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Recolhidos às catacumbas

por João Távora, em 06.04.23

Rua Rosa.jpg

Não há muitos anos, numa das derradeiras vigílias pascais celebradas pelo Pe. João Seabra na Basílica dos Mártires, que eram acontecimentos religiosos de uma beleza inolvidável, sempre profundamente solenes e participados (Igreja cheia até à rua), lembro-me bem do choque sentido à saída: com a minha mulher e filhos no caminho para o parque de estacionamento do Camões, e depois no carro, no percurso até à 24 de Julho, entrávamos numa realidade paralela. Enfrentávamos um mar de gente, magotes de foliões, jovens e menos jovens, rapazes e raparigas, mais ou menos excêntricos, a encher as ruas e praças, divertindo-se nos bares e esplanadas, às portas das discotecas, de copos e garrafas nas mãos, absolutamente alheios à Páscoa que acabara de chegar. Então, esfregou-se-me na cara que nós os católicos actualmente somos uma minoria quase irrelevante, e que a força da mundanidade envolve-nos, subjuga-nos cada vez com mais vigor, a ponto de ser uma tarefa hercúlea passarmos aos nossos filhos os valores e cultura cristã.

Ao tempo da minha adolescência, ocorrida na segunda metade dos anos setenta, o espaço público era marcado essencialmente pela televisão do Estado (só havia dois canais) e ainda reflectia o calendário religioso com uma programação sóbria, nomeadamente com episódios da vida de Jesus, algum filme sobre a bíblia, ou um concerto de música clássica.

Aqui chegados, ainda foi com espanto que soube que a Liga de Clubes marcara um “jogo grande” como o Benfica - Porto para o serão de Sexta-feira Santa, amanhã justamente à hora da Via Sacra. Não me estou a queixar, mas esse sinal é a evidência de que Portugal já não é um país católico. Estamos prestes a recolher às catacumbas.

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28 comentários

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De Anónimo a 06.04.2023 às 18:31

Há um evidente exagero do João na ultima frase. Nos dias de hoje, não há qualquer impedimento na celebração da Páscoa. Há é menos gente que celebra a Páscoa, pois agora celebra-se o fim de semana prolongado e o início do bom tempo que permite sair de casa confortavelmente. São sinais dos tempos onde a celebração máxima cristã deixa de ser celebrada.
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De Anónimo a 06.04.2023 às 18:56

O senhor Távora parece preso ao passado. A sociedade evolui e hoje vivemos numa sociedade laica, em que cada um é livre de praticar (ou não praticar) a religião que entender, desde que não interfira com os direitos dos outros.
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De Anónimo a 07.04.2023 às 00:26

Caro Sr Távora, essa "recolha" é a meu ver suspeita. Tem ares de fuga aos casos de pedofilia dos quais, a bem ou a mal, a igreja é acusada
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De Anónimo a 07.04.2023 às 11:26

Sem dúvida que é um sinal dos tempos haver " menos gente que celebra a Páscoa, pois agora celebra-se o fim de semana prolongado e o início do bom tempo que permite sair de casa confortavelmente".
Mas não sei se vivem num tempo melhor aqueles que não "parecem presos ao passado". Enfim, confrangedora a superficialidade dos simples. Bem-aventurados os pobres de espírito...


  «Hoje, salta-nos aos olhos a incapacidade da sociedade do bem-estar acompanhar, com um mínimo de profundidade, a densa questão filosófica e existencial(...) Tudo se resolve com uma escapadela turística e muita gastronomia, evitando-se qualquer convite ao questionamento sobre a nossa condição e razão de existir, à inquietação e ao espanto. A geração mais bem preparada de sempre (e a dos seus pais) disfarça mal a inaptidão para questionar a vida além do superficial e do plausível – uma hipnótica série de televisão resolve facilmente o tédio de tanto bem-estar. De resto, como referiu certa vez Stephen Hawking, “a Filosofia está morta”. Hoje não é mais do que um capricho caricato e inútil de uns quantos excêntricos (e não foi sempre assim?). A Salvação vem perdendo procura na medida em que nos vamos dissipando na precariedade do entretenimento e no sentimentalismo, infantilizados pelo apoucamento auto-induzido da nossa própria humanidade.

Mas vale a pena deixar por momentos de lado os ovos e os coelhinhos de chocolate para deitar um olhar à repudiada cruz. Ao menos na Páscoa.» - por João Távora

Um texto para ler e reflectir, ao menos na Páscoa:

https://observador.pt/opiniao/o-anjo-de-getsemani/

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De Anónimo a 07.04.2023 às 12:05

"...Tem ares de fuga aos casos de pedofilia dos quais, a bem ou a mal, a igreja é acusada".

Não resisto a uma maldadezinha: "Quando alguém aponta para a Lua, o imbecil só vê o dedo" (provérbio chinês)
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De Anónimo a 07.04.2023 às 14:53

Pois, eu também não sei se os tempos serão melhores. Só sei que tudo muda com o tempo e a relação com igreja, não se confunda com a fé, muda também. 
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De lucklucky a 07.04.2023 às 16:59

"A sociedade evolui e hoje vivemos numa sociedade laica, em que cada um é livre de praticar (ou não praticar) a religião que entender, desde que não interfira com os direitos dos outros."



Absolutamente falso. A Religião que veio substituir as outras : A Politica vai de vento em poupa.  És obrigado a seres Socialista mesmo que o não sejas.

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De Anónimo a 07.04.2023 às 17:29

Ó lucklucky, a ti obrigaram-te a seres parvo?
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De xarneca a 06.04.2023 às 18:48

a Europa da última década está irreconhecível
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De Helena a 06.04.2023 às 19:25

É verdade! Lembro- me bem desses tempos! Não sei se os canais RTP 1 e 2, ainda são capazes de passar algum filme relativamente à vida de Jesus na Terra ou mesmo amanhã, na sexta-feira Santa. 
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De Anonimo a 06.04.2023 às 19:46

As sandálias do pescador. Quo vadis.


Os tempos mudam. A rtp pode passar o que quiser,  será sempre batida pelo Fortnite e Last of Us.


Oh tempo, volta para trás...
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De Jorge a 06.04.2023 às 20:28

Eu vou celebrar a Páscoa hoje na Sé de Leiria. Sinto-me em comunhão com Deus . Mas tempos houve em que também eu andava afastado. Na juventude andamos tresmalhados mas mais tarde ou mais cedo os milagres acontecem. Tenhamos fé. 
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De João Brandão a 06.04.2023 às 22:38

Tendo em conta as circunstâncias actuais, isto é, os tempos mudaram, e para que não continuemos 'presos' ao passado, deveria o Estado acabar com o feriado de Sexta-Feira Santa, p. ex.
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De Anónimo a 06.04.2023 às 22:57

Portugueses são os catolicos deste canto à beira mar plantado o resto é estrangeirada e estrangeirados!!! É urgente mudar a Capital de Portugal para uma cidade em que os Catolicos dominem senão....O centro de Lisboa já pertence aos Mecas... E o inacreditável é que a seita que domina o estado em Portugal que repovoar Portugal com Mecas, Edires Macedos... Os parasitas apoderar am se do estado em Portugal
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De Ricardo A a 07.04.2023 às 14:03

E o sr papa Bergoglio (a quem o cata-vento de Belém se apressou ao beija mão assim que tomou posse faz 7 anos,  se tornando numa especie de mais papista que o papa) está pronto a vir beijar os pés a essa gente toda, inclusão universalista dizem. 
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De Anónimo a 07.04.2023 às 16:44

Recomendo um psiquiatra ao Anónimo das 22:57 e ao comentador "Ricardo A".
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De Ricardo A a 07.04.2023 às 18:01

Sim, não deves ter espelho em casa. Mas um espelho que mostre a massa nestum desse cérebrum. 
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De Ricardo A a 07.04.2023 às 18:04

Antigamente havia os alcoólicos anónimos,agora há mais imbecis anónimos. 
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De Ricardo A a 07.04.2023 às 18:06

Refiro-me ao das 16:44 obviamente. 
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De Anónimo a 07.04.2023 às 21:11

Parece que o Ricardo Apelido Anónimo ficou triggered.
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De Francisco Almeida a 07.04.2023 às 13:04

"Estamos prestes a recolher às catacumbas."

Como previu Ratzinger, ainda cardeal. Na Europa a religião católica tornar-se-à quase clandestina.
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De pitosga a 07.04.2023 às 17:39


João Távora,
Acredito que as "coisas" mudam. Duas, três, quatro vezes por século e por região. O que não muda é a espécie humana. Quem souber do passado percebe o que se passa e o que se vai passar. Eu creio, dada a imutabilidade da espécie, que é algo no género "vira o disco e toca o mesmo". Não gosto do que vejo mas a maior, mais rica e influente organização humana dura há mais do que dois milénios.

Abraço
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De balio a 10.04.2023 às 14:24


foi com espanto que soube que a Liga de Clubes marcara um “jogo grande” como o Benfica - Porto para o serão de Sexta-feira Santa


O catecismo da Igreja Católica manda (corrija-me o João Távora se eu estiver incorreto) "guardar os domingos e os dias feriados". Não há neste preceito qualquer graduação entre os "domingos" e os "dias feriados": o crente tanto deve "guardar" uns como os outros. Logo, há tão boas razões (ou falta delas) para se jogar futebol num feriado, como num domingo. Se é usual jogar futebol aos domingos, porque não há de tal ser usual num qualquer feriado, por exemplo na Sexta Feira Santa? E se fôr interdito na Sexta Feira Santa, não deverá também ser interdito aos domingos?


Eu quando vivi na Alemanha (há uns 30 anos), todos os jogos de futebol eram ao sábado (eu por vezes ia assistir). Não havia futebol aos domingos, por motivos religiosos. Cá em Portugal, na mesma época, o futebol era sempre aos domingos - e a Igreja e os fiéis não se queixavam!

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