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Sanções, inúteis mas eficazes

por Jose Miguel Roque Martins, em 26.03.22

Não há qualquer evidencia de que a imposição de sanções tenham grandes efeitos práticos no fim de conflitos, atitudes  ou mudanças de regime. No entanto são usadas, mesmo quando impõe custos a quem as lança. Há uma razão válida que as justificam.

As sanções são normalmente um golpe no comercio internacional. O mundo fica amputado e, por isso, os ganhos de comercio de todos é diminuído. O que significa basicamente a confirmação da bondade do comercio e relações internacionais e o empobrecimento global resultante da sua limitação administrativa.

Nenhum regime, aceita que o sofrimento que é imposto à sua população altere as suas grandes causas, legitimas ou não. Parece pois que estamos simplesmente a impor sofrimento a todos, sem qualquer beneficio. Não é verdade.

O poder de dissuasão de futuras sanções, antes de um regime ultrapassar linhas vermelhas, aumenta proporcionalmente em função da dimensão e consequências das sanções usadas em casos anteriores, que por sua vez aumentam em função dos sacrifícios de quem impõe sanções está disposto a aceitar.

As tremendas sanções que foram impostas à Rússia e aos seus dirigentes, não impede um fim mais rápido ou mais satisfatório da Guerra da Ucrânia.  A violência das sanções, que terão pela sua importância surpreendido o regime de Putin, não são eficazes para reverter acções no actual conflito, o que seria uma humilhação perigosa para a sobrevivência do regime.

As sanções a Cuba, Coreia do Norte, Venezuela, Irão, não fizeram cair esses regimes ou alterar as suas praticas. Apenas lhe criaram mais dificuldades ao impor um nível de vida horrível ás suas já sacrificadas populações. É o povo, não os dirigentes, que verdadeiramente sofrem. Revoluções que depõe regimes insuportáveis, não são fáceis nem têm acontecido de molde a justificar as sanções.

Tudo somado, parece que as sanções não produzem efeitos, impõe sofrimento sobre populações inocentes, auto infligem sofrimento a quem as aplica, mas não alteram nada. Porque então a sua imposição?

As sanções têm um efeito dissuasor, não para o passado mas para o futuro. Alguém que pretendam ultrapassar o que é humanamente considerado razoável por um conjunto importante de economias, pensará duas vezes antes de avançar, sabendo das consequências que esse acto pode provocar.

A imposição de violentas sanções, por parte de mais de 50% da economia mundial, disposta a sofrer violentamente pela sua imposição ao “infractor” é um poderoso inibidor de acções que a possam justificar.

Será que a China não ficou impressionada com o nível de sacrifício que o “Ocidente alargado” se mostrou disposto a incorrer? Será que  não passará a entrar nos seus cálculos a possibilidade de incorrer em custos ,também terríveis, caso avance para um conflito regional? Não tenho duvidas que sim. Menos claro é se a consideração desses custos são suficientes para prevenir os seus apetites menos palatáveis.

As sanções à Rússia não pouparam a Ucrânia. Mas as sanções e a espantosa resistência do povo Ucraniano, deverá comprar uns anos de paz a Taiwan.  As sanções acrescentam prestigio,  consideração e respeito ás democracias liberais que as impõe, quando mostram a disposição de sofre por elas. 

 


2 comentários

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De balio a 29.03.2022 às 11:11


Que raio de texto com que o José Miguel Roque Martins nos presenteia. Dá, repetidamente, uma no cravo e logo outra na ferradura. O José Miguel não é capaz de tomar uma posição clara e inequívoca???
Se as sanções causam enormes prejuízos a nós, que as impomos, e se são, efetiva e reconhecidamente, ineficazes, então como raio podem ser defensáveis? Não podem!
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De Anónimo a 29.03.2022 às 12:19

São ineficazes para parar o actual conflito. São preciosas para prevenir futuras agressões. 

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