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Portugal sem contágios depende de todos

por henrique pereira dos santos, em 14.07.20

Durante anos a doutrina de gestão do fogo em Portugal condensava-se no slogan "Portugal sem fogos depende de todos".

O slogan durou muitos anos (acabou recentemente) e durante esses muitos anos a esmagadora maioria das pessoas que diziam qualquer coisa sobre fogos não tinham a mínima dúvida sobre a justeza do slogan.

E tanto assim era que quase todos os países, pelo menos durante algum tempo, tinham adoptado a mesma filosofia de gestão do fogo. Não era possível estarem todos enganados, sendo bem conhecidas algumas figuras associadas a esta doutrina de gestão do fogo, a mais conhecida de todas seria sem dúvida o Smokey Bear "Remember... Only YOU Can Prevent Forest Fires".

E, no entanto, esta doutrina tinha dois problemas.

1) O paradoxo do fogo: quanto mais eficiente era o controlo das ignições e dos fogos, maior era o potencial destrutivo do primeiro fogo que fugisse de controlo;

2) Em Portugal, mas nos outros países não deve andar longe, quase 90% da área ardida resultava de menos de 1% das ignições, o que significava que podíamos reduzir em 90% as ignições e isso ter um efeito marginal na área ardida.

Ou seja, ao concentrarmo-nos num factor, as ignições, com o argumento de que sem ignições não há fogos - uma lógica inatacável que terá sido, em grande parte, responsável pela persistência da doutrina do "Portugal sem fogos depende de todos" - descurámos quer a impossibilidade material de reduzir as ignições a zero, quer o trabalho na alteração das condições estruturais para a existência de grandes fogos com grande potencial destrutivo.

Essencialmente esquecemos o papel imunitário do fogo em relação ao fogo. É certo que é uma imunidade temporária, o que implica a vacinação periódica, mas ainda assim podemos contar pelo menos com uma imunidade de cinco anos depois de um fogo intenso de Verão, e uma imunidade provavelmente menor, três a quatro anos, se estivermos a falar da vacina que desenvolvemos e a que chamamos fogo controlado.

Só quando finalmente percebemos que a doutrina de gestão do fogo não deve ser feita pelos que estão na linha da frente do combate, mas pelos que estão no Estado Maior - Sun Tzu pelos vistos não é estudado na Escola Nacional de Bombeiros nem nas Escolas de Saúde Pública -, que o fogo era um elemento natural com que contar, e não um inimigo a eliminar, é que finalmente percebemos que Portugal nunca deixará de ter fogos e que é preciso conhecimento, persistência e recursos para aprender a conviver serenamente com o fogo, o que implica investir seriamente no trabalho de formiguinha de gestão do contexto, em detrimento das espectaculares campanhas como as do smokey bear e do reforço dos meios da linha da frente.

Um dia também a campanha "Portugal sem contágios depende de todos" acabará, pelas mesmas razões pelas quais acabou a outra: fenómenos naturais gerem-se conhecendo-os e respeitando-os e não pretendendo que toda a gente seja aquilo que não é: uma máquina que vive no meio de uma cidade como se estivesse numa sala de cuidados intensivos, adoptando os procedimentos adequados a uma sala de cuidados intensivos no café ou na relação com os filhos e os netos.

Nós não somos assim e de cada vez que se deu poder ao Estado para fazer de cada um de nós um homem novo apenas interessado no bem comum, o resultado foi trágico.


14 comentários

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De Anónimo a 14.07.2020 às 12:49

Muito bom, como habitualmente. Não será desrespeito pela vida (dos bombeiros) comandá-los para tarefas sisíficas?.
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De Carlos Sousa a 14.07.2020 às 15:25

Pode ser uma reflexão descabida mas tenho a impressão que estamos perante uma forma hitleriana de resolver a pandemia.

Tal como os judeus os infectados são estigmatizados, ostracizados e confinados em campos de concentração que neste caso são as próprias casas. São gaseados diariamente pela comunicação social fazendo-os acreditar que são seres imperfeitos por isso é que são isolados da sociedade.

Está a ser criada uma aplicação para substituir as estrelas e os números dos judeus (perdão dos infectados), e assim ficarmos a saber onde é que anda essa raça.

Chegámos ao cúmulo do presidente da câmara de Mafra dar a morada dos infectados aos presidentes da junta e à policia municipal para controlar essa raça maldita, e desinfectar as casas e os passeios adjacentes.

Eu neste caso proponho que o desinfectante seja à base de fósforo para que de noite seja bem visível e possamos manter uma adequada distância de segurança.

Só espero que no fim, depois de matarem os covides todos não impliquem com a cor do meu cabelo. É que eu não me estou a ver alto e loiro, como os arianos.

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De Luís Lavoura a 14.07.2020 às 17:28

Pois. Bom comentário.
É por isso que eu me recuso a ser testado para o vírus. Já sei que, se descobrem que eu tenho o vírus, vão querer fechar-me em casa. E eu não quero ser fechado em casa, por isso recuso-me a ser testado. Só se me obrigarem!!!
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De voza0db a 14.07.2020 às 20:01


Não te preocupes! Se o "teste" der positivo só tens de pedir o nome fabricante e do kit que usaram e depois vais procurar um kit que para o mesmo ciclo de RT-qPCR dê resultado negativo, e pronto... FICAS sem vírus assim fácil!


Deixo-te aqui uma grelha para alguns kits.



https://i.postimg.cc/RZHxkk1B/RT-PCR-ciclos-pt-GR.png


Diverte-te!
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De pitosga a 15.07.2020 às 13:50


Muito boa advertência acerca da realidade.
Cumprimenta
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De voza0db a 14.07.2020 às 19:45


Fascismo Sanitário.


Para já ainda não entramos na fase do Nazismo! Temos de esperar pela "milagrosa vacina" do Bill VacinasGates para ver se então evoluímos para uma de Nazismo Pandémico!


https://postimg.cc/cKD7jKHG
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De Carlos Sousa a 14.07.2020 às 20:33

Podemos ainda não estar no nazismo pandémico mas olhe que esta pandemia já está a criar uns pequeninos ditadores.

Veja o caso do presidente da câmara de Mafra que já tem a lista dos infectados do concelho e por sua iniciativa divulgou a todos os presidentes de junta.

Até quando iremos tolerar esta violação de direitos?

Será que a pandemia dá direito a qualquer badameco ter acesso aos dados clínicos de qualquer doente?

Vamos ver se esta pseudo pandemia não irá descambar numa guerra civil quando a economia descambar e não houver dinheiro para comprar os bens essenciais.

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De voza0db a 14.07.2020 às 23:20


Já deu para ver que a Manada Tuga tem excelentes níveis de Tolerância!


Ficaram sem nada (desde Futebol/Fátima/Fado) e nem sequer mugiram!


Fecharam-se nos currais (vulgo casas), quando saem, andam alegremente com o focinho coberto com inúteis objectos e obedecem religiosamente às Ordens Republicanas!



Um acontecimento divertido que tenho voltado a observado é que os corruptos da bófia já voltaram à actividade natural de passar multas! Pelos vistos já não vale a pena andar a vigiar as viagens dos rebanhos para além dos pastos (concelhos)...



Perderam os trabalhos. Não faz mal! Enquanto a SS e o Banco Alimentar contra a fome fornecer dinheiro e sacos de papel com comida, respectivamente, a manada não se importa. Claro que se forem entrevistados para um qualquer canal de emissão de propaganda de desinformação os mesmos dirão MAL DE TUDO E TODOS! Só falarão bem do Prof Martelo, o que é irónico pois foi ele que iniciou a DESTRUIÇÃO DE PORTRÓIKAL ao declarar o "Estado de Estupidez" (tcp estado de emergência).



E mesmo que chegue ao ponto que descreve, se nem os frouxos dos militares têm armas, parece-me que a guerra civil será mais uma guerra de likes e bloqueios e censuras nas redes sociais que outra coisa qualquer!


Não se esqueça que não foi a MANADA que tomou a iniciativa de se "libertar" da última ditadura!
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De pitosga a 15.07.2020 às 13:55


Como descobri há meio ano: vamos para as Quintas dos Bill [Clinton & Gates]. O Tedros,
— ele disse que gostava de ser assim chamado, se bem que haja outros nomes —
era o administrador apostólico destas fundações enquanto ministro da saúde na sua pátria.
Tenho pena dele, antevendo o que lhe vai suceder.
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De voza0db a 14.07.2020 às 19:48


Nem é preciso uma aplicação!


https://i.postimg.cc/bNgSrq9W/yellow-stars-nazis-blue-masks-global-elite-nazis.png
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De pitosga a 15.07.2020 às 13:59


Bom comentário. Breve e forte.
Cumprimenta
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De Anónimo a 14.07.2020 às 21:12

caro Senhor


Não me canso de citar  o "diário de um pároco de Aldeia", de Bernanos:
_ Nunca se conseguirá exterminar o mal ( no livro a sujidade) ou o fogo, ou mesmo o contágio. 
Devemos sim , tendo a noção dessa realidade, viver com ela, e contrariá-la na medida do possível.


Com as minhas desculpas pela insistência, apresento os meus cumprimentos


Vasco Silveira
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De Anónimo a 15.07.2020 às 06:22

Está deprimente este país. As vénias submissas do PM ao PM holandês causaram-me repulsa. Um Estado soberano não se verga perante outro. Estes tipos, esta gentalha sem dignidade, não nos devia representar. Aliás, eles nem sabem o que isso significa. 
Depois ainda há o dinheiro fácil que acaba sempre por vir de Bruxelas, sem que maus governos sejam penalizados, ao menos nas urnas!  E deste modo, sem qualquer custo, se perpetuam no poder.
MS
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De Anónimo a 15.07.2020 às 06:26

(cont.)
"Vivemos um período extremamente complicado na nossa história: passaremos por muitas dificuldades se os estados europeus mais rigorosos no uso do dinheiro público não nos ajudarem, mas o nosso sistema político fica defraudado se Bruxelas nos der a mão. O dinheiro mágico liquidou-nos. Vivemos uma verdadeira tragédia que, além de económica, se tornou política."
in Observador, André Abrantes Amaral "O dinheiro mágico liquida-nos".
MS



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