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Uma das coisas que mais me irrita neste país é que as pessoas andem sempre a discutir o acessório esquecendo o essencial. Parece que não vêem o que está diante dos olhos. Tem vezes que isso é propositado, aproveitando a burrice ou cegueira dos outros; tem outras em que a cegueira é dos próprios burros que tratam os assuntos.
Retomemos a questão dos cartazes do PS, tão debatida em todo o lado (embora rapidamente esquecida pela comunicação social ou misturada com uma outra sem relevância alguma). É evidente que tem a sua importância o facto do PS ter utilizado abusivamente a imagem de pessoas que trabalhavam nas suas juntas de freguesia, sem consentimento, para passar a sua mensagem política. Diz muito sobre o PS e sobre os seus, métodos e pessoas. Mas centremo-nos na mensagem política que o PS pretendia passar com esses cartazes. Havia aquele cartaz da senhora que afirmava, entre aspas, e essa era parte da mensagem do PS, que estava “desempregada há 5 anos (…)”.
Ora esse período de desemprego implicava, naturalmente, que ela estava desempregada desde o governo anterior, o do Partido Socialista (e não deste).
Da esquerda à direita, com maior ou menor intensidade, inúmeras pessoas gozaram com o facto do PS apresentar alguém que estava desempregado desde o governo socialista. Que disparate referir uma pessoa que estava desempregada desde 2010, desde o governo socialista.
O próprio António Costa (programa Opinião Pública, da SIC, de 17 de Agosto, e depois muito elogiado [“Mas também soube ser directo…”] no jornal Público, página 5, de 18 de Agosto) se pronunciou sobre o assunto. Recorde-se a notícia do Público desse dia 18: «Sobre a polémica dos cartazes, Costa contornou as sucessivas perguntas sobre a sua autoria e recusou “alimentar a campanha com esse fait divers”. Mas também soube ser directo: “os cartazes foram um disparate, uma aselhice; o PS pediu desculpa, não os afixou.” [nota minha: afixou, afixou; a jornalista do Público, Maria Lopes, que transcrevia a notícia, é que deveria estar distraída]. Costa viu-os antes do ok final e “pressupôs” que fossem casos reais, mas o que “verdadeiramente interessa” é que retratam as “600 mil pessoas que estão efectivamente desempregadas” e as que emigraram.», lê-se no Público.
Ora bem. Não é um fait divers. Voltemos ao cartaz do PS e à mensagem que transmitia e pretendia transmitir. Isto porque passou despercebido a muitos, quiçá à totalidade dos comentadores, propositadamente ou não, que o PS não se referia apenas àquela senhora da fotografia, tenha ela aceitado ou não posar para aquilo.
A mensagem do cartaz do PS, assumidamente e entre aspas, dizia “ESTOU DESEMPREGADA HÁ 5 ANOS SEM QUALQUER SUBSÍDIO OU APOIO. COMO EU, SÃO MAIS DE 353.000.” Ou seja, e em termos muito simples: o PS assume que, para além daquela pessoa do cartaz (ainda que não a da fotografia), existem mais 353.000 pessoas que estão desempregadas há 5 anos (os tais “casos reais”, Costa dixit), isto é: desde o governo socialista.
Ou então o PS produziu, afixou e divulgou um cartaz com uma mensagem completa e deliberadamente mentirosa, com o fito de enganar as pessoas.
Isto é o essencial, isto é a única coisa que verdadeiramente interessa.
Se a senhora admitiu ou não aparecer naquele cartaz com aquela mensagem é um problema jurídico entre ela e o PS (embora diga muito sobre o PS, insisto). Foi enganada pelos socialistas. Tenho pena, que chatice, junte-se aos outros, consulte um advogado. O que interessa mesmo é que o PS admitiu que existem (pelo menos) 353.001 desempregados que vêm desde 2010, desde o governo do PS. Não é uma pessoa: são (pelo menos) 353.001. Foi o PS que o disse e assumiu naquele cartaz.
E sobre isto ninguém se interroga? Ninguém interroga o PS? Ninguém questiona António Costa? Como é que estas evidências passam despercebidas à totalidade dos comentadores?!?... Eles são pagos para quê?
Não, Pedro. Não percebeu o que eu escrevi. Eu escrevi que o PS assumiu, naquele cartaz, que 353.001 desempregados vêm já desde 2010. Em 2010 governava o PS. O PS governou de 1995 a Fevereiro ou Março de 2002 e desde Fevereiro ou Março de 2004 a Junho de 2011. Depois disto, só com desenhos mas falta-me habilidade para tal.
Não costumo responder a anónimos, geralmente considero-os até como fazendo parte de trupes contratadas para discutir ou inverter os debates. Mas como o disparate destes dois anónimos é tão grande, eu sou levado a pensar que são genuínos anónimos. Genuínos e tapados, que não percebem pevide e não têm pudor em confessá-lo. Ao último anónimo, leia você o post outra vez quando tiver tempo, pode ser que se lhe faça luz. Ao primeiro anónimo, ganhe juízo e actualize-se: os números actuais do desemprego são melhores do que no tempo do governo socialista, e isto depois de se ter passado quatro anos a tentar consertar a bancarrota socialista.
Caro Luís Miguel,
É espantoso que, sabendo o Luís Miguel tanto da crise iniciada em 2008, ninguém no PS que defende tivesse, na altura, chamado o Luís Miguel para explicar tanta coisa. Talvez assim o Sócrates não tivesse os desvarios despesistas de 2008, 2009 e 2010 que tanto mal fizeram ao país. País que, ao contrário de tantos outros que passaram igualmente pela crise mundial, teve de pedir ajuda externa. País que, em 2011, aquando dessa intervenção da troika, vinha de 13 anos de governação socialista (interrompida por dois anos e pico). No cartaz, o PS assume que em 2010 havia 353.001 desempregados e isso deve-se ao actual governo e não ao PS? Terá de explicar melhor.
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