Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Já em tempos publiquei este boneco sobre a confiança dos americanos em diferentes instituições.
Não conheço dados destes consistentes para Portugal, mas eu estou convencido de que a confiança das pessoas comuns no jornalismo e nos jornalistas anda manifestamente pelas ruas da amargura e o resultado das eleições de ontem na Madeira são apenas mais um dos sintomas disso.
Ontem havia quem se indignasse com o resultado de Albuquerque, apesar das suspeitas que o rodeiam.
O que não falta é gente a considerar inaceitável que um arguido possa candidatar-se a cargos políticos.
Talvez não tenha sido tão claro na principal razão para não se aceitar que as incidências jurídicas de processos devam ter tradução automática nas opções dos políticos, como se houvesse sanções acessórias decorrentes de opções judiciais.
Se se aceitar que António Costa não pode continuar primeiro ministro por causa do famoso parágrafo do comunicado da Procuradoria Geral da República (coisa que não aceito, acho uma trafulhice inventada por António Costa para fugir para Bruxelas sem pagar o ónus reputacional que Durão Barroso pagou, ainda ninguém me explicou por que razão, sem nenhuma alteração, o mesmo parágrafo não impede António Costa de ser Presidente do Conselho Europeu), é inevitável que o Ministério Público acabe condicionado nas suas opções de investigação a políticos, ao saber que a divulgação de diligências de investigação judicial não são apenas isso, diligências de investigação judicial, mas são também condicionamento político desproporcional para os visados.
As dúvidas e as suspeições resolvem-se em eleições e as eleições não lavam nem a reputação, nem a responsabilidade jurídica das pessoas envolvidas, que são matérias a tratar com outros meios.
Aparentemente as pessoas comuns intuem isto de forma mais lúcida que a generalidade do jornalismo, que insiste em funcionar à Ventura, considerando uma vergonha tudo e mais alguma coisa que os jornalistas decidam que é inaceitável.
Perderam estas eleições e vão perder as próximas, senhores jornalistas.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.