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A Montis, uma associação de conservação da natureza a que estou ligado, resolveu informar o mundo que está à procura de quem queira trabalhar nela.
A Montis começou a nascer numas conversas entre quatro pessoas, João Cosme, Paulo Pereira, Nuno Gomes e eu, e neste percurso, ainda antes da formalização da associação, Nuno Gomes resolveu saltar do barco, porque querer uma associação diferente daquela que realmente foi feita (por exemplo, considerava uma estupidez andar a fazer processos de crowdfunding para comprar terrenos porque isso não funcionava, enquanto os outros entendiam que a associação deveria dar prioridade absoluta à ligação com as pessoas comuns, em vez da habitual procura de influência sobre quem tem o poder de distribuir dinheiro, o que implicava tentar pôr as pessoas a financiar o essencial da associação, incluindo a compra de terrenos).
Desde então, Nuno Gomes tem uma posição distante sobre a Montis, e resolveu dizer que o anúncio para que ligo acima (um anúncio bastante banal, aliás, que como é costume na Montis nem define o valor a pagar ao contratado por se considerar que isso depende de quem apareça) configurava trabalho escravo.
Jóni Vieira, que é técnico da Montis e está de saída (exactamente por isso é que queremos contratar outra pessoa), respondeu com um comentário que acho que ajudará quem tenha dúvidas sobre se vale a pena concorrer, com medo de que realmente a Montis seja uma organização sem respeito pelas pessoas (já agora, foi eleita uma nova direcção no dia 10 de Dezembro, que tomará posse em Janeiro, e dos seus orgãos sociais constam três antigos funcionários da Montis. Sabendo-se que na Montis há uma norma estatutária que impede a acumulação de cargos electivos com pagamentos, separando claramente funções profissionais do exercício de cargos electivos, acho que é um bom indicador de que nenhum destes funcionários deixou a Montis zangado com a associação).
"eu sou (ainda) técnico da MONTIS. Como vou sair dentro de pouco tempo tomo a liberdade de escrever o que vou escrever abaixo, sem falar com ninguém dentro da associação, nem técnicos, nem Direcção. Aliás já agora, e como prelúdio do que escrevo abaixo, nunca precisei de pedir a ninguém para fazer qualquer tipo de trabalho de comunicação dentro da MONTIS. Quando no início eu pedia para reverem antes de publicar diziam: está bem, mas deve é publicar. Se for mau aprende e depois faz melhor para a frente. Embora eu não esteja dentro dos assuntos da nova Direccao, julgo que este posto de trabalho seja para dar continuidade ao meu trabalho, porque eu estou de saída. Se não for exactamente para isso será para algo próximo, julgo eu. A minha passagem pela MONTIS foi tudo menos trabalho de escravo. Foi uma oportunidade de trabalho como poucas. Na MONTIS eu encontrei uma associação que procura além do óbvio, que não tem medo de fazer diferente, com as coisas boas e más que isso traz, certamente. A MONTIS deu ouvidos ao que eu tinha para dizer, parvoíces e disparates incluídos. Talvez tenha sido o emprego em que mais aprendi até hoje, e não foi só sobre gestão da natureza e da paisagem (trabalho há mais de 15 anos). Mas aprender à séria, com as mãos na massa. Não simplesmente a ouvir alguém mais elucidado do que eu a dizer-me como fazer as coisas. Aprender contando quantos carvalhos tinham rebentado depois do fogo. Aprender de tesoura na mão a podar carvalhos, e a regressar na primavera seguinte para avaliar resultados do que tinha sido feito. Aprender trabalhando com voluntários e sapadores, biólogos e técnicos de comunicação, conservacionistas e técnicos florestais, celuloses e ONG's de ambiente. Sempre me foi estimulado e valorizado o espírito crítico. Sim, julgo que acima aquilo que sempre me exigiram foi que fosse crítico (coisa pouco comum). Perdi a conta ao número de vezes que me perguntaram: O que acha? O que podemos fazer diferente? Como estão as coisas a evoluir? Como correu? Tenho as maiores dúvidas que algum dia encontre um emprego na área da conservação da natureza onde haja tanta liberdade para experimentar modelos/ técnicas/ abordagens sem seguir cegamente o que já se faz por este país fora nesta matéria. Se o meu trabalho na MONTIS fosse trabalho de escravo, eu já tinha saído há muito tempo. Dito isto, se os candidatos procuram um trabalho aborrecido, a fazer o mesmo de manhã à noite, que não obrigue a pensar como fazer melhor e de forma mais eficiente, das 9 às 5, sem questionar o que está a fazer ou porque o faz, é melhor irem procurar noutro sítio. Esta é a minha experiência dentro da MONTIS. Não sei como será daqui para a frente."
Resumindo, se alguém está à procura de um grande trabalho, com grandes meios, para fazer grandes coisas e brilhar, não concorra: a Montis é uma pequena associação, com poucos meios que espera gerir uns milhares largos de hectares daqui a cem anos.
Para já, o que temos para oferecer é um ordenado limitado mas minimamente justo, liberdade para pensar, experimentar, avaliar e aprender, muita chatice e frustração, muitas vezes, e uma posição de saída deste trabalho seguramente muito melhor que a da entrada (por isso a rotação de técnicos é maior do que seria desejável, porque não conseguimos, ainda, pagar de forma competitiva em relação a empregos cuja possibilidade de acesso é francamente aumentado pelo trabalho feito na Montis).
Mas também a satisfação de se ser tratado com respeito e de fazer conservação da natureza em concreto, em vez de dizer a outros o que deveriam fazer, umas vezes falhando, outras vezes vendo que o trabalho de há umas semanas, uns meses e uns anos valeu a pena e, dentro de cem anos, estaremos a gerir muito mais terra e a produzir muito mais biodiversidade, de forma financeiramente sustentada.
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