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É repugnante ouvir um pedinte que desbaratou com clientes e amigos os fundos que lhe confiaram indignar-se quando lhe perguntam se não foi essa uma das causas de estar impreparado para o pior.
É repugnante ver celebrar um défice zero feito à custa de calotes, de cativações e da ruína dos serviços públicos, acompanhados do maior saque fiscal de sempre, da descapitalização das empresas, da asfixia da poupança privada.
É repugnante ouvir dizer que o maior saque fiscal de sempre foi uma baixa de impostos.
É repugnante ouvir um primeiro-ministro dizer que não falta nada a um Serviço Nacional de Saúde que o seu governo colocara em situação de ruptura antes da pandemia, e ao qual, chegada a pandemia, falta dinheiro, pessoal, camas, máscaras, luvas, testes, ventiladores, e muito mais.
É repugnante ouvir o Presidente desta República repetir, como nos fogos, que se fez o melhor que se pôde.
É repugnante ouvir uma Directora Geral de Saúde dizer que um vírus do chinês nunca vai chegar cá, semanas antes de ele chegar e começar a matar.
É repugnante ouvir a mesma Directora dizer que as luvas não servem para nada porque não há luvas; que as máscaras não servem para nada porque não há máscaras, que os testes não servem para nada porque não há testes nem houve preparação.
É repugnante e incapaz e cúmplice uma oposição que se cala.
É repugnante ver ainda nos mesmos cargos os membros do governo que defendem o combate aos privados, cujo pessoal, instalações e competência agora estão obrigados a «requisitar».
É repugnante ver ainda nos mesmos cargos os irresponsáveis e perdulários que «ofereceram» o horário de trabalho de 35 horas, que, segundo juravam, não teria nem custos, nem consequências no funcionamento dos serviços, mas teve custos proibitivos, e teve consequências graves, e contribuiu gravemente para a ruína do SNS.
É repugnante ouvir o PR que aprovou a medida, prometendo estar «muito atento» a eventuais consequências, estar depois, extremamente distraído das consequências para que fora sobejamente alertado.
É repugnante ouvir quem se apresenta como jornalista dizer que ninguém estava preparado para esta pandemia, sem escrutinar, sem identificar as diferenças entre o imprevisto absoluto, e a impreparação grave de quem arruinou o médio e longo prazo para só tratar do imediato e da propaganda.
É repugnante ouvir os mesmos travestis de jornalistas aplaudirem o fingimento de apoios do governo português ao emprego e às empresas -- aquilo a que Roque Martins chamou bem uma mão cheia de nada --, sem um reparo sobre a burocracia, as demoras, as ilusões, e indignarem-se com os seus ódios de estimação, Boris Johnson e Trump, países onde o apoio directo ao emprego e às empresas representa respectivamente 3,7% e 6,7% do PIB (na UE, 0,3%).
É repugnante ver esses mesmos celebrar o crescimento, enquanto Portugal caminha a passo firme e socialista para país mais pobre da Europa.
É repugnante ouvir os travestis de jornalistas que choravam o desemprego não terem nem uma palavra, nem um comentário, nem uma notícia para o facto de o lay off «simplificado» (palavra!) só produzir efeitos em finais de Abril.
É repugnante ver directores de informação (de desinformação, na verdade) censurar peças, opiniões e programas a pretexto de unidade, mas na realidade por cumplicidade, cobardia e demissão.
É repugnante ver as suas estações de televisão tomarem ares doutorais e condenatórios de quem tem que sair à rua, do mesmo passo que promovem campanhas irresponsáveis e obtusas segundo as quais «vai ficar tudo bem».
É repugnante ver eleitas a nobres actividades as acções «das autoridades» que prendem pessoas que queriam trabalhar. É repugnante a ausência «das autoridades» quando trabalhadores de lares de terceira idade vêm à janela gritar que os salvem da morte.
É repugnante ver celebrar a diminuição da dívida pública em percentagem do PIB, enquanto a dívida subia a novos recordes que deixaram o país mais vulnerável e impreparado perante crise biológicas ou económicas. É repugnante pensar que, depois da pandemia e da recessão trágicas que encontraram o país indefeso, nunca mais esta espécie de governo nem a espécie dos seus criados nos media voltarão a falar desse racio dívida/PIB.
É repugnante relembrar a trupe lamentável que fez da eutanásia uma prioridade, e a cantou, e a celebrou, e vê-la agora caladinha, a ver se ninguém repara que uma pandemia lhes vai oferecer abundância de «eutanásias-sem-querer».
É repugnante ver presidir a tudo isto quem optou pela quarentena sem boa razão para o fazer, e agora fala de unidade, e, em vez de temer a incompetência e o engano, anda preocupado com pesadelos radicais.
É repugnante prever que este governo incapaz e estes media sem brio nem vergonha dirão, no fim, que fizeram o seu melhor (o que, visto quem são, é verdade), que não era possível fazer mais (uma mentira ululante), e que foi tudo culpa -- as infecções, as mortes, a desorganização, as falências, o desemprego, a miséria -- de um evento extravagante .
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O capitalismo funciona na base da confiança entre ...
"...Ventura e António Costa são muito iguais, aos ...
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