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Era evidente que uma auditoria à CGD que abrangesse 15 anos ia apanhar praticamente todos os gestores de bancos (banqueiros) do país. Portugal é um bidé. Todos se conhecem e se não se conhecem já "ouviram falar", toda a gente é parente mais próxima ou mais distante de alguém, toda a gente é amiga ou amiga de um amigo de alguém.

No caso concreto da Caixa Geral de Depósitos, há meia dúzia de bancos que dão emprego a uma geração de administradores, ou mesmo duas, e a probabilidade de  ter no currículo a passagem pela CGD (a mais recente liability do sistema financeiro português) é enorme. Só a idade e uma carreira estável de largas décadas (o que já não existe) num qualquer banco evitariam estar agora na quadratura do círculo dos administradores da Caixa Geral de Depósitos de 2000 a 2015. 

É fácil ver incompatibilidades na outra banda.

O governador do Banco de Portugal, diz-se que, tem um conflito de interesses porque esteve na administração da CGD naqueles 15 anos abrangidos pela auditoria da EY. Também já se tinha posto a questão das "suspeitas de falta de independência" quando se descobriu que tinha sido o responsável pelas offshores quando era quadro do BCP.  

A vice-Governadora Elisa Ferreira tem o marido que foi vice-presidente da La Seda, uma das empresas com o maior incumprimento de crédito à CGD. Mais uma acha para a fogueira das incompatibilidades.

Gabriela Figueiredo Dias, presidente da CMVM, é filha de um administrador do BPI (pediu escusa para assuntos relacionados com o banco).

Mas a questão das "suspeitas de incompatibilidades" é uma espiral sem fim. Paulo Macedo esteve no BCP ao lado de Armando Vara na administração liderada por Carlos Santos Ferreira. Armando Vara que por sua vez está preso.

Também se pode olhar de soslaio para o facto de Carlos Tavares, que foi durante anos presidente da CMVM, agora estar no Montepio.

Não acabam os exemplos de "potenciais incompatibilidades".

Portugal é um país pequeno, de poucos empregos e baixos salários, como escapar a este circulo fechado e limitado de empresas e de relações? Será que a independência implica ausência de qualquer contacto? É um caso a pensar nesta caça às bruxas.

Por exemplo Berardo pediu dinheiro emprestado à CGD e deu ações como garantia. Ora isso era o pão nosso de cada dia nos bancos até 2007. Todos os bancos davam crédito assim. Todos emprestaram para comprar ações (talvez se exceptue aqui o BPI). Desde o insuspeito Santander Totta até à suspeitíssima CGD. Talvez a diferença que é importante salientar é quem, ou que banco, é que executou os colaterais quando as ações que serviam de garantia começaram a cair a pique, e quem é que o não fez e porquê? 

Por falar em incompatibilidades. Mais um exemplo de que este país é um bidé. Como é possível que em 46 operações de crédito e mais umas operações de mercado, identificadas pela EY na auditoria à CGD não tenha havido pelo menos um dos escritórios de advogados de referência a trabalhar com alguma destas empresas. Incompatibilidades? Não há escritório de advogados, que se preze, sem elas. Os advogados são caros e difíceis de contratar em Portugal. A CGD revelou que teve de contratar três escritórios (e pode não ficar por aqui) para analisar os atos de gestão daquele período para, eventualmente, colocar ações de responsabilidade civil sobre ex-gestores. Isto é o que acontece a um país com as caraterísticas do nosso.

Depois há outro tipo de "incompatibilidades", menos formais, chamemos-lhe assim. Mário Centeno é "independente de espírito" face ao Governador do Banco de Portugal que o seu ministério tutela? Pode levantar-se sempre a questão da histórica má relação entre ambos quando trabalharam juntos no Banco de Portugal.

Pode-se questionar tudo e vamos acabar a não chegar a conclusão nenhuma.

Somos um país de incompatibilidades, conflitos de interesses ... e de salários baixos.


8 comentários

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De Luís Lavoura a 12.02.2019 às 11:32

Mas sendo o país assim, não seria viável, questiono eu, termos, pelo menos no Banco de Portugal, um ou mais administradores estrangeiros, importados, os quais nunca tivessem estado metidos no balde de merda que é a administração dos nossos bancos?
Eu digo, o Banco de Inglaterra, e outros bancos centrais, são ou já foram no passado administrados por estrangeiros. Portugal poderia e deveria fazer o mesmo. O nosso Banco de Portugal não é obrigado a pagar baixos salários - tem autonomia e pode pagar os salários que quiser - e portanto poderia pagar (e se calhar paga mesmo) salários que pudessem cativar um administrador estrangeiro.
É que realmente, ter à cabeça do Banco de Portugal um gajo que já andou a fazer as mesmas merdas que agora lhe cabe supervisionar, não me parece grande ideia!
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De Luís Lavoura a 12.02.2019 às 11:35

Todos emprestaram para comprar ações

Isso é uma burrice de todo o tamanho, até me custa a crer como o fizeram, e porquê. Já se sabe que ações podem facilmente cair de repente para metade do seu valor (aconteceu recentemente às dos CTT), logo, dificilmente ou jamais são uma garantia que se apresente.

Até custa a crer, as asneiras que se fizeram na nossa banca e que a MTA aqui nos revela.
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De Anónimo a 12.02.2019 às 16:03

Junto-me a este comentario. Em todo o lado se passa esra imagem de que era comum emprestar dinheiro contra ações na época. Era e é. O crime não é esse, o crime é emprestar sem pedir muito mais açoes como garantia do que o que se está a emprestar. O crime é não ficar logo previsto que se começa a vender as açoes no proprio dia em que elas valham menos de 150% do emprestimo caso nao se adicionem imediatamente mais colaterais. 
Essas seriam as condiçoes "de mercado". Nas condiçoes do senhor Joe qualquer um compraria um banco.
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De Luís Lavoura a 13.02.2019 às 10:00

o crime é emprestar sem pedir muito mais açoes como garantia do que o que se está a emprestar

Claro.

Recentemente contraí um empréstimo num banco para investir. Como garantia, o banco ficou com outros produtos de investimento que eu lá tenho. Mas o banco só me emprestou cerca de 70% do valor dos produtos que eu lhe entreguei como garantia; mais não empresta, porque os produtos podem descer de valor. E esses produtos que eu entreguei como garantia não eram ações - eram (e são) produtos muito mais seguros. Se fossem ações, o banco provavelmente nem aceitaria tomá-los como garantia. Ações são produtos demasiadamente voláteis para serem usados como garantia de um empréstimo.
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De Anónimo a 12.02.2019 às 12:45

Uma questão de modas?.
Trump abriu uma guerrinha -bem fundamentada- com o seu "Fed".
Salviny quer fechar aquela  "loja" (em mais que um sentido) e proibi-la de mexer no ouro "italiano".
...
Quem e como se vendeu o ouro por cá?.
Tudo processos que pecam por não ter sido postos em causa há muito.
E porque não foram?.
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De Luís Lavoura a 12.02.2019 às 17:52

O Banco de Portugal já teve, em tempos não tão recuados, dois governadores (Luís Miguel Beleza, de 1992 a 1994, e José Silva Lopes, de 1975 a 1980) que nunca tinham sido administradores bancários. Ou seja, não é preciso ter tido as mãos na merda para saber limpá-la. Talvez fosse altura de regressar a isso.
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De monge silésio a 12.02.2019 às 19:37

Nenhum deputado.. jornalista..... quer ou quis saber dos Constâncio's a multinacional burlona, 
No mais  o apuramento de factos está ntencionalmente prescrito...é o que ocorre num dos países mais socialistas da Europa a Tugulandia, onde o Ronaldo da bola é mantido no honorífico da República, os julgamentos têm muita conversa, e demoram meses e meses de repetições e salamaleques  (olhem 
aqui ao lado em Espanha)... 
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De Anónimo a 14.02.2019 às 11:55

Por enquanto o Vítor Constâncio está a passar pelos "pingos da chuva", graças ao Costa......António !.


Esperemos para ver.....




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