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Os wokes deram à luz o Chega, e outras histórias

por João-Afonso Machado, em 19.05.25

O desenho do sucesso eleitoral do Chega no Alentejo, visto no mapa, diz tudo. A dita extrema-direita conquistou todos os baluartes do PCP e do PS, sobretudo os mais povoados por comunidades ciganas. É, não tenhamos medo de falar a verdade: não estamos a discutir migrantes mas de um povo radicado em Portugal há séculos, séculos esses em que sempre deu de barato a nossa lei, a nossa ordem, optando por uma vida fácil, e sem higiene, de vender nas feiras e no mercado da droga, de roubar e assaltar. Todas as excepções vindas ao papel confirmam essa regra. E é rigorosamente certo: as pessoas têm medo dos ciganos, evitam-nos, cedem-lhes a passagem e, se se verifica algum acidente de automóveis em que sejam intervenientes, exclamam nas barbas da polícia - Ora, são ciganos, nunca mais lhes deitam as mãos.

Profissionalmente assisti a muitos casos de queixas no tribunal por ofensas à integridade fisica (praticadas por ciganos) depois desistidas, com medo das represálias. Entretanto, à conta de toda a possidoneira da Esquerda e a sua excitação anti-xenofobia, os jornais deixaram de falar nas costumeiras cenas de facas envolvendo ciganos e/ou as suas lutas inter-clãs, e tudo passou a ser, apenas, o facto ou as famílias. Assim diplomaticamente, com a gente fartíssima de saber quem eram os autores.

Os portugueses, de norte a sul, não gostaram. E o Chega, com toda a exuberância, limitou-se a cavalgar essa onda e a alcançar o lugar que alcançou. Na mais completa euforia, já certo de que há de ser a primeira força política. Ou seja, em ansiosa espera por um pretexto qualquer para outras eleições.

O PS. Pois o PS teve o azar (e o pretensiosismo) de escolher o mais desastrado líder da sua história. Um Pedro Nuno que, por mais que erguesse o punho, nunca conseguiu esconder o Porsche. Um homem que não era afável com as pessoas - não conseguia, mesmo. E que mentiu despudoradamente toda a campanha eleitoral, utilizando e distorcendo frases ouvidas dos adversários no dia anterior.

O resultado foi o que se viu. Para o eleitorado a SpinumViva é um não-caso. A coligação subiu em número de deputados; a IL também. Mas não o suficiente. Com os tontinhos do Chega, provado está, não se pode contar - vivemos o "tripartidarismo" de Ventura - e o PS é, por natureza, infiável. Porém, o último caminho que resta: assim o sucessor do "estadista" sanjoanense seja Francisco Assis, Sérgio Sousa Pinto ou - bingo! - Álvaro Beleza.

Termino com uma nota: do que ouvi ontem à noite: partidos sociais-democratas já são três, a saber o PSD, o PS e (imaginem) o Livre. Será porventura a nova disputa nossa: espelho meu, diz-me quem é mais social-democrata do que eu...


22 comentários

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De Anónimo a 19.05.2025 às 12:53

Wokes, de esquerda,  convém indicar. Também os há de direita 
As votações Cheganas no Alentejo são um puzzle sociológico, antes era gente esclarecida e progressista que votava à esquerda, agora é tudo facho conservador. Deve ser a tal teoria da substituição em acção. 
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De Anónimo a 19.05.2025 às 12:57

Por mais homilias que façam os politologos e intelectuais, o ser humano é um animal simples: antes de tudo quer conforto. Comida na mesa, e segurança. A partir daí cada um tem as suas prioridades. 
Grandes desígnios à parte, eu quero os meus problemas resolvidos. E no caso referido, pessoas já de si desprezadas (porque Portugal é Lisboa, e Porto arredores) veem-se ainda por cima insultadas porque se sentem oprimidas, e aqui o termo é correcto, por um sector protegido da sociedade, e ousam referi-lo.
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De balio a 19.05.2025 às 13:24


A dita extrema-direita conquistou todos os baluartes do PCP e do PS, sobretudo os mais povoados por comunidades ciganas.


Mas que é que o CHEGA pode fazer contra os ciganos?


O CHEGA está no parlamento há já bastantes anos e ainda não fez nele nada contra os ciganos.


Se as pessoas votam no CHEGA somente porque não gostam de ciganos, estão a ir ao engano, porque o CHEGA fala sobre os ciganos mas nenhum mal lhes faz.


Em suma, parece-me muito simplista explicar a alta votação no CHEGA no Alentejo apenas pela raiva anti-cigana.
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De balio a 19.05.2025 às 13:27


Com os tontinhos do Chega, provado está, não se pode contar


Não está provado. A AD ainda não tentou, sequer, fazer uma coligação com o CHEGA. E eu, que não sou adepto do CHEGA (longe disso), acho que deveria, pelo menos, tentar.
Esta coisa de insistir em fazer governos minoritários, e de postular que os outros partidos têm a obrigação de sustentar esses governos nos momentos cruciais, é ridícula.
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De João-Afonso Machado a 19.05.2025 às 13:43

Balio: se tentar trai os seus princípios.
E perde tempo: o Chega quer novas eleições para subir ainda mais.
Se AD e PS conseguirem algum entendimento (a abstenção pode ser importante aqui), O Governo governa.
E depois que seja julgado nas urnas mas no tempo devido.
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De balio a 19.05.2025 às 14:38


se tentar trai os seus princípios


Como? De que forma? Que princípios trai a AD se tentar coligar-se com o CHEGA?


A AD ainda nem sequer tentou aproximar-se do CHEGA para lhe perguntar o que ele quer! Não lhe perguntou que medidas ele quer tomar, que ministérios quer ocupar, nada. Se a AD não tenta isso, como sabe que teria que trair princípios para aceitar?


o Chega quer novas eleições para subir ainda mais


Talvez, mas o CHEGA tem repetidamente afirmado a sua vontade de ir para o Governo, coligando-se para isso com outros partidos. Tem repetidamente afirmado a sua vontade de se coligar com a AD.
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De Anónimo a 19.05.2025 às 14:26

"...tontinhos do Chega..."
Toda e qualquer mesa , mais ou menos redonda, de esclarecidos intelectuais c televisivos subscreveria esta frase ponderosa...
E no entanto...
Dizem-me que , ainda não há muito tempo, se passou coisa semelhante na América ( guardando as devidas proporções, bem entendido...).
Juromenha
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De Silva a 19.05.2025 às 15:25

O Chega é de esquerda, pelo menos, o seu líder é claramente de esquerda.
André Ventura estava infiltrado no PSD e, em conluio com Rui Rio e António Costa sai para formar o Chega, facilitando a vitória de António Costa.
O programa eleitoral do Chega é claramente de esquerda.


Não havendo coligação entre PS e Chega, o mais provável é haver novas eleições daqui a um ano,


Montenegro, claramente outro esquerdista, também não é de confiança e ninguém no PSD fez nada para correr com ele.
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De Albino manuel a 19.05.2025 às 17:19

Como gosta tanto da nossa História, onde estava o Alentejo na guerra civil de 1832/34? Comece por aí. O resto é continuação, até 1975 é. Comunitarismos.


Quanto aos ciganos, a verdade é que é um grupo étnico muito pequeno, ao que leio, parece que menos de 50.000. Diria que a imigração tem muito mais peso: empregos, salários, habitação e a própria convivência, sendo que a larga maioria deles não anda pelos bairros da burguesia nem convive com a malta da Foz ou da Estrela mas sim com os portugueses de bem do querido André.
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De João-Afonso Machado a 19.05.2025 às 18:15

Para variar, não concordo consigo, salvaguardando a hipótese de não ter entendido bem. 50.000 serão nos Alentejos. Pelo País fora, são muito mais.
Dou uma nota curiosa: no distrito de Bragança (V. Real já é diferente) os ciganos não asneiram, o velho transmontano não deixa. Pois é lá que o Cgega não elege.


Quanto ao mais: na Guerra Civil o Alentejo era quase todo da facção do Senhor D. Miguel.
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De Albino manuel a 19.05.2025 às 18:24

Procurei dados e estes são do INE, 2023: "de acordo com os resultados do Inquérito às Condições de Vida, Origens e Trajetórias da População Residente em Portugal (ICOT), realizado em 2023, 47,5 mil pessoas residentes em Portugal com idade dos 18 aos 74 anos autoidenficaram-se com o grupo étnico cigano". É certo, não estão incluídos os filhos, e noutros tempos haveria quem dissesse que no sentido lato do termo seriam milhões por cá.
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De João-Afonso Machado a 19.05.2025 às 18:46

Pois não tenho dados para contrapor.
Sei apenas que, ao menos na Província, as pessoas aceitam as etnias todas mas mantém um medo e um des-gosto profundo pelos ciganos.
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De balio a 20.05.2025 às 09:44


50.000 serão nos Alentejos. Pelo País fora, são muito mais.


Fica então por explicar por que razão no Alentejo as pessoas votam em função da raiva que têm aos ciganos, enquanto que no resto do país não votam em função dessa raiva.
Porque o facto é que no Alentejo o CHEGA tem mais sucesso do que no resto do país. Por quê? Se não é por haver mais ciganos no Alentejo do que no resto do país, então é por quê?
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De Ricardo A a 19.05.2025 às 17:23

O Chega não quer coligações com a AD, o Chega quer esmagar a AD, ocupar o espaço do PSD e para isso não teve problemas em votar várias vezes ao lado do PS. Hoje o Chega esfrega as mãos de contente dizendo "o PS já está, segue agora Montenegro e a AD".
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De passante a 19.05.2025 às 18:30

diz-me quem é mais social-democrata do que eu
O partido social-democrata russo (bolchevique) do camarada V.I. Lenine.  


Por roda de 1900 os partidos marxistas chamavam-se sociais democratas - ainda hoje o SPD alemão ostenta o vermelho desses dias, em vez do laranja PPD.
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De João-Afonso Machado a 19.05.2025 às 18:44

SE vir com atenção o Partido social-democrata russo era MENCHEVIQUE.
Os revolucionários de Lenine e Trotsky é que eram BOLCHEVIQUES.


Creio que bastará a Wikipedia para o elucidar.
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De Anónimo a 20.05.2025 às 06:32

Ambos têm origem no Social-democrata 
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De M.Sousa a 20.05.2025 às 20:23


De outro ramo da Wikipédia...


https://en.m.wikipedia.org/wiki/Russian_Social_Democratic_Labour_Party
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De lucklucky a 19.05.2025 às 19:00

É significativo que a direita  por aqui não esteja nada interessada em tirar o socialismo da Constituição.
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De M.Sousa a 21.05.2025 às 18:16

Não está! Está mais interessada em defender os princípios que a esquerda, subliminarmente, lhe definiu ...

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