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Questões de fundo

por henrique pereira dos santos, em 14.07.23

Estava eu a hesitar sobre se escrevia um post sobre o artigo que os eurodeputados do PS escreveram no Público, a propósito das votações sobre a lei do restauro da natureza, quando hoje o Observador tem um artigo que é muito mais interessante do que quer que eu escrevesse a este respeito.

Beatriz Soares Carneiro, a convite da Oficina da Liberdade, escreve um artigo impecável (com a excepção de seguir a linha oficial de chamar restauração ao restauro, mas enfim, isso é um problema que decorre de uma má opção dos tradutores das instituições europeias) que se sintetiza muito bem numa das suas frases: "Estes movimentos foram o suficiente para servir de sinal de alerta aos conservadores do centro-direita europeu de que o Green Deal não estava a ser percebido pelos cidadãos como um “Pacto” com eles, mas sim como uma agenda que estava a avançar apesar deles e, em alguns casos, contra eles".

Aparentemente, não é apenas nas questões ambientais que os cidadãos sentem que o pacto base da democracia foi substituído por agendas que se executam, apesar das pessoas, e não com as pessoas a que dizem respeito.

E é desse ponto de vista que o artigo subscrito por todos os eurodeputados do Partido Socialista é exemplar e talvez merecesse um comentário: numa página inteira de jornal, em que se ataca a direita por se unir à extrema direita (oh santinhos! o facto de um argumento, aparentemente, ter funcionado bem uma vez, não diz nada sobre a sua eficácia futura nestas matérias, sobretudo se aquilo a que chamam extrema-direita se vai instalando democraticamente no poder em vários países e regiões, sem que daí resulte nenhum regresso do fascismo), sem que haja uma única explicação sobre a necessidade de uma lei europeia do restauro da natureza.

Pelo contrário, toda a argumentação vai no sentido de dizer que a direita está enganada, nada do que dizem que foi aprovado se verifica, porque a lei é uma lei de objectivos (que é como quem diz, é uma lei, mas não é bem para aplicar), é uma lei que vai ser flexibilizada, por decisão do Conselho Euopeu, em que os diferentes Estados-Membro da União vão ter toda a latitude para adaptar às suas condições específicas, enfim, a direita não tem razão porque o que está escrito na lei não é para levar a sério.

Mas lá explicar para que raio é precisa uma lei de restauro da natureza quando na Europa os sistemas naturais estão a recuperar extraordinariamente desde que se inventaram os adubos azotados industriais, isso é que os senhores deputados não se dão ao trabalho de explicar.

E as pessoas comuns, que estão mais preocupadas em saber se conseguem pagar a casa todos os meses que com os riscos do fascismo que Ventura representa, lá se vão cansando e apoiando progressivamente mais quem lhes parece que responde aos seus problemas quotidianos, ou melhor, quem responde melhor à sua percepção de quais são os problemas quotidianos das pessoas comuns.


8 comentários

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De balio a 14.07.2023 às 10:17


agendas que se executam, apesar das pessoas, e não com as pessoas a que dizem respeito


Agora uma das agendas é forçar as pessoas todas a substituir os automóveis com motor de combustão interna por automóveis elétricos.


Sem olhar ao facto de que tais automóveis, embora apropriados para algumas pessoas, trarão imensas, para não dizer mesmo insuperáveis, dificuldades a algumas outras.
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De lucklucky a 15.07.2023 às 10:19

O poder politico já está fora de controlo do voto há algum tempo. 
É a arrogância do democrata por ter o voto. 
O truque é apresentar várias propostas na campanha eleitoral, ganhar as eleições e depois adicionar uma data de outras politicas que não foram apresentadas a voto.
Todas as actividades humanas acabam exploradas e corrompidas. Chegou a vez da democracia.

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