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Numa entrevista a Maria Filomena Mónica publicada no Expresso da semana passada a propósito de mais um seu livro autobiográfico desta vez intitulado “Duas Mulheres” que promete desenterrar segredos da sua mãe e avó, chama-me a atenção a resposta à pergunta se “a família é um lugar estranho?”.
Dá para imaginar o terror de boa parte da família Mónica com o que aí vem. Não porque a instituição familiar seja de facto um “lugar estranho”, repleto de segredos perversos, mas porque a análise às insignificâncias que sucedem na vida familiar, o mais das vezes dependem da imaginação e preconceitos de quem os observa – ou seja, duma interpretação subjectiva. Ora, MFM não é uma mera “vizinha” a revelar inconfidências domésticas na mercearia do bairro, precede-lhe uma autoridade que concede muito peso às suas interpretações. Aliás, a entrevistada começa por responder à questão que, “do ponto de vista sociológico não tenho uma amostra significativa”. Sendo a sociologia provavelmente a “ciência” mais inútil de todas as pseudociências, a resposta é no mínimo honesta. E depois, se for um facto que “a família é um lugar estranho”, que solução melhor temos nós para não deixar o individuo inteiramente à mercê do Estado?
Tenho muito respeito pelo trabalho historiográfico de MFM, nomeadamente por duas obras suas de âmbito biográfico que tive o gosto de ler, uma sobre Dom Pedro V e outra sobre Eça de Queiroz. São trabalhos sérios, numa escrita desempoeirada como é seu estilo, emocionalmente envolvida com os seus “personagens”. Depois, não concordando com boa parte das suas análises, também toda a vida segui com interesse as suas crónicas nos jornais, principalmente as do Expresso. Claramente MFM é uma personalidade do nosso tempo que deixa um legado invejável.
Mas nunca tive curiosidade de ler “Bilhete de Identidade” e não me atrai minimamente a leitura deste seu novo livro. MFM sempre me pareceu dona de um ego incomensurável e de um narcisismo ribombante, dando-se a si própria e à sua subjectividade demasiada importância. Este seu traço causa-me até alguma vergonha alheia, confesso. E a opinião pessoal com que dá resposta à pergunta do entrevistador se “a família é um lugar estranho” é paradigmática de uma perturbação psicológica contra o catolicismo e a família tradicional que talvez lhe merecessem uma abordagem psicanalítica, com a ajuda de um profissional: “posso afirmar que a família é um lugar estranho, e que os países mais católicos tendem a fechar-se sobre si e a guardar os segredos a sete chaves, dando a aparência de grande harmonia interna que é uma fachada hipócrita”. De facto, falta a MFM uma amostra significativa para chegar à verdade, e dá ideia de que o seu olhar está condicionado por algum grave trauma.
Num tempo em que se fala tanto da importância da privacidade dos indivíduos, não nos precipitemos em julgamentos categóricos. Que MFM encontre conforto entre os seus familiares e amigos neste difícil ocaso da sua vida que ninguém merece, são os votos deste cristão católico e indefectível partidário da instituição familiar que se assina,
(imagem, daqui)
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