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Respeitinho

por henrique pereira dos santos, em 06.12.23

Há algum tempo, pediram-me para olhar para uma lista de prioridades de conservação da natureza e dela constava, na lista de espécies prioritárias para acções de conservação, a lontra.

É certo que há umas décadas atrás a lontra, nos meios da conservação, era um símbolo, não só pela espécie, mas pelo que se entendia que representava de boa qualidade das linhas de água, ao ponto de a Convenção de Berna (e o Conselho da Europa) a adoptar como logotipo e símbolo mas, em Portugal, nem nessa altura a lontra estava especialmente ameaçada, e muito menos está hoje, sendo uma espécie que vulgarmente se encontra mais ou menos em qualquer lado.

Perante a minha radical e expressiva oposição a que esta espécie estivesse numa lista de prioridades de conservação, a pergunta central que me fizeram não foi sobre a fundamentação da minha posição radical, mas se eu sabia quem a tinha incluído na lista.

Não sabia, nem hoje sei - o que aliás diz muito sobre a solidez institucional da lista, cuja autoria e fundamentação se considera irrelevante - e lembrei-me desta história a propósito do Data Center e das gémeas.

O país, de forma mais profunda na administração pública mas é uma característica do país globalmente, é assim, olha muito para quem diz ou faz o que quer que seja, e pouco para o valor do que é dito e feito ou para as razões para que seja dito ou feito, é um país de muito respeitinho.

Num país mais institucional, com instituições melhores e mais fortes, consequentemente com mais liberdade e menos respeitinho e reverência, uma cunha seja de quem for esbarra mais facilmente num "não" rotundo.

Não há sistemas perfeitos e todos os sistemas são permeáveis às influências, à corrupção, ao tráfico de influências, etc., é da natureza humana, o que há é sociedades, sistemas e regras mais permeáveis e menos permeáveis.

Voltemos ao exemplo da marcação de uma consulta médica.

Em sistemas de saúde mais eficientes, a marcação de uma consulta não é um problema e a marcação de consultas urgentes tem regras bem definidas e oleadas.

Nestes sistemas, a proximidade em relação a quem está dentro do processo de marcação de consultas não é grande vantagem, porque toda a gente é atendida em condições razoáveis e, provavelmente, existem mecanismos de reclamação e controlo em que as pessoas confiam e usam, quando lhes parece que alguma coisa corre mal.

Mas em sistemas em que marcar uma consulta pode ser um inferno, com prazos inaceitáveis, é da natureza humana que quase todos nós (o número de santos é muito pequeno no conjunto da humanidade), depois de esgotados os mecanismos normais sem resolver o problema que se considera urgente, procure soluções informais que garantam a consulta em prazos razoáveis, o que confere a quem marca as consultas um poder ilegítimo de beneficiar uns e prejudicar outros.

É o caldo de cultura destes sistemas que facilita os abusos e os grandes abusos.

Claro que é preciso averiguar o comportamento individual de cada uma das pessoas que participaram nos processos do Data Center ou das gémeas, avaliando se alguém tomou decisões ilegais ou que, sendo legais, são moralmente ilegítimas, mas o essencial do que nos devia preocupar não é isso, esse é o trabalho da polícia e dos tribunais, o que nos devia preocupar é a discussão das regras institucionais que limitem o poder de quem pode decidir.

Por exemplo, no caso das gémeas, o que nos devia preocupar não são as razões que levam alguém a tentar ultrapassar as regras, essas existirão sempre, mas a cultura de respeitinho por um pedido de um presidente, um ministro, um secretário de estado, um administrador de uma empresa, um locutor de televisão, um futebolista ou simplesmente do primo da cunhada da nora da senhora dos bolos.

Dizer que não é uma chatice e, de maneira geral, bem mais difícil que dizer que alguma coisa se resolverá, portanto as regras devem ter como objectivo alargar as circunstâncias que nos permitem dizer que "há sempre alguém que resiste/ há sempre alguém que diz não".


30 comentários

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De urinator a 06.12.2023 às 09:15

no ps anda tudo tão fofinho. 
exceto a comissão partidário do voo ali e já venho.
10 de março cheira a 'primavera Árabe'
Was wäre, wenn alle scheißen würden?
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De Albino Manuel a 06.12.2023 às 15:02

Não haveria renova que chegasse.
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De O apartidário a 06.12.2023 às 10:50

 "o que nos devia preocupar é a discussão das regras institucionais que limitem o poder de quem pode decidir." ---------------------------------------------------------------   Os Costas desta vida logo dirão "tem de existir uma forma de ultrapassar a borucracia que nos impede de aproveitar as oportunidades". 
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De G. Elias a 06.12.2023 às 10:53

"...avaliando se alguém tomou decisões ilegais ou que, sendo legais, são moralmente ilegítimas" - esta parte tem muito que se lhe diga, porque não existe um critério único para avaliar a legitimidade moral (o meu referencial moral pode ser diferente do teu e diferente do de qualquer outra pessoa), deixando isso ao gosto do freguês, daí a necessidade de haver leis: garante que há um critério igual para todos e retira margem para arbitrariedade na tomada de decisões.
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De henrique pereira dos santos a 06.12.2023 às 11:05

Isso, sendo verdade, é apenas parte da verdade: há princípios morais mais transversais e menos transversais.
De resto, as leis procuram codificar os princípios morais considerados como gerais, mas não chegam como cimento social, é preciso alguma moral comum, mesmo para o que é legal.
Não ajudar uma pessoa que caiu não é ilegal, mas é moralmente condenado pela generalidade das pessoas (a lei tenta responder a isto com a "omissão de auxílio", mas é aplicável em casos mais extremos, não se aplica a quem não perguntou a quem caiu se se magoou na queda).
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De G. Elias a 06.12.2023 às 11:11

Sim, é verdade o que referes, o que quero dizer é que ninguém pode ser (acho eu) condenado por ter feito algo imoral, desde que não haja lá uma ilegalidade. Por outras palavras, o que conta para a aplicação de penas ou sanções são as leis e não os referenciais morais de cada um.
Agora claro que a própria lei, muitas vezes, contém princípios e regras que são, em si mesmo, moralmente discutíveis, como os casos em que são previstas excepções e privilégios para os titulares de determinados cargos.
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De henrique pereira dos santos a 06.12.2023 às 11:15

De acordo, se restringires o significado de condenação a condenação pelo sistem.a jurídico.
Já se a ideia de condenação se alargar ao juízo social e eleitoral dos seus concidadãos, pode sim.
Aliás, o facto do tráfico de influências não ser imoral para muita gente é que faz com que o PS ainda apareça nas sondagens com um terço dos votantes
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De balio a 06.12.2023 às 11:38


o facto do tráfico de influências não ser imoral para muita gente é que faz com que o PS ainda apareça nas sondagens com um terço dos votantes



Como se o tráfico de influências fosse algo que somente acontece no PS, ou sob governos do PS!


Julga o Henrique que, sob governos do PSD, não haveria tráfico de influências?


(Claro que não julga: o próprio Henrique diz neste post que o tráfico de influências é uma caraterística da cultura e das instituições portuguesas.)


Não foi o PS quem pôs no poleiro Marcelo Rebelo de Sousa...
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De henrique pereira dos santos a 06.12.2023 às 11:55

O que tem o PSD com o comentário que fiz?
O que disse é que só num sítio em que tráfico de influências não é considerado grande problema moral é que um partido que o pratica de forma extensa e generalizada, como mostram as notícias, governa 22 dos últimos 28 anos e ainda tem um terço das intenções de voto.
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De balio a 06.12.2023 às 12:12


só num sítio em que tráfico de influências não é considerado grande problema moral é que um partido que o pratica de forma extensa e generalizada [...] ainda tem um terço das intenções de voto



Não. Se o tráfico de influências fôr considerado (como o Henrique o considera) uma caraterística cultural, inevitável, do país, então os votantes saberão que, qualquer que seja o partido em que votem, continuará a haver tráfico de influências, e portanto escolherão o partido em que votam em função de outras razões.
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De Anonimo a 06.12.2023 às 11:18

Eu diria que usar influência política para benefício particular próprio ou de terceiros é moralmente condenável. Como ouvi hoje, salvou-se uma vida, portanto é legítimo. Ou seja, há excepções. O que é o sempre o caso... existe sempre uma justificação, uma excepção...
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De G. Elias a 06.12.2023 às 11:53

O problema do conceito de "moralmente condenável" é que cada um tem o seu referencial, ou seja aquilo que para uns é moralmente aceitável, para outros não o é. O conceito de "estado de direito" visa exactamente criar uma bitola única que sirva de referência para todos.
A questão de "salvar uma vida" é muitas vezes invocado para justificar todo o tipo de excepções, amiúde recorrendo a chavões do tipo "a vida humana não tem preço". O problema deste tipo de raciocínio é que se baseia no pressuposto de que os recursos são infinitos. Mas não são.
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De Anonimo a 06.12.2023 às 12:30


Sendo que o referencial é subjectivo e móvel.
A esta hora a mãe de uma criança na mesma situação, que não conhece o Presidente, está a dizer que tudo isto é um degredo. Caso fosse a sua a passar à frente, já não seria.
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De G. Elias a 06.12.2023 às 13:25

Claro, o referencial é móvel, existe a chamada dupla ancoragem que muda consoante as conveniências. Há um livro chamado "corrupção e os portugueses" da autoria de Luis de Sousa e João Triães que descreve bem este problema, e cito: "A corrupção persiste porque os cidadãos têm dois níveis de ancoragem das suas opiniões: o simbólico e o estratégico. Embora os cidadãos condenem veementemente a corrupção em termos abstractos (...), na prática estão dispostos a sacrificar parte dos seus padrões éticos e expectativas idealizadas para satisfazer as suas necessidades reais e os seus interesses."
“A corrupção persiste porque os cidadãos têm dois níveis de ancoragem das
suas opiniões: o simbólico e o estratégico (...) Embora os cidadãos condenem
veementemente a corrupção (...) na prática, estão dispostos a sacrificar parte
dos seus padrões éticos (...) para satisfazer as suas necessidades.“A corrupção persiste porque os cidadãos têm dois níveis de ancoragem das
suas opiniões: o simbólico e o estratégico (...) Embora os cidadãos condenem
veementemente a corrupção (...) na prática, estão dispostos a sacrificar parte
dos seus padrões éticos (...) para satisfazer as suas necessidades.
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De G. Elias a 06.12.2023 às 16:07

(a minha resposta anterior ficou esquisita porque houve ali uns copy-paste que  não correram bem mas o essencial é o que está no primeiro parágrafo, o resto são repetições)
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De Anonimo a 06.12.2023 às 11:15

Preocupa é um país em peso (passe o exagero) achar que a cultura da cunha e do amiguismo é normal num país democrático, e de manter. Ou de como as coisas "demoram tempo", e que espertos são os que passam à frente. Os outros, estudassem, como se diz agora.
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De lucklucky a 06.12.2023 às 11:48

A cultura da cunha é a resposta lógica.
Uma das fontas do poder do regime é precisamente ter regras e regrinhas, taxas e taxinhas num país cheio de entropia para fazer qualquer coisa.
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De Anonimo a 06.12.2023 às 12:32

Qualquer país de jeito, inclusive os liberais, têm regras e regrinhas. A diferença é que as regras são claras, e que são cumpridas.
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De Pedro Oliveira a 06.12.2023 às 15:06


"Dizer que não é uma chatice"
Dizer que não, não é e não pode ser uma chatice.
Profissionalmente trabalhei num sector que tinha que analisar riscos na concessão de empréstimos, a minha empresa emprestava dinheiro e eu tinha de analisar as garantias apresentadas.
Tive um superior hierárquico que me ensinou isto: "o não tem se ser rápido, achas que não, fundamentais, telefonar, explicas a razão e informas as pessoas, quem pede tem sempre urgência".
Ficou-me para a vida, dizer não, fundamentada mente, faz parte das relações pessoais, sociais e profissionais.
Quanto à questão das gémeas, Maité e Lorena, não há nenhum jornalista com coragem para perguntar:
- Passaram quatro anos, como estão as meninas?
Os quatro milhões de euros valeram a pena?
Os médicos tinham razão, o tratamento era redundante?
Ou Marcelo/o empregado de Marcelo é que tinha razão, o tratamento curaria as meninas?
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De Pedro Oliveira a 06.12.2023 às 15:07

Errata: fundamentas, telefonas, explicas
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De G. Elias a 06.12.2023 às 15:13

Exacto, ainda ontem comentei isso mesmo com uma pessoa próxima: e afinal de contas como evoluiu o estado de saúde das meninas?
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De Anónimo a 07.12.2023 às 13:07


Alguns não conseguem ver mais nada além da política. Também alguns veem o que lhes interessa ver.
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De anónimo a 06.12.2023 às 22:41


Um "Data Center" tem necessidadde de imensa energia. (Um "Mining Center" necessita muito mais).

Sendo que em Portugal, especificamente em Sines, não existe excesso de produção de energia a partir de fontes energéticas nacionais ... estamos perante um caso em que se vai exigir importação de energia, sempre despendiosa, não economicamente justificada. 
Porquê tanto interesse, tanto atropelo a Leis vigentes, para concretizar um desastre económino para o País?. Tudo cheira a esturro.
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De Anonimo a 07.12.2023 às 16:29

De certeza que há estudos quanto ao impacto no consumo de energia. De certeza.
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De Anónimo a 07.12.2023 às 13:04

Não há sistemas perfeitos mas o problema atenua-se bastante com publicidade e transparência de modo a o que acontece ser do conhecimento público. E a quem incumbe fazer isto?

Em vez de publicidade e transparência, quase 50 anos depois do 25 de Abril, temos censura. Temos também um povo com pouca cultura que se deixa manipular e que não consegue ver os principais problemas.
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De s o s a 07.12.2023 às 22:43

umas tantas passagens merecem concordancia plena (como "sistemas e regras"   ou o  " numero de santos" ). Até mesmo a parte em que repeitamos o que diz quem consideramos,  mas coisa que nem pode ser de outra maneira. 
Mas é assim, se face aos comentarios recebidos, conclue que entenderam o que diz , otimo.  Pela minha parte nao consigo fazer o resumo, alem das criticas  que expressa. 
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De Anónimo a 08.12.2023 às 12:57

O sistema de alocacao de consultas e bem claro. O que aconteceu foi um descarado abuso e corrupcao por parte do mais alto magistrado do pais. 
Houvesse boa-fe neste comentario ao incidente e o que se exigiria, era uma sancao a quem prevaricou a qual dissuadiria mais prevaricacoes. 
Nao apelar a mais uma estafada, nebulosa "reforma do sistema".
 
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De henrique pereira dos santos a 08.12.2023 às 15:33

Aprender a ler também era uma boa ideia, no seu caso
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De Anónimo a 09.12.2023 às 11:39

Pois é pah… o presidente que te da um
Jeitasso de momento e um escroque e tu escreves uma toalha sobre “a cultura do respeitinho “
E quem aponta a claríssima tergiversação que daqui decorre e porque não sabe ler…

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