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Os Perigos dos Excessos Higienistas

por Miguel A. Baptista, em 05.08.21

Uma amiga facebookiana comentava no meu mural que quem não se vacina é egoísta e não é digno de viver em sociedade. Eu vacinei-me e os meus filhos irão ser vacinados, embora em relação à faixa etária em que estão inseridos eu tenha dúvidas da relação risco-benefício. A vacina é uma vacina experimental, e mesmo atendendo a que as autoridades não recomendariam a sua utilização se não a considerassem globalmente segura, não me parece que quem tem dúvidas ou incertezas deva merecer uma rejeição social.

Afinal a Covid, apesar de ser muito contagiosa, não é muito letal fora dos grupos de risco, sendo que estes já estão vacinados. O facto de se vacinarem pessoas fora dos grupos de risco, como crianças, para proteger outros, que não elas, coloca dilemas éticos cuja a resposta não é óbvia.

Gostaria pois de partilhar convosco a resposta que dei a essa minha amiga, talvez ela sirva como motivo de reflexão acerca dos excessos de "higienismo" que estão a ser cometidos.

A resposta foi:

Segundo Institute of Health Metrics and Evaluation, morrem em Portugal mais de 11.800 pessoas por doenças atribuíveis ao tabaco. Sendo o tabaco responsável por 46,4 % das mortes por doença pulmonar obstrutiva crónica, 19,5 % das mortes por cancro, 12 % das mortes por infeções respiratórias do trato inferior, 5,7 % das mortes por doenças cerebrocardiovasculares e 2,4 % das mortes por diabetes.

O tabaco é responsável por uma sobrecarga no SNS, negando assim uma melhor saúde aos portugueses não-fumadores. Quando se veem macas nos corredores dos hospitais podemos pensar que os lugares dignos dos hospitais são ocupados por fumadores deixando os corredores para os cidadãos que adoptam uma vida saudável. Quem fuma é egoísta e, portanto, não é digno de estar em sociedade.

Cerca de 35.000 portugueses morrem anualmente por doenças cardiovasculares. As doenças cardiovasculares deverão custar à Europa à volta de 102 mil milhões de euros por ano, que poderiam ser aplicados em educação e no combate à pobreza. Metade dessas doenças seria evitável através de hábitos alimentares saudáveis. É fácil de concluir que quem come a boa da carne entremeada, ou enchidos é egoísta e, portanto, não é digno de estar em sociedade. Em 2019 houve mais de 35.000 acidentes com vítimas em Portugal, das quais 474 foram mortos. 74 desses mortos foram peões vítimas apenas do individualismo de quem conduz automóvel. Quem conduz automóvel é egoísta e, portanto, não é digno de estar em sociedade.

Claro que todos queremos uma sociedade mais segura e com melhor qualidade de vida para todos, mas os perigos dos excessos higienistas são reais e perversos.


33 comentários

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De Elvimonte a 09.08.2021 às 02:21

A sua questão é legítima, tem todo o mérito, situando-se ao nível dos princípios abstractos de que sou defensor.
A minha questão situa-se ao nível da realidade concreta que os números de documentos oficiais nos vão mostrando.
Neste caso, a realidade concreta reforça que aquilo que não é razoável ao nível dos princípios abstractos encontra também fundamento nos dados empíricos. 

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