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Susana Peralta escreveu um artigo interessante com o título "Prémio da TAP: a dolce vita dos executivos que se pagam a si própios".
Essencialmente, a tese do artigo é a de que tendo a TAP acumulado prejuízos de 100 milhões, e pagando prémios de desempenho, há nisso alguma coisa totalmente errada.
Que em muitas circunstâncias as administrações escolhem para si remunerações dificilmente explicáveis pelo desempenho das empresas, parece-me pacífico, embora eu tenha alguma dificuldade em perceber qual é o ordenado razoável para Cristiano Ronaldo, por exemplo.
O que me incomoda é a distorção do que está em causa no caso dos prémios da TAP.
David Neeleman explicou recentemente que os prémios de desempenho têm 50% relacionado com o desempenho dos trabalhadores, em função dos objectivos estabelecidos (Susana Peralta argumenta que as empresas definem objectivos baixos e fáceis de propósito) e 50% relacionado com o desempenho da empresa.
Usar os resultados da empresa como único critério para definir se os prémios são justos, ou injustos, é uma coisa que me faz muita confusão ver defendida por economistas, em especial economistas que não se focam no curto prazo: a TAP renovou grandemente a frota, diminuiu os custos, pagou dívida, contratou pessoal, transporta mais gente, ou seja, criou condições para melhores desempenhos futuros. Ou seja, usar os resultados da empresa como único critério é um incentivo à tomada de decisão orientada para resultados de curto prazo, em detrimento da criação de condições para o futuro das empresas (note-se que usar o mesmo tipo de raciocínio aplicado ao Estado levaria à defesa da diminuição, ou pelo menos não aumento, do ordenado dos funcionários públicos enquanto o Estado tivesse défice, o que ainda não ouvi ninguém defender).
O que mais me incomoda no artigo é que estes prémios não dizem respeito à administração (pode haver uma parte que sim, mas não a maior parte do valor global dos prémios) mas sim aos trabalhadores, não a todos, é certo, mas aos que têm maiores responsabilidades, ou seja, o argumento de que são prémios em que quem decide é o beneficiário é falso, neste caso.
Confesso que não vejo o interesse em discutir o que perdem os donos da TAP pagando estes prémios, mas se se pretende fazer essa discussão, era bom que se fizesse a discussão de forma séria e sustentada, e não desta forma em que essencialmente se alimenta o ressentimento e a iliteracia em matéria de gestão empresarial.
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