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Salvar a Pátria

por João Távora, em 24.02.21

pedro-passos-coelho.jpg

O retorno à ribalta política de Pedro Passos Coelho como salvador da pátria é um assunto recorrente no debate à direita que reflecte bem a profunda crise que atravessa, com clara dificuldade de renovar-se com novos protagonistas, mas principalmente de assumir bandeiras que entusiasmem um eleitorado tendencialmente resignado – e assustado. Esse sebastianismo também espelha uma falta de autoridade e reconhecimento público das elites políticas envelhecidas que há décadas circulam desgastadas pelos corredores do poder e seus vasos comunicantes: há muito que o serviço público vem deixando de atrair os melhores, seja pela fraca remuneração duma carreira política, mas principalmente por causa do desprestigio em que esses cargos decaíram. Evidentemente que há excepções que só confirmam a regra, e percebe-se a veneração que Passos Coelho suscita numa direita inconformada com a decadência permanente dos indicadores económicos e o desprestígio das instituições do país.

Mas o seu tempo na ribalta política passou: se Passos Coelho foi o salvador da Pátria e o sucesso no resgate do País se deveu à sua heróica resistência, por esse motivo conquistou demasiados inimigos e preconceitos, e suspeito que será sempre uma personalidade desgastada pelos anos de chumbo que lhe alienaram o centro político.
Para mais, se não queremos somar aos já muitos problemas do país um choque geracional a prazo, parece-me urgente a promoção de novos actores no espaço público partidário, urge rejuvenescer as lideranças, que tragam um discurso renovado e mais afoito para denunciar os nossos vícios velhos e inspirar alguma esperança no futuro. A tralha ferrugenta que se pavoneia em comentários nas televisões são o espelho duma decadência que urge inverter.

Também é por isso que deposito altas expectativas em Francisco Rodrigues dos Santos que gostava de ver mais vezes no espaço público, para que sem complexos se dedique a uma agenda de valores conservadores e liberais, que tanta falta fazem ao equilíbrio dum debate político que se queira estimulante. Bandeiras não hão-de faltar a uma direita rejuvenescida que conseguisse emergir do pântano moral, político e económico em que estamos todos atolados.


3 comentários

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De SAP3i a 24.02.2021 às 13:31

Passos e Sócrates são a causa final da Dívida que o Regime Abrilista (47anos) deixa aos jovens.
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De Anónimo a 24.02.2021 às 14:10

Convinha que avivasse a sua memória, lendo o artigo que vai indicado. Preste atenção ao título: "2011 nunca existiu". 
 Duplamente interessante, porque tendo sido escrito em 2016, (já instaladas as políticas geringonças) , pode comparar com país actual e verificar como tudo permanece tão igual . Não fosse a indicação da data,  diria que o tempo não passou. Fica, assim, comprovada a estagnação do país.
Interessante também, porque demonstra que vivemos a crédito, atolados em dívidas que aumentam cada vez mais. Compare o passado e o presente. É um exercício interessante, acredite.


 "Frankfurt emite a moeda que permite adiar reformas e acumular dividas. De certo modo, é um regresso ao início do Euro. Políticas viradas unicamente para o presente, sem pensar no futuro, com o objectivo de preservar privilégios apenas sustentáveis com o aumento permanente da dívida." - João Marques de Almeida.



Daqui:
https://observador.pt/opiniao/2011-nunca-aconteceu/



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De SAP3i a 24.02.2021 às 16:45

«PCP, BE, PAN, PS, PSD, CDS» são o Regime Abrilista há 47 anos. Vivem uns dos outros.

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