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Querido PS, leva lá de volta as tuas ferramentas na trouxa

por José Mendonça da Cruz, em 01.10.15

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 Obrigado querido PS pelo teu esforçado discurso e pelas tuas tristes ferramentas nesta campanha eleitoral tão gira. Agora que ela praticamente acabou podes guardá-las na malinha e levar para casa (vê lá isso da penhora!), que a gente de momento não precisa de nada disso.

 

Obrigado pelo teu Estado empreendedor. Não leves a mal, mas quando descobrimos que o Estado empreende, os teus agentes gerem, e no fim a gente é que paga ficámos um bocadinho indispostos. Talvez passe, mas para já vais ter que ter paciência.

Eu sei, eu sei que é lindo ter autoestradas panorâmicas que levam ao mesmo sítio a que conduzem outras duas (ainda hoje me vieram pedir uma nota para continuar a pagar uma delas) e onde podemos conduzir em paz e sozinhos, admirando as eólicas que nos fazem tão modernos (ainda ontem me vieram pedir uma nota para pagar rendas a uma delas). Eu sei que é negar o progresso recusar um TGV muito lindo e deficitário. Eu sei que é superdinâmico, eu sei que é inovação à farta, mas – desculpa lá – estou assim céptico, agora prefiro um intervalo.

 

Leva também contigo, querido PS, o teu famoso crechimento. Eu sei que me queres pôr mais dinheiro no bolso, eu lembro-me que gostas de me ver a gastar à farta, mas – que queres? – eu fiquei escaldado desde que vieram uns senhores bater à porta a dizer que nos tinhas arruinado. E agora que estou pobre mas tenho as contas em ordem, não leves a mal, desconfio. Guarda lá o dinheiro (que, por acaso até é meu) que eu, por agora fico aqui a ver as empresas a exportarem, a balança comercial a ser favorável, a surpreender-me com o saldo orçamental primário, a ver o emprego a aumentar e a ver se compreendo essa novidade democrática, de – dizem-me os entendidos – pela primeira vez desde o 25 de Abril Portugal estar a enriquecer. Eu sei que sou burro, mas – que se há-de fazer?! – estas coisas aumentam-me a confiança.

 

Olha, PS, meu querido, para já mete também na malinha a tua fé nas empresas estratégicas. Ainda no outro dia voei na Tap e, desculpa lá, não senti diferença nenhuma. E ainda por cima contaram-me que se a Tap tiver prejuízos, a partir de agora não me vêm ao bolso a pedir que lhe acuda. E, olha, a PT e o BES também não me fazem falta. Eu sei que nenhum dos teus negaria ao Salgado os 2,5 mil milhões que ele foi pedir tão modestamente, e que tinha levado como era costume se não fosse esse mau do Passos Coelho. E eu sei que a PT faz muita falta, onde é que agora metemos os amigos e os pendurados, onde é que vamos gabar os gestores do século, onde é que nos vamos surpreender com os negócios agilizados ou congelados conforme do outro lado está ou não está gente amiga? E a grandeza internacional, e a modernidade?! Na PT e no BES aquilo é que era modernidade e grandeza. E agora?! Agora, tantas empresas para aí à solta, entregues aos diabos privados, sem tu lhes pores uma mão que as guie… Vai ser um despautério! Mas nem sei explicar, estou a gostar assim. Deve ser por ser burro.

 

Ah, e por agora, meu PS tão querido, leva também na trouxa as tuas pessoas. É verdade que eu fico sempre comovido quando tu dizes que a política hoje em dia é gélida e nua e fria, e que tu é que tens uma política para as pessoas. Mas eu hoje não estou muito precisado, fica para outro dia. Sabes?, é que, não sendo muito inteligente, eu acho que as tuas pessoas cabem assim num conceito muito teu, muito de seita e pequeno, não me parece que as tuas pessoas sejam as pessoas que eu vejo, oiço e conheço. Mas isso há-de ser por ser estúpido, evidentemente.

 

E por fim, meu PS tão fofinho, leva também contigo nos pertences a tua solidariedade. A solidariedade de que tu não gostas – a do cumprimento dos tratados, a da esforçada reestruturação da dívida, a do pagamento dos débitos, a da credibilidade, a da subida dos ratings, a da confiança dos mercados e dos credores – tem-me parecido bastante boa. Já a tua, não devendo eu muito à inteligência, parece-me mais esquisita. Olha, leva-a para casa. Com um ambiente tão mau e as contas da própria casa em desordem acho que te vai fazer falta.

 

E esquecia-me... Leva também -- eu sei que é pesado, mas faz um esforço -- o pedestal em que te pões e a saca de superioridade moral que trazes sempre contigo. 

 

E volta um dia, ou então não voltes. Sabe-se lá… Em Deus permitindo a estupidez nacional alastra e nunca mais te reconhecem os méritos.


9 comentários

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De luis miguel a 01.10.2015 às 17:45

Eu percebi bem? Quem vota PS é estúpido? Portanto quem não pensa como o senhor é estúpido? Assume o maniqeuísmo? Gostaria muito de ler a sua resposta, como vê, não há aqui nenhum ataque pessoal.
Mas a mim, em tudo na vida, assustam-me as pessoas cheias de certezas que olham para o mundo a preto e branco. Agradeço que me responda.
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De José Mendonça da Cruz a 01.10.2015 às 19:14

Meu caro Luis Miguel, vá já à drogaria e compre 3 comprimidos de ironia (os de interpretação de textos estão esgotados). Tome com água e espere 30 minutos. Depois compreenderá que estou a glosar a afirmação do PS de que se não ganhar é porque os portugueses são estúpidos
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De h. a 01.10.2015 às 18:48

"Crechimento"? E poderia estar certo, se o acordo existisse: quem nos garante que não crechimento não é a pronúncia culta do Piauí?
De resto, concordo. Esta gente do costa+socratas é perigosa.
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De José Mendonça da Cruz a 01.10.2015 às 19:51

O do PS é  mesmo crechimento. Que diabo, o resto não está suficientemente bem escrito para tornar evidente que crechimento foi de propósito?
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De RO a 01.10.2015 às 23:42

Nem esta entenderam?! A ironia está difícil de passar hoje..
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De Ali Kath a 01.10.2015 às 18:56

o ferrari 'empanou' e acabou o trajecto de burro
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De Anónimo a 01.10.2015 às 23:41

Para mim há um caso que marca definitivamente o destino de Costa e do PS, pois foi a partir daí que na realidade a coligação passou para a frente nas intenções de voto dos portugueses, e que foi a questão da TAP. Costa revelou-se como um oportunista sem soluções, aproveitando a guerra destrutiva do sindicato dos pilotos da TAP. Costa não só não tinha uma proposta exequível para salvar a empresa, como ainda por cima mostrou ao que vem, que é paralisar o país. O Governo em funções já nem podia governar tal o convencimento dos socialistas que seriam eles os vencedores. Portugal tinha de parar até que a "nobreza" Xuxa fosse "entronizada". E por vontade deles as eleições tinham de ser antecipadas porque os outros tinham de ser corridos porque sim, porque isto é tudo dos socialistas. Tenho a convicção de que os portugueses ficaram muito mal impressionados com isto (basta recordar como aquela greve mereceu a condenação geral da opinião pública) e a partir daí passaram a olhar Costa com olhos muito mais críticos.


Desde então, Costa encostou-se a tudo o que é grupo de pressão contra o Governo, mas felizmente para Portugal, o PS não vencerá as eleições, ou o país estaria perante a tragédia de para além de ter um futuro Primeiro-ministro incompetente, este estaria completamente refém das promessas feitas, muitas delas contraditórias, sem capacidade para tomar decisões difíceis e fazer escolhas. 
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De João. a 02.10.2015 às 10:34

"E ainda por cima contaram-me que se a Tap tiver prejuízos, a partir de agora não me vêm ao bolso a pedir que lhe acuda."



Também lhe contaram isso sobre o BES e no entanto já só os boys e as girls do PaF insistem que não vai haver perdas para o povo.
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De Luis Pinheiro da Silva a 02.10.2015 às 18:54

PS vai  para longe e se fores patrótico NÃO VOLTES

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