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Vários comentadores de um dos meus posts anteriores estranham o facto de eu continuar a ler e, consequentemente, a financiar, a fraude intelectual que se instalou nas secções de política e economia do Público.
Gosto de ler um jornal em papel de manhã muito cedo, quando saio para beber um café, comprar pão e cumprimentar as últimas senhoras que ficaram a trabalhar até mais tarde na minha rua.
Reconheço que o Correio da Manhã tem tanta informação como o Público, no essencial, mais enxuta ideologicamente (ataca tudo por atacado), mas eu não gosto desse tipo de jornalismo.
Dos outros, nenhum é menos orientado politicamente e outras secções do Público, para lá da política e da economia, são melhorzitas.
É claro que se o jornal fosse todos os dias como o de hoje, segunda 19 de Dezembro, eu mudaria mesmo de jornal: pura propaganda da situação, coroada com um editorial em forma de conversa de café que deveria envergonhar qualquer estagiário.
Um bom exemplo vem do destaque do boateiro Paulo Pena, com pérolas que o caracterizam muito bem.
Ao demonstrar a sua tese de que 2016 é o ano do regresso da auto-estima de Portugal, em consequência do génio político de Costa, dos afectos de Marcelo e do golo do Éder, escreve "Portugal mudou, parece óbvio. Desde 2005 que não estávamos tão felizes. Há provas científicas: os investigadores da Universidade Erasmo de Roterdão mantêm uma "base de dados da felicidade". Todos os anos, desde 1985, seleccionam uma amostra em cada país e lançam a pergunta: "Considerando todos os aspectos, quão satisfeito ou insatisfeito está com a sua vida?" Em 2007 a média das respostas em Portugal apontava para um "suficiente", 5,2, numa escala de zero a 10. Com a crise a felicidade veio pela escala abaixo, chegando à negativa (4,8 em 2012). Em 2016 já vai em 5,2 outra vez".
Sabendo que o artigo era assinado por Paulo Pena, fui imediatamente confirmar os dados em fontes primárias:
o 5,2 de 2016 diz respeito ao ano de 2015.
No fundo, no fundo, ler o Público todas as manhãs é para mim um hábito como conversar com as senhoras que trabalham na minha rua, uma porta aberta para mundos diferentes do meu.
O facto de saber quem são os meus interlocutores ajuda-me a filtrar a informação e não me impede de aceder a um mundo maior que o meu necessariamente limitado mundinho.
Eu acho que isso justifica o meu financiamento da fraude intelectual, ao mesmo tempo que a denuncio, na esperança de que Paulo Pena e o Público ganhem um mínimo de vergonha na cara para, pelo menos nesse aspecto, chegarem ao bom nível das senhoras da minha rua.
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