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Uma das minhas netas ficou ontem debaixo de uma derrocada parcial de um muro de suporte que está dentro do perímetro de um parque infantil, embora, por uma sorte inacreditável, não tenha sofrido nenhum esmagamento de ossos ou orgãos internos, nem lesões na coluna (ficou tudo pelos músculos, aparentemente).
Nesta fotografia, o dito muro e a criança à espera da vinda dos bombeiros, com ordens para não se mexer, porque não se sabia que consequências poderia ter havido de ter ficado debaixo daquelas duas pedras mais à esquerda, junto ao muro.
Há muitos anos que venho dizendo que votarei no candidato a presidente de câmara que em vez de prometer rasgos estratégicos que nos levarão a pináculos de desenvolvimento, sofisticação e avanço social, prometa ter as sarjetas sempre funcionais e limpas.
Na verdade, o meu voto até é bastante ideológico (ao contrário do que acontece com a maioria dos eleitores, já agora) mas antes disso há a questão da responsabilidade que se prende com a questão institucional, chamemos-lhe assim.
Ao comentar com o pai da criança (vivem nos EUA) como situações destas são tratadas de forma diferente nos EUA, imediatamente referiu um conjunto de procedimentos nestas matérias que ninguém se atreveria a deixar de cumprir, quando existem riscos como o que existia e existe naquele cantinho de um parque infantil.
Fiquei a saber hoje que a polícia passou depois por lá e disse que já antes tinha havido um problema e ontem diziam os indivíduos do quiosque próximo que havia umas guardas junto ao muro que foram retiradas para se cortar uma árvore próxima, e depois não foram colocadas de novo.
As diferenças entre os EUA e Portugal, na forma como tratam destes assuntos (e, em geral, da segurança do espaço público) resulta de haver melhores regulamentos sobre parques infantis, ou trânsito rodoviário em áreas residenciais, ou outra coisa qualquer?
De maneira nenhuma, os regulamentos americanos podem ser tão bons ou tão maus como os nossos (aliás variam muito porque Portugal tem uma longa tradição de centralismo mas os EUA têm uma longa tradição de autonomia das comunidades, portanto as suas regulamentações reflectem muito os valores de cada comunidade), o que verdadeiramente é diferente é que a responsabilização é um assunto levado muito a sério, o sistema de justiça funciona em tempos curtos e as indemnizações são a sério (a forma como os condutores se preocupam com as crianças que vão na rua em áreas residenciais não pode ser só boa educação, é mesmo porque atropelar uma criança, mesmo que a responsabilidade objectiva seja da criança, em zonas residenciais, pode ter impactos brutais na vida de quem a atropela, já considerando todas as atenuantes).
Este sistema não é perfeito, com certeza, diz a minha filha que quando quer saber como é uma coisa qualquer, em concreto, com que prazos, com que procedimentos, vão-lhe respondendo por telefone, mas quando diz para, sendo assim, porem tudo por escrito num mail para não haver dúvidas, o habitual é haver uma recusa, porque a partir desse momento, se alguma coisa correr mal, a pessoa em concreto pode ser responsabilizada pelo que escreveu.
A verdade é que seria muito mais difícil manter uma situação perigosa dentro do perímetro de um parque infantil nos EUA, tal como buracos nos passeios ou nas estradas, bancos que caem em esplanadas ou outros espaços públicos, infraestruturas que não cumprem as suas funções, irresponsabilidade financeira da administração pública, etc., etc., etc..
A esperança de que algum dia essa cultura de responsabilização seja dominante em Portugal parece-me pequena: se perante a indecente e má figura de António Costa, não apenas nos últimos anos, mas durante todo consulado de José Sócrates, ainda consegue convencer tanta gente de que os cortes do tempo da troica foram da responsabilidade de Passos Coelho, é mesmo porque temos medo, muito medo, de assumir responsabilidades e, por isso, acabamos a aceitar a irresponsabilidade, quer pessoal, quer institucional, como aceitamos a chuva ou o sol.
Aliás, é para mim cada vez mais evidente que o grande legado de António Costa é o seu contributo para o reforço dessa cultura, pessoal e institucional, de irresponsabilidade: o homem consegue estar há semanas a repetir que a responsabilidade do seu pedido de demissão não é dele, que o fez, mas de terceiros.
Não se pode dizer que seja coisa de que se deva orgulhar.
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