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Perde a Ucrânia, Europa, China e Russia, ganham os EUA e Putin

por Jose Miguel Roque Martins, em 13.03.22

A Geopolítica , de que tanto falamos, não é uma ciência. É o mero estudo das relações entre entidades políticas. Na sua declinação diplomática real, na Realpolitik, apenas considerações praticas devem ser consideradas. Um dos corolários é uma visão psicopata, em que os outros ( cidadãos de outros estados) em nenhuma circunstância devem ser valorizados. O seu sofrimento, morte e até  felicidade devem ser considerados  como absolutamente irrelevantes. Apenas o nós importa. Outra característica importante desta perspectiva é a de aceitar que tudo pode mudar. O que é verdade hoje pode não ser verdade amanha.  A determinação da melhor política é, assim, determinada em função do momento presente mas também tendo em consideração cenários alternativos possíveis no futuro. Uma complicação, já que há que equilibrar interesses imediatos com possibilidades hipotéticas futuras.

A Realpolitik não é pois para meninos ou pessoas com valores éticos inultrapassáveis. A seu favor, tem a analise histórica que tende a validar que quem a segue, dela beneficia.

A actual situação na Ucrânia, pode por isso ser analisado com critérios éticos ou através da Realpolitiks, que dificilmente conduzem a resultados e conclusões semelhantes.

Olhando sob o prisma ético, é evidente que a Rússia é um bárbaro agressor, que a pífia intervenção do Ocidente é criminosa, que estamos na presença de uma catástrofe humana insuportável e que Putin é uma besta.

Analisando sob o prisma cínico da Realpolitik, as conclusões são diferentes, mais complexas e sobretudo múltiplas e incertas. Já há algumas tendências que se podem traçar. 

Para os EUA, ignorando o sofrimento dos Ucranianos, uma intervenção mais musculada não faz qualquer sentido. Os EUA sofrem (pouco) a retirada da Rússia do comercio internacional,  mas ganham um aumento das despesas militares da Europa e o enfraquecimento, a prazo, da Rússia, sem perder um Homem. Pode finalmente acreditar que só a gestão do nuclear continua a ser relevante na frente Ocidental. A própria destabilização interna da Rússia não deixa de ser um bónus, bem vindo, se produzir resultados. A maior aproximação da Rússia à China seria provavelmente inevitável e certamente não seria menor com intervenção de facto dos Estados Unidos na Ucrânia. Os EUA, são grandes vencedores, A não entrada da Ucrânia na Nato, poderá ter sido simplesmente um engodo à invasão.

A China ganha a dependência da Rússia, o que tem tanto de oportunidade como ameaça. De que forma vai gerir a China um parceiro economicamente dependente mas militarmente poderoso? Ao contrario do que já pensei, parecem-me más noticias. Se aproveitar em sua vantagem a dependência, provoca ressentimento. Se não aproveitar, ganha um fardo prolongado. O brutal nível de sanções aumentaram os custos percebidos de confrontação com o Ocidente. As mãos mais livres dos EUA, uma péssima noticia. O seu principal adversário deixou de ter que jogar em duas frentes. No final, não deverão estar nada contentes. 

A Europa Ocidental, nem tem força militar, nem provavelmente vontade de intervir. Foi surpreendida pelo claríssimo e eventualmente surpreendente não envolvimento dos EUA. É expulsa da sua adolescência militar percebendo, finalmente, que perdeu o pai e que tem que se divertir menos , porque tem que gastar dinheiro em actividades aborrecidas. Perde um parceiro económico importante, enfrentando uma crise petrolífera e alimentar que não afecta os EUA, basicamente autossuficiente. Depois do período de união face a uma agressão comum, pode vir a ser fustigada por divisões internas daqueles que continuarão a não querer pagar a sua quota parte de defesa ou, na direcção oposta, por alguns países se sentirem ameaçadas por uma inevitável hegemonia militar alemã. No limite das vantagens possíveis , num futuro ainda longínquo e improvável, poderá, deixar de ser um anão militar e um pigmeu político. A Europa é um claro perdedor que paga pela sua ilusão do fim da História.

 A Ucrânia, afirma-se como nação, pagando por isso um preço altíssimo, em vidas, bem estar e no mínimo parte importante do seu território, senão mesmo a sua independência por tempo indeterminado. A Ucrânia e os ucranianos são as  vitima desta História.

A Rússia, perde em todos os tabuleiros. Economicamente perde mais de metade do Mundo, militarmente vê os seus vizinhos próximos armarem-se e o seu ditador ficar cada vez mais autocratico.  O domínio da costa do Mar de Azov e Mar negro, no mínimo, a Ucrânia no máximo, muito dificilmente valerão sequer os custos directos da invasão.

 Putin, que também é uma entidade política, ganha. Perder seria ser deposto, o que não parece muito pouco provável. Ao contrario da maior parte das pessoas, acredito que a força da brutalidade total ainda  funciona nos dias de hoje. Muito gostaria de estar enganado. Acredito até, que o reforço do seu poder será o grande motivo da invasão. Se não encontrasse resistência na Ucrânia, prosseguiria com mais invasões até a encontrar. Encontrando-a, fechará a Rússia e mais facilmente eterniza o seu poder, num pais mais pobre, fechado e oprimido. Muitas vantagens podem ser encontradas aqui.

 

PS: O quadro final que tracei é deprimente. Felizmente  nem a Geopolítica é uma ciência exacta, nem eu um dos seus infalíveis interpretes. Na verdade, acordo sempre com a esperança da noticia de um golpe militar em Moscovo.


13 comentários

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De balio a 13.03.2022 às 16:46


A Europa é um claro perdedor que paga pela sua ilusão do fim da História.


Os EUA, são grandes vencedores


Certíssimo. Os EUA saem vencedores e a Europa perdedora.


Precisamente por estes factos, não se entende porque continua a Europa atrelada à estratégia americana. Porque continua a Europa a fazer exatamente o mesmo que os EUA.


A Europa deveria eliminar as sanções económicas à Rússia, que não são do seu interesse, e estimular a Ucrânia a aceitar uma solução negociada. E, naturalmente, deixar de lhe fornecer armas, pelo menos armas de agressão.
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De Elvimonte a 14.03.2022 às 00:32


Isso é o que fariam pessoas racionais tendo como prioridade os verdadeiros interesses dos europeus, que lhes pagam os salários e as mordomias. Infelizmente, não são esses os atributos que vemos hoje na generalidade da classe política do mundo ocidental.


Muito pelo contrário, o que se vê na generalidade são seres dominados pela emoção de curto prazo, estereotipados, sem perspectiva global, sem perspectiva nacional, desgarrados da realidade, capazes de infligirem sofrimento às suas populações sem que daí resulte qualquer benefício, capazes de ontem estarem muito preocupados com a COVID-19, hoje estarem muito peocupados com a Ucrânia, tendo já esquecido a pandemia, e terem sempre esquecido a guerra civil que se trava no Iémen há 8 anos, com a Arábia Saudita associada a uma das facções. 


«According to ACLED, over 100,000 people have been killed in Yemen, including more than 12,000 civilians, as well as estimates of more than 85,000 dead as a result of an ongoing famine due to the war.»


Fica a parecer que os ucranianos são as vítimas da moda, que usam calças slim fit, ao contrário dos iemenitas que morrem à fome.
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De balio a 14.03.2022 às 09:48


o que se vê na generalidade são seres dominados pela emoção de curto prazo


Certo. As redes sociais, tipo Twitter, têm causado danos enormes à sanidade mental da população, em particular eliminando a racionalidade em favor de emoções superficiais e transientes. Os líderes políticos, cada vez mais fãs também das redes sociais, vão na onda.


sempre esquecido a guerra civil que se trava no Iémen há 8 anos, com a Arábia Saudita associada a uma das facções


Exatamente. Embora tecnicamente não se trate de uma invasão, na medida em que a Arábia Saudita foi chamada a intervir pelo presidente reconhecido do Iémen.
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De balio a 14.03.2022 às 12:04


terem sempre esquecido a guerra civil que se trava no Iémen há 8 anos


Há entretanto uma diferença essencial, crucial, entre a guerra russo-ucraniana e a guerra iemenita, ou as guerras civis da Síria e na República Centro-Africana, etc.



O Iémen, a Síria e a República Centro-Africana vivem largamente desligados da economia mundial. Se os habitantes todos desses países morrerem, é uma pena, mas só eles é que morrem - no resto do mundo ninguém morre.


A Rússia e a Ucrânia, pelo contrário, são países integrados na economia mundial e que produzem muitas coisas essenciais para todos os outros habitantes do mundo. Se os russos e os ucranianos todos morrerem, não são só eles quem morre - muita outra gente morrerá à fome por esse mundo fora, porque muitíssimos produtos produzidos pela Rússia e pela Ucrânia - a começar pela comidinha - são absolutamente essenciais para todo o resto do mundo.



Por essse facto, esta guerra é muito mais grave do que as outras que referi.
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De Anónimo a 14.03.2022 às 10:32

A Ucrânia deve desistir? Para evitar que a nossa carteira sofra?
E Taiwan, vai a seguir?
E se a China decide anexar África?
E a UE deixa cair a Finlândia e a Suécia?
E a NATO deixa cair a Polónia?
Foi exatamente assim que se foi adiando a WWII, por falta de tomates.
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De balio a 14.03.2022 às 11:32


A Ucrânia deve desistir? Para evitar que a nossa carteira sofra?


Não. Nós é que devemos desistir da Ucrânia para evitar que a nossa carteira sofra.


Os ucranianos devem olhar pelos seus interesses. (Duvido que eles sejam continuar a apanhar com bombas em cima.) Nós devemos olhar pelos nossos.


Os nossos interesses são que a Rússia e a Ucrânia, ambas, nos forneçam os produtos que produzem e podem produzir. Não são que fiquem ambas com as suas economias destruídas, levando boa parte da economia do mundo por arrasto.


Ainda este fim de semana ouvi o chefe dos industriais portugueses de metalomecânica, o nosso principal setor exportador, a dizer que não sabe onde se conseguirá arranjar ferro, aço e alumínio para trabalhar, porque são em boa parte produzidos pela Rússia.


E a Rússia e a Ucrânia produzem grande parte da comida, e grande parte dos fertilizantes agrícolas, do mundo. Sem elas a produzir e exportar, muita gente vai literalmente morrer de fome. Talvez não cá, mas noutros países certamente.


Esta guerra tem que parar. É essencial. Ganhe quem ganhar - isso é de somenos importância. O que é essencial é que a guerra pare e a Rússia e a Ucrânia voltem a estar integradas na economia mundial.


Caso contrário, muita gente morrerá de fome.
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De anónimo a 13.03.2022 às 19:39


"Perde um parceiro económico importante, enfrentando uma crise petrolífera e alimentar...".
Durante uma dezena de anos D. Merkel insistiu que Putin era um excelente parceiro com que negociar. Fugiu e sabia a herança que ia deixar.

Só falta reconhecer que Trump tinha toda a razão com a forma como D. Merkel estava a reger o problema da energia na UE. Quanto ao mesmo problema nos EUA...já faltou muito mais.
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De balio a 14.03.2022 às 09:50


Merkel insistiu que Putin era um excelente parceiro com que negociar


E tinha razão: a Rússia ainda não deixou de executar todos os seus compromissos.

Ao contrário, por exemplo, do mentiroso de Londres, que de um dia para o outro nacionalizou todos os pertences de algumas pessoas.
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De Elvimonte a 14.03.2022 às 00:26

Quem perde é a Ucrânia, a Europa e os EUA. Em que moeda irão negociar petróleo China e Rússia entre elas, será que é em dólares americanos? O domínio do petro-dólar parece que chegou ao fim, o que representa um dano irreparável para os EUA, por muito que consigam enfraquecer a Rússia sem disparar um tiro.


Se os russos também perdem, quem ganha é a China, a Índia, o Irão e a Venezuela, que agora, por magia, passam a "nossos parceiros", demonstrando que o que se diz hoje pode já não ser válido amanhã em mais um exercício sem escrúpulos de mera navegação à vista do que nos convier de momento.


Dentro da Ucrânia, perdem sobretudo aqueles retratados por Zelensky numa actuação de stand-up comedy anos antes de se tornar presidente. O clip abaixo tem cerca de 2 minutos. Zelensky lá vai falando no seu alistamento nas Banderetes (alusão a Stepan Bandera / organizações neo-nazis), porque só assim se consegue fazer carreira no país; chama "nosso grande presidente" a Barak Obama; diz que no passado roubavam os judeus e que agora roubam os russos; pede que lhe enviem um exemplar de "Mein Kampf", porque o título está esgotado nas livrarias e encerra a fazer a saudação nazi como demonstração dos exercícios físicos que costuma fazer na varanda. 


https://brandnewtube.com/watch/ukraine-zelensky-you-will-be-shocked_wDonsemjdtoGnQi.html



Já me tentaram vender que "é preciso desnazificar a Rússia", mas não consumo fast food, nem sequer a informativa.





   
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De Anónimo 78 a 14.03.2022 às 11:23

Não vou comentar o "post" que tem muitas fragilidades. A Geopolítica implica considerações geográficas e estas incluem localização e dependência de matérias-primas. O melhor exemplo, com dezenas de anos, foi a demonstração que Rússia e Estados Unidos serão sempre competidores o que os americanos infelizmente esqueceram em 1991.
Mas quero  comentar os comentários de "Balio" e "Elvimonte" que esquecem uma questão essencial. A Europa é democrática. Logo os seus dirigentes necessitam do apoio popular traduzido em votos.
Ora nesta crise, populações civis de toda a Europa manifestaram-se veementemente contra a invasão e a favor da Ucrânia(*). Os dirigentes só começaram a reagir depois de cera de dois dias, isto é, quando perceberam de onde sobrava o vento.
Por isso os dirigentes da Europa não vão seguir as ejaculações lógicas dos comentadores "Balio" e "Elvimonte" nem vão ligar nenhuma aos orgasmos televisivos dos majores-generais. Pelo simples motivo de quererem ser reeleitos.
(*) Em interpretação pessoal - cínica e pessimista mas se calhar é o que sou - as manifestações populares não se deveram a um sentido ético mas a algo muito mais motivador; egoísmo. Os europeus viviam convencidos, de facto era já um dado cultural, que não haveriam mais guerras na Europa. A reacção deveu-se assim a terem-se sentido eles próprios agredidos no seu equilíbrio mental. Agora, a consciência do que aí vem economicamente apenas aumenta o ressentimento contra a Rússia/Putín num efeito de "feed-back" que - é aqui que entra o pessimismo - pode facilmente levar a exrtremos indesejáveis 
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De balio a 14.03.2022 às 12:06

Tem toda a razão. Mas os bons dirigentes políticos têm que estar acima das emoções das populações. Têm que respeitá-las, mas também orientá-las. Os bons dirigentes políticos não podem andar ao sabor dos tuítes. Se são estadistas, têm que se comportar como tal.
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De anónimo a 14.03.2022 às 12:35


"...Na verdade, acordo sempre com a esperança da noticia de um golpe militar em Moscovo."
Sim, e já faltou muito mais, Putin está a dois passo de cair, por iniciativa local.
O poder interno de Putin ficou fragilizado com a resistência ucraniana. Continua formalmente líder da Ferderação Russa, mas....
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De Anónimo a 14.03.2022 às 20:47

"Para os EUA, ignorando o sofrimento dos Ucranianos, uma intervenção mais musculada não faz qualquer sentido."



Faz todo o sentido não ignorar que uma "intervenção mais musculada" com uma super-potência nuclear poderia trazer muito mais sofrimento não apenas a ucranianos (e russos). 
Como vê  "realpolitik" e a "ética" não são necessariamente incompatíveis.

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