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À volta de 1980, creio, fiz parte dum grupo de amigos que alugou uma casa de praia no Portinho da Arrábida, que pertencia ao industrial e coleccionador de arte Manuel Vinhas, então exilado e humilhado, que assim julgava protegê-la de ocupações e rapinas. Na biblioteca da sala, folheei um pequeno álbum da Artis dedicado ao pintor Júlio Pomar, com uma agradecida dedicatória deste ao seu mecenas. Seria interessante que esse livro ainda existisse como mais uma prova provada do muito que os artistas neo-realistas e outros ficaram a dever a homens como Vinhas e Brito, um assunto «desconfortável» que foi irradicado da história da arte portuguesa do século passado...
Isto a propósito do próximo leilão do quadro de Pomar, O Almoço do Trolha, que escorre inspiração portinariana. Também ele vem duma colecção particular (desconheço quem seja), e de facto como documento duma época mereceria estar exposto numa instituição cultural de alguma relevância. Todavia, quando vemos que as colecções dos nossos museus e centros culturais de primeira linha vivem escondidas nas Reservas, para que nos salões se exponham os equívocos da arte contemporânea, essa praga, não fará pois mal que o quadro de Pomar — considerado uma das peças essenciais dessa corrente literária e artística que pôde dominar décadas durante a ditadura salazarista que contestava — passe a novas mãos e olhos privados.
Alguém comentou ser inacreditável que não pertença já ou venha a pertencer ao Museu do Neo-Realismo, instituição cujos recursos próprios devem ser reduzidíssimos. É lícito considerar que à Fundação Mário Soares dificilmente ele virá a pertencer, se isso depender dos bolsos do seu patrono. Porém, pode bem acontecer ainda que a Câmara de Lisboa o compre para cedê-lo ao Atelier-Museu Júlio Pomar, mas isso seria já um redondo absurdo, atendendo à gritante descapitalização e abandono que a autarquia está a impor aos seus serviços culturais, como sucede com a contorcionística extinção da sua valiosa hemeroteca (encerrada para mudança de instalações há dois anos!!) e a asfixiante míngua em que as outras vivem.
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