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Em si mesmo é um exercício relativamente inocente: se alguém se sente confortado com a ideia de que há umas espécies que têm um efeito mágico sobre o fogo, o que espero que é que essa pessoa seja feliz nesse mundo mágico.
O problema só começa a existir quando se repetem acriticamente este tipo de argumentos, começam a ganhar dimensão social e depois se adoptam políticas erradas, frequentemente contraproducentes, lançando os cavalos contra moinhos de vento.
Uma canseira, um desperdício e, sobretudo, tomar o caminho do Sul para ir para Norte.
Resolvi por isso trazer aqui três fotografias tiradas por estes dias (não por mim).
O que aqui se vê é uma mata mista de Sobreiro e Carvalho Negral, ardida como qualquer outra mata.
A fotografia não demonstra nada de especial, a não ser que existem exemplos de matas de folhosas autóctones que ardem com um fogo tão intenso como parece ter sido este. O exemplo não é nenhuma aberração, é o normal nas condições de acumulação de combustível existente, sendo inclusivamente muito mais difícil fazer um bom rescaldo, por causa da acumulação de folhada, do que seria num eucaliptal.
Por outro lado um eucaliptal, em condições de grande intensidade do fogo, cria projecções que vão mais longe que as criadas nestas matas, o que torna o combate mais complicado, sobretudo com um dispositivo de combate que não leu Sun Tzu e por isso não sabe da vantagem em escolher a posição mais favorável e esperar pelo inimigo nas melhores condições, em vez de o perseguir incessantemente, à mercê das condições criadas pelo inimigo.
No primeiro plano desta nova fotografia pode ver-se a acumulação de combustível, com a área ardida em fundo.
É por estas razões que escolher fotografias a gosto não serve para dar racionalidade a uma discussão de fenómenos complexos, não são situações pontuais que nos permitem ter uma ideia generalizada do problema.
A única coisa que uma fotografia pode fazer é negar uma teoria geral, se a fotografia a negar, mas não se pode fazer teorias gerais a partir de fotografias pontuais, escolhidas para demonstrar uma tese preconcebida.
Isto também acontece em matas de autóctones.
É uma grande perda, do ponto de vista natural? Não, nem por isso: na próxima Primavera a esmagadora maioria destes sobreiros e carvalhos estarão a rebentar de novo, com maior ou menor afectação de alguns.
Há muitas razões para se gostar de ter matas de folhosas autóctones, desde a qualidade paisagística, à amenidade, à produção de biodiversidade, etc.. Mas entre essas razões o fogo é uma razão muito tardia: só muito anos depois, e muitos fogos pelo meio, permitem um ensombramento que traga algum controlo dos matos, à custa de uma acumulação de combustíveis na folhada.
Um fogo controlado neste carvalhal há menos de quatro ou cinco anos teria permitido uma menor afectação das árvores e do povoamento, mas quantas pessoas estariam disponíveis para assinar a autorização para o fogo controlado no carvalhal?
Muito poucas, porque quase todas estariam a pensar que a alternativa não é entre arder ou não arder, mas entre arder onde queremos, quando queremos e como queremos ou arder assim como ardeu: nas piores condições.
E, provavelmente, estariam convencidos de que os carvalhais não ardem, por isso não é preciso prepará-los para o fogo que forçosamente virá um dia.
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