Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Maria de Lurdes Rodrigues não vê nada de relevante no processo de financiamento do tal centro do ISCTE.
É de louvar a coerência de Maria de Lurdes Rodrigues que já em tempos não via nada de relevante nos processos da Parque Escolar.
Piadas à parte, olhemos com atenção para estas declarações que transcrevo:
"É um projecto que é avaliado competitivamente, teve uma avaliação, mas infelizmente na Região de Lisboa e Vale do Tejo o financiamento estrutural é de apenas 40%, fica o problema da contrapartida nacional dos 60% ... o ISCTE, não tendo a possibilidade de, com receitas próprias, cobrir a contrapartida nacional ... escrevo uma carta ao Senhor Ministro da Ciência dando-lhe a possibilidade de um contraro programa para diferentes projectos e o ministro da ciência decide que o contrato programa deve ser celebrado para a obtenção da contrapartida nacional deste projecto".
O que está aqui dito é de conhecimento comum, mas é tão extraordinário que vale a pena tornar bem claras as responsabilidades políticas destas opções.
A União Europeia, e bem, canaliza prioritariamente os fundos estruturais para as regiões que precisam de se desenvolver.
Uma das formas de o fazer é, evidentemente, ter percentagens de financiamento dos projectos diferenciadas, partindo do pressuposto, correcto, de que as regiões mais ricas não só não precisam de tanto dinheiro, como têm recursos próprios para fazerem os investimentos que entendem necessários.
Ora o que esta cândida senhora descreve é a forma como o Estado português esbulha as suas regiões mais pobres para torpedear as políticas comunitárias de coesão, usando os impostos de todos, portanto também das regiões mais pobres, para colmatar as deficiências financeiras de projectos executados nas suas regiões mais ricas. Deficiências financeiras essas que são, na sua origem comunitária, exactamente uma das formas de reequilibrar o desenvolvimento económico entre regiões mais ricas e mais pobres.
Agora é uma questão de olhar para o conjunto de situações deste tipo e de outros - que inclui, por exemplo, justificações ambientais como a descarbonificação para dar prioridade ao financiamento do Metro de Lisboa face ao "transporte a pedido" nas regiões de baixa densidade, para ultrapassar as limitações das políticas de coesão ao financiamento das regiões mais ricas - e facilmente se conclui que a macrocefalia do país não é uma herança da capitalidade de um império global, é mesmo uma escolha das actuais elites portuguesas.
O Henrique tem toda a razão, tanto na crítica que faz aos governantes portugueses para desvirtuarem as políticas comunitárias que visam o desenvolvimento das regiões mais pobres, como na crítica que faz ao balio, sempre lesto a defender o indefensável.
Neste particular, em Portugal tanto os media, como as oposições aos governos, assobiam para o lado - é bem sabido que uma grande fatia dos apoios comunitários dirigidos à agricultura fica pela Região de Lisboa, ora para a elaboração dos "processos", ora para a feitura dos projectos, sempre para olear as diversas máquinas...
Sendo certo que em Lisboa não há campos agrícolas, não falta por lá quem bem se governa à custa dos agricultores. E o mesmo se diga dos pescadores.
Lamentavelmente, quase ninguém fala destas coisas.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
Não é por acaso que grande parte da floresta portu...
"... teremos talvez de desaprender a lição do velh...
"A demagogia adora planos tonitruantes – prisões e...
onde entra a ideologia e a ignorância estraga-se o...
Estranho...não foi no tempo do Estado Novo que arb...