Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]




Quando é para maldizer, não há des-Câncio

por João-Afonso Machado, em 02.05.21

Foi-me especialmente agradável a leitura de uma crónica no Observador de um senhor, para mim até agora desconhecido, João Pedro Marques de seu nome.

O tema andava em volta da Ex.ma Senhora D. Fernanda Câncio, doutora de profundos conhecimentos sobre Portugal até algures na primeira década deste século. Depois dedicou-se à política, dedicou-se ao Passado, dedicou-se a imensas coisas frutíferas menos as que lhe passavam diante do nariz e até lhe terão proporcionado bons e caros momentos de lazer.

Mas indo à dita crónica. Nela se comentavam as inefáveis sentenças da Ex.ma Senhora D. Fernanda Câncio sobre o discurso do presidente Marcelo no 25 de Abril. Ou o seu inesperado apelo de reconciliação dos portugueses com a sua História.

A Ex.ma Senhora D. Fernanda Câncio achava que não. Vai daí, embrenhou-se numa maçadora - com a devida vénia a S. Ex.cia - diatribe sobre a Guerra Colonial, lida e interpretada no seu tempo e à luz dos dias de hoje. Para concluir pela nefanda portugalidade (quiçá porque enseja propor mais alguma obrigatoriedade, por exemplo a dos casamentos inter-raciais).

João Pedro Marques limitou-se a invocar a legislação pombalina de 1761, que aboliu a escravatura na Metrópole e nas actuais Regiões Autónomas. Era o suficiente? - inquire. Não, claro, mas era um passo à frente do tempo, no meado do século XVIII.

E eu acrescentaria: fomos depois o primeiro País (obviamente em Monarquia) a abolir a pena de morte. E dos últimos em consentir o voto das mulheres, mas, retroagindo, agora em República.

A Ex.ma Senhora D. Fernanda Câncio sabe isto e muito mais. Sabe até que nunca será uma Ex.ma Senhora D. Mas o vício é quem manda. E o vício chama-se desconstruir.

 


23 comentários

Sem imagem de perfil

De Anónimo a 03.05.2021 às 09:45

«Hipócrita, tira primeiro a trave dos teus olhos, e então verás claramente para tirar o cisco que está nos olhos dos outros.» 



 É o que apetece dizer sobre esta jornalista, agora tão metida "a" historiadora, que não vê ao perto, nem tem olhos para os problemas da actualidade e para aquilo que a rodeia, aqui mesmo à frente do seu nariz, como julgo lhe competia.  Refiro-me, evidentemente, ao caso de "Odemira" e às condições de vida insalubres e de trabalho quase escravo dos trabalhadores migrantes do sudoeste alentejano. 


"entre estufas, trabalhadores estrangeiros, contentores habitacionais, etc,  reina a selvajaria!"

"Tudo isto é mais antigo, já com meia dúzia de anos. Nessa altura iam limpar matas, hoje estão enclausurados em contentores, obrigados a permanecer, por razões sanitárias, fechados precisamente nas suas “situações de insalubridade habitacional inadmissível”, e cuja Resolução do Conselho de Ministros n° 178/2019, até prolonga por 10 anos. Milhares de pessoas fechadas em centenas de contentores".

"Foi preciso uma pandemia para conhecermos estas vidas miseráveis. De repente, sabemos que a Câmara Municipal, ao fim destes anos, está “a perceber a dimensão deste problema”. Que a ACT pede regulamentação para poder agir. Multiplicam-se denúncias de escravatura, tráfico de pessoas, etc.

E é, efetivamente, escravatura."

É caso para perguntar à jornalista Câncio, se do conforto da sua capital não se "avistam" estas coisas comezinhas. Onde tem estado e o que tem feito, onde estão as suas notícias, as suas reportagens e os seus artigos e o seu "activismo" militante por "causas"? É que tratando-se de um caso grave não se lhe conhece nenhuma luta, nem petições pelos Direitos Humanos, nem uma denúncia de tráfico de pessoas, exploração e escravatura dos trabalhadores migrantes ao longo de todos estes anos? E eles estiveram sempre aqui, um palmo à sua frente, durante anos.

Há outras coisas que "estão a dar" mais, é preciso cavalgar a boa onda.

st

Comentar post



Corta-fitas

Inaugurações, implosões, panegíricos e vitupérios.

Contacte-nos: bloguecortafitas(arroba)gmail.com



Notícias

A Batalha
D. Notícias
D. Económico
Expresso
iOnline
J. Negócios
TVI24
JornalEconómico
Global
Público
SIC-Notícias
TSF
Observador

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Comentários recentes

  • Hugo

    A confiança constrói-se. Já se percebeu com quem M...

  • Filipe Bastos

    Perante resposta tão fundamentada, faço minhas as ...

  • Filipe Bastos

    O capitalismo funciona na base da confiança entre ...

  • anónimo

    "...Ventura e António Costa são muito iguais, aos ...

  • lucklucky

    Deve ser por a confiança ser base do capitalismo q...


Links

Muito nossos

  •  
  • Outros blogs

  •  
  •  
  • Links úteis


    Arquivo

    1. 2024
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    14. 2023
    15. J
    16. F
    17. M
    18. A
    19. M
    20. J
    21. J
    22. A
    23. S
    24. O
    25. N
    26. D
    27. 2022
    28. J
    29. F
    30. M
    31. A
    32. M
    33. J
    34. J
    35. A
    36. S
    37. O
    38. N
    39. D
    40. 2021
    41. J
    42. F
    43. M
    44. A
    45. M
    46. J
    47. J
    48. A
    49. S
    50. O
    51. N
    52. D
    53. 2020
    54. J
    55. F
    56. M
    57. A
    58. M
    59. J
    60. J
    61. A
    62. S
    63. O
    64. N
    65. D
    66. 2019
    67. J
    68. F
    69. M
    70. A
    71. M
    72. J
    73. J
    74. A
    75. S
    76. O
    77. N
    78. D
    79. 2018
    80. J
    81. F
    82. M
    83. A
    84. M
    85. J
    86. J
    87. A
    88. S
    89. O
    90. N
    91. D
    92. 2017
    93. J
    94. F
    95. M
    96. A
    97. M
    98. J
    99. J
    100. A
    101. S
    102. O
    103. N
    104. D
    105. 2016
    106. J
    107. F
    108. M
    109. A
    110. M
    111. J
    112. J
    113. A
    114. S
    115. O
    116. N
    117. D
    118. 2015
    119. J
    120. F
    121. M
    122. A
    123. M
    124. J
    125. J
    126. A
    127. S
    128. O
    129. N
    130. D
    131. 2014
    132. J
    133. F
    134. M
    135. A
    136. M
    137. J
    138. J
    139. A
    140. S
    141. O
    142. N
    143. D
    144. 2013
    145. J
    146. F
    147. M
    148. A
    149. M
    150. J
    151. J
    152. A
    153. S
    154. O
    155. N
    156. D
    157. 2012
    158. J
    159. F
    160. M
    161. A
    162. M
    163. J
    164. J
    165. A
    166. S
    167. O
    168. N
    169. D
    170. 2011
    171. J
    172. F
    173. M
    174. A
    175. M
    176. J
    177. J
    178. A
    179. S
    180. O
    181. N
    182. D
    183. 2010
    184. J
    185. F
    186. M
    187. A
    188. M
    189. J
    190. J
    191. A
    192. S
    193. O
    194. N
    195. D
    196. 2009
    197. J
    198. F
    199. M
    200. A
    201. M
    202. J
    203. J
    204. A
    205. S
    206. O
    207. N
    208. D
    209. 2008
    210. J
    211. F
    212. M
    213. A
    214. M
    215. J
    216. J
    217. A
    218. S
    219. O
    220. N
    221. D
    222. 2007
    223. J
    224. F
    225. M
    226. A
    227. M
    228. J
    229. J
    230. A
    231. S
    232. O
    233. N
    234. D
    235. 2006
    236. J
    237. F
    238. M
    239. A
    240. M
    241. J
    242. J
    243. A
    244. S
    245. O
    246. N
    247. D