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"Quase 1500 mortos em 24 horas"

por henrique pereira dos santos, em 29.07.20

Este título está em grande destaque no Observador, mas poderia ser noutro qualquer porque a orientação é a mesma.

Depois lê-se o texto a que o título diz respeito e percebe-se que 600 correspondem a uma mera reclassificação administrativa das causas de mortalidade feita no dia anterior.

Resumindo, o título é falso (não, não morreram quase 1500 pessoas em 24 horas, registaram-se 1500 mortes em 24 horas, das quais, umas seiscentas correspondem a mortes ocorridas antes e que agora foram classificadas de outra maneira).

Na verdade há nisto matéria informativa substancial: a reclassificação constante da mortalidade covid, isso sim, é notícia porque nos ajuda a ler melhor os números: o que classificamos como mortalidade covid não é absolutamente lienar.

É normal e natural que assim seja, esse é um problema desde a primeira hora - não é específico desta doença, a atribuição da causa da morte de uma pessoa não é matemática e há margem para diferenças de opinião ou de critério - e por isso a Organização Mundial de Saúde tem procurado, tanto quanto possível, padronizar a definição do que é uma morte covid.

Só que racionalizar a informação, dar contexto, ajudar-nos a compreender a realidade, tudo isso é posto de lado, a favor da perspectiva mais assustadora. Ainda ontem ou anteontem lia que as mortes aumentaram porque num dia registou-se uma morte covid e no dia seguinte foram registadas três. Qual é o significado desse aumento? Nenhum, claro, nem o valor de um dia tem qualquer interesse em si, nem variações desta ordem de grandeza dizem o que quer que seja de útil.

Mas é assim que vamos sendo conduzidos para aceitar parvoíces como a obrigatoriedade de máscaras na rua, como decidiram agora na Madeira, sem que haja uma única base técnica sólida que apoie essa medida.

Nem mesmo as recomendações da Organização Mundial de Saúde, já muito marteladas por pressão da opinião pública e dos governos, desesperados por dar a impressão de que controlam a epidemia e fazem tudo o que está ao seu alcance para proteger os eleitores, aconselham o uso indiscriminado de máscaras na rua.

Estará na altura de percebermos que quem determina a evolução da epidemia é o vírus, não os governos, e que nos cabe defendermo-nos dos efeitos da doença, e não armarmo-nos em super-heróis capazes de parar o contágio de uma epidemia em curso, coisa que nunca aconteceu antes.

E para os jornalistas estaria na altura de perceber que o seu papel não é serem soldados de guerra nenhuma, mas apenas, o que já não é pouco, colectores de informação que nos ajude a compreender o mundo.

Por exemplo, bem podiam escrever coisas assim.


11 comentários

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De João Távora a 29.07.2020 às 10:35

Não encontro o artigo...
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De Anónimo a 29.07.2020 às 11:09

"lapdogs in the media" é como são tratados os jornalistas pelo autor do artigo que indicou.

Sorte a dos nossos que o HPS trata como "soldados de guerra nenhuma".
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De Anónimo a 29.07.2020 às 15:47

1 - Um amigo que vive na Holanda telefonou a perguntar como estavam as coisas em Portugal relativamente à Covid. Disse-me que não dava para perceber nada sobre a realidade através das notícias. É verdade. Infelizmente o jornalismo está a reduzir-se à completa redundância. 


2 - O número de mortos diários está na ordem de grandeza das unidades. Dificilmente se pode acreditar que isto é um problema sério. 


Susana V.
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De voza0db a 29.07.2020 às 22:30


Comparando com as ~600 mortes mensais por pneumonia que ocorrem TODOS OS ANOS em Portugal, claramente esta constipação/gripe/pneumonia não trouxe nada de novo!


Aliás, por estes dias já morreram mais pessoas com mais de 65 anos devido ao calor no que durante o suposto "pico da pandemia"!


https://postimg.cc/JD1N4nDk



Ver televisões e ler jornais é desperdício de TEMPO e outros recursos!
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De pitosga a 29.07.2020 às 17:49


Se não for por mão própria vós enriquecei-nos por outras mãos: O Argonaut é um achado!

Grato

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De Anónimo a 29.07.2020 às 18:50

"Estará na altura de percebermos que quem determina a evolução da epidemia é o vírus, não os governos, e que nos cabe defendermo-nos dos efeitos da doença."



esta frase está ali a meio caminho entre o movimento anti-vacinas e da dieta paleolítica. 
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De Anónimo a 30.07.2020 às 08:18

dou por mim a desejar que o número de mortes não dispare novamente só para não o ver fazer figuras tristes, definitivamente não tem noção do que escreve.
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De henrique pereira dos santos a 30.07.2020 às 08:24

Figura triste é dizer disparates como o que diz no primeiro comentário.
Falta de noção do que se escreve é escrever que espera que o número de mortes não dispare por causa de uma diferença de opiniões qualquer.
O mais natural é que o número de mortes aumente nas zonas temperadas do hemisfério Norte, as que concentram o maior risco de morte associada à covid, dado o envelhecimento das populações e a prevalência das doenças associadas à morte covid, e isso depende mais da forma como a epidemia evoluir e da forma como protegemos o mais vulneráveis que da ideia estúpida de que é possível, e desejável, controlar contágios congelando os contactos sociais.
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De Carlos Sousa a 30.07.2020 às 14:33

Mesmo que o número dispare para o dobro não ultrapassamos o número de mortos do ano passado causado pela gripe. É só ver no Google. 
A propósito você sabe quantos morreram de gripe este ano? Ou este ano não houve gripe normal?
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De voza0db a 29.07.2020 às 21:57

A OMS é um antro de salafrários... Quem ainda não tem isto presente é porque perde muito tempo a ler notícias falsas no "Observador"

Retirado do sítio da OMS - data 16ABR2020 (lá se vai a teoria de que "... tem procurado, tanto quanto possível, padronizar a definição do que é uma morte covid.")

2.DEFINITION FOR DEATHS DUE TO COVID-19

A death due to COVID-19 is defined for surveillance purposes as a death resulting from a clinically compatible  illness, in  a  probable  or  confirmed  COVID-19  case, unless  there  is  a  clear  alternative cause of death that cannot be related to COVID disease (e.g. trauma). There should be no period of complete recovery from COVID-19 between illness and death.A death due to COVID-19  may  not  be  attributed  to  another  disease  (e.g.  cancer)  and  should  be counted independently of preexisting conditions that are suspected of triggering a severe course of COVID-19.

Se atentarmos no simples FACTO de que para cada teste RT-qPCR positivo podemos ter, para a mesma amostra, um teste negativo, podemos então concluir que não há uma única morte com a etiqueta "COVID"!

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