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A nossa comunicação social anda sempre a chorar-se, a pedir que se comprem jornais, a pedir que seja lida, vista e ouvida. Não sei porquê, pois na maioria das vezes considero-a má, tendenciosa ou mesmo desonesta na informação que prestam aos seus consumidores. No fundo, não prestam. Veja-se o episódio mais recente, uma minudência no meio de toda esta tragédia e ineficácia. Passos Coelho fez um comentário tendo por base uma informação que lhe tinha sido dada e se verificou não ser verdadeira.
Jornalistas e comentadores caíram em cima dele como não se lembraram de fazer quando, aqui há uns anos, o profissional Nicolau Santos andou por aí uma semana inteira a propagandear um desgraçado qualquer que não era nada do que ele dizia. O problema agora passou a ser Passos Coelho. David Diniz já tinha ensaiado a coisa há uma semana, mas era algo tão esgravatado e mal feito que não deu em nada (hoje foi mais comedido, na SIC-N, mas tentou voltar à carga).
Não interessa se aquele que informou mal veio de imediato a terreiro assumir o erro, não interessa se Passos Coelho rapidamente pediu desculpa por falar com informação errada, prestada por uma pessoa da zona e, pelo menos por isso, provavelmente detentora de alguma credibilidade e conhecimento. O culpado de tudo é Passos Coelho e o seu informador deve ser demitido (ou demitir-se, já não sei nem o assunto me merece que gaste tempo), clama o PS.
Do PS vieram também as críticas de António Costa, o homem que tem fugido por entre os pingos da chuva enquanto a pede com fervor, juntamente com a Catarina em férias. Solenemente, ou com ar disso, e também ao ar livre, Costa discorreu longamente sobre o episódio dizendo que não se deveria falar tendo por base “rumores”, como acusava Passos de fazer. E os jornalistas a comerem a papa toda, já devidamente mastigada por Costa. Acontece que Passos Coelho não falou com base em “rumores”, mas sim numa informação concreta que uma concreta pessoa da região lhe tinha dado, o que lhe pareceu possuir alguma credibilidade embora a informação não se tenha revelado verdadeira. Pediu de imediato desculpas (excessivamente, a meu ver, mas eu não tenho de levar com jornalistas a perguntarem sucessivamente as mesmas coisas, hora a hora, para fingir que fazem o seu papel e justificarem o outro papel ao fim do mês), e a comunicação social deveria ter passado aos assuntos dignos de interesse mas infelizmente o episódio não terminou (nem conto que termine).
Ora, a meu ver, se António Costa declara não opinar com base em rumores, como fez de tez franzida, e se os jornalistas se incomodam tanto com pessoas que, sobre este assunto do incêndio de Pedrógão Grande, opinam sem se sustentarem em factos concretos (um dia que apareçam…), seria talvez relevante começarem a indagar-se entre si e a perguntar a António Costa de onde veio o “rumor”, lançado com imenso êxito e largueza, logo no primeiro dia do incêndio, de que tudo teria corrido como previsto, de que não existiam quaisquer falhas dos serviços, técnicas ou outras, que teria sido feito tudo quanto era possível, humana e tecnicamente, que até já se tinha descoberto a àrvore que teria espoletado o incêndio, através de um raio de uma trovoada na altura inexistente, e ainda apurar quem soprou tais rumores aos jornalistas e também ao Presidente da República, levando-o a fazer a triste figurinha que fez dizendo isto tudo, ao lado dos responsáveis do governo e do DN.
Esses rumores que foram postos rapidamente a correr, para apagar responsabilidades políticas (em vez de se tentarem apagar os incêndios e apurar responsabilidades), é que têm interesse, é que deveriam ser investigados e questionados pela comunicação social (e não uma porcaria de um episódio menor no meio disto tudo e já esclarecido). Ora se a comunicação social não faz o que deve, por ser incompetente, tendenciosa, ou desonesta intelectualmente, que razão teria eu ou qualquer outro consumidor para gastar dinheiro com semelhante comunicação social?
Post Scriptum: estava a acabar de escrever isto e, num programa da RTP 3, O Outro Lado, inicia-se um debate onde se vão discutir os incêndios e, pasme-se, “as declarações de Passos Coelho”. Com José Eduardo Martins, Rui Tavares e Adão e Silva. Três amigos declarados de Passos Coelho. Eu não conheço Passos Coelho e sou, como sempre fui, do CDS. Mas perante a comunicação social que temos, vou mas é ver outro problema e enfurecer-me pelo facto de os meus impostos pagarem também esta porcaria de programas.
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