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Fala-se muito da frequência de “massacres” nos EUA e tende-se a associar tal ao elevado número de armas disponíveis. Eu não nego, nem a elevada frequência desses “massacres”, nem a associação à profusão de armas existente.
No entanto, penso que tal, por si só, não explica plenamente o fenómeno. Nos EUA mata-se bastante, quase cinco vezes mais que a taxa de homicídio intencional que existe por cá. No entanto, à escala mundial, esses dados que são maus não são péssimos. São melhores do que os de alguns países que não associamos à violência como Cabo Verde ou a Lituânia. E são muito melhores do que os dos países realmente violentos como a Venezuela, onde se mata dez vezes mais, ou El Salvador que mata vinte vezes mais.
A quantidade de armas de fogo disponíveis será relevante, mas se pensarmos que no segundo pais com mais armas de fogo, a Suécia, se mata pouco, ao ritmo de Portugal, então coloca-se a dúvida de uma correlação directa. A Suíça também é um dos países com mais armas nas mãos de habitantes a a taxa de homicídios é inferior à nossa.
Eu acredito que o problema nos EUA passe pela posse de armas, mas o transcenda, é uma verdadeira cultura das armas. Se um jovem ganha um prémio escolar não é impossível que a recompensa seja uma arma. Fora das zonas costeiras as armas serão um dos temas de conversa de eleição. A quantidade de clubes e de elementos de sociabilização eu passam pelo tiro é impressionante. As armas, em muitos casos, tornaram-se uma sublimação freudiana. E se em El Salvador os assassinatos serão em grande parte cometidos na óptica do crime organizado, os “massacres” os EUA ocorrem quase como que encenação quase religiosa de carácter que roça a transcendência.
Será difícil eventualmente retirar grande parte das armas em circulação nos EUA, mas será ainda mais difícil retirar as armas do imaginário e culto americano. Isso passa de pais para filhos de forma quase atávica.
O meu pai gostava de barcos, a minha mãe gostava de livros. Eu gosto de barcos e livros. Se lá por casa os gostos andassem à volta das armas, a minha vida poderia ser bem diferente. E não penso que melhor.
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