, afetando sobretudo pessoas com doenças cardíacas e respiratórias prévias, quer pelo agravamento do curso de infeções respiratórias ativas.(20,21)
Por outro lado, o frio pode aumentar a transmissibilidade dos vírus respiratórios por diversos mecanismos. Deste modo, as inter-relações entre frio, COVID-19 e mortalidade são complexas e sinérgicas, podendo a sua coocorrência ter contribuído para o excesso extraordinário de mortalidade por todas as causas observado neste período. Quer isto dizer, que é plausível que o frio tenha contribuído para o aumento da mortalidade por COVID-19 pelo agravamento do prognóstico desta infeção.
Estudando a mortalidade atribuível no período estimamos que a maior fração de mortalidade acima do esperado foi atribuível a COVID-19 (61%), enquanto o frio explicará 26% da mortalidade acima do esperado. Há ainda uma fração da mortalidade por todas as causas acima do esperado (cerca de 13 %) não explicado por este modelo e que pode dever-se a fatores não tidos em conta na análise, como a seja a alteração do padrão de utilização dos cuidados de
saúde."
O frio potencia a propagação dos vírus respiratórios, mas por que motivo fomos os piores do mundo se os países do centro e norte da Europa tiveram temperaturas ainda mais baixas (com início anterior) e têm hoje temperaturas mais baixas do que as que tivemos no “período de frio extremo”?
Talvez o “efeito Natal” tenha algum “efeito” complementar. E associado ao atraso da entrega dos resultados dos testes no período do Natal por encerramento dos laboratórios (sei de um caso que foi de 8 dias) levou a que pessoas infectadas e contactos de risco das mesmas tenham andando a passear livremente até saberem o resultado. No caso do utente que esperou 8 dias pelo resultado significa que só precisava de estar mais 2 dias em isolamento se fosse positivo e os contacto de alto risco mais 6 dias… Claro que, cumprindo as regras, ao fazer um teste a pessoa deveria ficar em isolamento até saber o resultado, mas se até o presidente da república não cumpre (visitou um lar no Barreiro sem saber o resultado do teste que tinha feito) como vamos obrigar as outras pessoas a cumprir?
As “as condições meteorológicas concretas” são referidas no documento do Ricardo Jorge como “um período de frio extremo”. Seria de esperar que países sujeitos a um "frio extremo” ainda mais extremo tivessem piores resultados, mas não, nós é que fomos os piores do mundo.
Estava mesmo à espera que iria falar do Natal nos outros países. Mas a maioria dos países da Europa já tinham apertado as regras de circulação e contacto entre as pessoas antes do Natal, em Portugal é na altura do Natal quando começa a verificar-se um aumento das infecções (cujo contágio teria ocorrido 1 ou 2 semanas antes) e não terá isso associado ao aumento dos contactos entre as pessoas que provoca a explosão do número de casos? Se a isto associarmos a propaganda das vacinas, temos as condições para uma tempestade perfeita.
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