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Racismo woke? Não tem problema

por henrique pereira dos santos, em 09.11.24

De facto conheço muito mal a sociedade americana (as outras também, já agora).

Por acaso ouvi esta entrevista de uma woke a explicar por que razão Trump ganhou (parece que várias vezes antes das eleições ela disse isso mesmo, ganhando credibilidade por esa independência de espírito que lhe permite ter opiniões não alinhadas com o que seria normal no seu contexto, de que são exemplo algumas das coisas interessantes que diz nesta entrevista).

Fiquei de boca aberta quando percebi a tranquilidade e bonomia com que são recebidas opiniões manifesta e radicalmente racistas, sem o mínimo esboço de perplexidade por parte da entrevistadora.

Pretender que, ao contrário do que algumas pessoas pensam, as ideias identitárias não foram rejeitadas pelo eleitorado, elas foram mesmo essenciais para a vitória de Trump que soube falar para a identidade branca, é racismo puro e duro.

Ouçam a entrevista, eu teria dúvidas se alguém me dissesse que ela disse isto, partiria do princípio de que era uma leitura distorcida, portanto ouçam, para ter a certeza de que é mesmo isto que ela diz (já agora, de forma inteligente, divertida, cativante, a entrevista é curta e vê-se muito bem).

Uma das ideias base, se não a ideia base da senhora, é a de que a identidade das pessoas é definida pela sua cor de pele, coisa que dita de outra maneira e por pessoas com cores de pele diferentes, com certeza não seria ouvida com a mesma tranquilidade e bonomia por parte do interlocutor.

Isto tem alguma importância?

Não propriamente, eu acho que as pessoas têm o direito a ser racistas, têm o direito a expressar pontos de vista racistas, mas desengane-se quem achar que é completamente irrelevante o facto da wokaria continuar a perorar impunemente sem contraditório, ideias combatem-se com ideias, discursos combatem-se com discursos e eu continuo a achar que é útil responder a esta gente que a cor da pele não define a identidade de ninguém, mesmo que possa contribuir para a sua definição, em função do contexto de cada um de nós.


15 comentários

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De cela.e.sela a 09.11.2024 às 11:17

«"Acordei." Este é o significado literal da palavra "woke", passado do verbo wake, que significa "acordar, despertar".
«O uso do termo "woke" surgiu na comunidade afro-americana. Originalmente, ele queria dizer "estar alerta para a injustiça racial".
«O termo ressurgiu na última década com o movimento Black Lives Matter, (https://www.bbc.com/portuguese/geral-55387003) criado para denunciar a brutalidade policial contra as pessoas afrodescendentes. Mas, desta vez, seu uso se espalhou para além da comunidade negra e passou a ser empregado com significado mais amplo.

Até que, em 2017, o dicionário inglês Oxford acrescentou este novo significado de woke, definido como: "estar consciente sobre temas ociais e políticos, especialmente o racismo (https://www.bbc.com/portuguese/topics/cpzd4zxpvq2t)".

Assim como algumas pessoas se autodefinem com muito orgulho como alguém woke, ou atento contra a discriminação e a injustiça, outros utilizam o termo como insulto.

«O próprio dicionário Oxford faz esta distinção. Após a definição, ele acrescenta: "esta palavra é frequentemente empregada com desaprovação por pessoas que pensam que outros se incomodam muito facilmente com estes assuntos, ou falam demais sobre eles

como tudo: dá forte e passa depressa

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De Francisco Almeida a 10.11.2024 às 11:12

Ou sou eu que estou errado ou o dicionário Oxford é, no mínimo, minimalista, no máximo, conivente.
Parece claro que nenhum mal há em ter preocupações com problemas raciais. E ainda que seja uma preocupação exagerada, será apenas isso, um exagero. Continua a não ser errado.
O erro do "wokismo" é o método. Por um lado lê o passado sem enquadramento temporal, por outro ignora a verdade dos factos que subordina ao conceito ideológico. Alexandra Ocasio-Cortez, congressista americana e um expoente "woke" exprimiu isso claramente quando criticou as pessoas que se refugiam na verdade dos factos ignorando a moral (a moral dela, evidentemente).
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De Anonimus a 09.11.2024 às 15:29

O Daily Show e quejandos já teve os seus dias. Larry Willmore explicou em poucas palavras ainda esta semana.
Os media continuam a doutrinar, e a influenciar. Só que já não são os NY Times, as CNN, os Colberts, agora são os Daily Wires, os Tuckers, Rogans, Shapiros e Cia. 
Não esquecer que cada vez mais gente não tem sequer televisão. Quanto mais ler um jornal. 
Os democratas apostaram como sempre nas celebridades, mas a verdade é que o Jordan Peterson vale tanto como a Oprah. 
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De Anonimus a 09.11.2024 às 15:48

Não é uma questão sequer de racismo. É mesmo de acreditarem que as pessoas se identificam por raça, género e orientação sexual, e portanto é assim que são segmentadas. A Kamala falou (tentou) às mulheres, aos negros, aos latinos; o Trump falou à classe trabalhadora, que inclui mulheres, negros e latinos.
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De Filipe Costa a 09.11.2024 às 16:28

"ideias combatem-se com ideias, discursos combatem-se com discursos e " eu continuo a achar que o povo americano fartou-se da wokaria, isso está concentrado em maluquinhos citadinos desocupados e campus universitários.


É o fim do woke, ele veio de lá e contaminou a Europa, com Trump o povo dos EUA disse: "Estamos fartos de aturar malucos. Internem-nos.".
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De lucklucky a 09.11.2024 às 16:29

Não percebo a surpresa. 
É racismo com aprovação académica das melhores universidades americanas por isso pode ser. 
O Neo-Marxismo vulgo Woke, expansão do mercado eleitoral do Marxismo para passar a incluir qualquer relação humana sobre o prisma do explorador e do explorado necessário pois o capitalismo acabou com a maior parte da pobreza nunca teria aparecido sem a larga aceitação dos pessoas ligados ao mundo do espetáculo, jornalistas.


Daily Show é pura esquerda.


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De Anónimo a 09.11.2024 às 17:22

Perdoem a ignorância  : existe alguma comunidade euro-americana ?...
Juromenha
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De M.Sousa a 10.11.2024 às 11:27

Não existe. Essa é a suprema ironia do wokismo, criado pelos floquinhos de neve WASP (White Anglo-Saxon Protestant). Rotolaram toda a gente a partir da cor da pele: Latinos/Hispânicos, Afro-americanos,  asiatico-amaricanos, nativo-americanos ... ou seja, os que não têm rótulo, os brancos WASP, são os verdadeiros americanos... 
E este Wokismo, elitista, branco, racista qb, mas correcto, como diz HPS no seu post, é o nucleo duro do Partido Democrata. 
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De Anonimo a 10.11.2024 às 14:44

Tem sede em Tel-Aviv
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De lucklucky a 11.11.2024 às 00:17

E tivemos um idiota.
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De O apartidário a 10.11.2024 às 09:24

No Observador hoje 10 Novembro:

O estrondo da derrota de Kamala está a levar a uma espécie de caça aos culpados. Deixando de lado a culpabilização de Biden por este não ter as capacidades que os seus agora detractores garantiam que ele tinha (a propósito como foi possível até 28 de Junho, dia do debate Biden-Trump, não ter tido destaque noticioso o facto de o presidente dos EUA estar notoriamente fragilizado?), está a tornar-se evidente que o wokismo terá sido grandemente responsável pelo desastre dos Democratas. O que provavelmente vai levar os até agora prosélitos dessa perspectiva política a deixarem-na cair como quem muda de camisa. Mais provavelmente ainda, a propaganda do momento presente será substituída por outra ainda mais distópica, mas que num aṕice se tornará na nova verdade urgente. E mais uma vez, para não estragar a epopeia progressista, vai omitir-se o que é inconveniente e transmitirem-se outras crenças, enquanto se subestimam os factos.

Agora a sério, camaradas jornalistas (e não só), quando acaba o activismo? É melhor que se apressem a responder a esta pergunta porque o jornalismo não pode esperar por muito mais tempo.

Helena Matos no Observador

https://observador.pt/opiniao/camaradas-jornalistas-e-nao-so-quando-acaba-o-activismo/
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De António a 10.11.2024 às 09:45

Os “Democratas” americanos fizeram uma campanha baseada no medo, no ódio, no desdém e na desinformação. E pelo que vai aparecendo nas redes sociais alguns acreditaram mesmo e estão genuinamente assustados.
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De Anonimus a 10.11.2024 às 10:33


Ainda hoje vi uma manifestante/activista a queixar-se de que a vida ia ficar má para "eles". Com "eles", querem dizer "ele". 
A Dra Kamala enterrou-se ao negar ir conversar com o Rogan. É o mesmo que um candidato a PM recusar a Margarida Marante depois do opositor lá ir, cobardia. Ir lá até poderia ser pior, mas nunca poderia recusar.Europa que feche as fronteiras, vem aí uma onda de refugiados de LA.
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De M.Sousa a 10.11.2024 às 15:13

É verdade.  Vem aí uma avalanche de floquinhos de neve ... 
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De JPT a 12.11.2024 às 11:17

Obrigado pelo link. Gostei da senhora, porque foi a primeira pessoa de esquerda que não veio com a treta da "economia" (que teve o seu papel, claro, sobretudo para "racionalizar" o voto em Trump) e que afirmou, sem hesitação, que Kamala Harris perdeu por causa da reacção à agressão "woke" - ou seja, porque Donald Trump, sendo uma besta, era a única opção disponível a pessoas que não só vêem o mundo como esta senhora vê, mas querem obrigar toda a gente a ver o mundo dessa maneira, como esta senhora quer. Ela acha que foram os homens, e de entre os homens, os brancos aqueles que mais reagiram contra o seu ideário, e eu acho que ela tem razão, pois esses são os principais visados pela maluqueira "woke". Espero, agora, que esta senhora não faça escola, e que os comentadores, jornalistas e intelectuais continuem a insistir que o factor decisivo desta eleição foi a "economia", e prossigam o "bom caminho" em que esquerda vem insistindo, porque, parece-me que esse é o modo mais certo de garantir que a direita ganha eleições (salvo em Portugal, claro, que foi transformado num país de pedintes, para quem a liberdade é uma consideração secundária).

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