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Os liberais abstencionistas

por henrique pereira dos santos, em 07.01.22

Tenho reparado numa série de liberais abstencionistas.

De maneira geral, o fundamento para esta abstenção é que a Iniciativa Liberal não corresponde aos mínimos de intervenção política a que entendem que um partido liberal deveria dar resposta.

Parte destes liberais são mais conservadores que a Iniciativa Liberal em matéria de costumes, e entendem que as posições da Iniciativa Liberal em relação à eutanásia e questões do mesmo tipo são levadas de forma demasiado leve (para não dizer leviana), por parte da Iniciativa Liberal.

Outra parte acha que a defesa de liberdades direitos e garantias associadas às decisões sobre a epidemia, por parte da Iniciativa Liberal, tem sido timorata e deveria ter sido bem mais consistente.

Parte ainda entende que, ao contrário de outras campanhas eleitorais, nesta campanha a Iniciativa Liberal tem estado demasiado defensiva na discusssão de propostas bandeira, talvez o exemplo mais evidente seja o da taxa única de IRS.

De resto, estou inteiramente de acordo com um destes liberais abstencionistas na definição da minha posição base: "sou liberal porque me arrogo no direito natural de fazer o que entendo, mesmo que isso possa estar errado".

E é a partir dessa posição base que procuro responder à pergunta essencial de qualquer votação: de que forma o meu voto pode ser mais útil (é irrelevante se é mais útil para mim, para a sociedade, para os deserdados da sorte, a pergunta para definir o voto é sempre a da sua utilidade)?

Até agora, não vejo maior utilidade para o meu voto que na Iniciativa Liberal.

Porque concordo com tudo? Não.

Porque não há matérias que acho fundamentais em que eu tenho posições que podem ser divergentes das da Iniciativa Liberal? Não.

Porque acho os candidatos da Iniciativa Liberal os melhores deputados potenciais (os deputados são como os melões, sá depois de abertos se consegue saber mesmo a sua qualidade) de todos? Não.

Nesta resposta tenho de explicar que acho que a Iniciativa Liberal tem muito bons candidatos em vários sítios, como Lisboa, Porto, Braga, mas nem os conheço todos, nem acredito que sejam todos melhores que os que também existem noutros partidos, a minha resposta é apenas para explicar que esse é um critério que tem a sua importância se alguém candidatar Isaltino Morais ou José Sócrates (e muitos dos seus amigos, neste caso), mas para a generalidade dos candidatos não é assim tão relevante para mim, embora aproveite para fazer um apelo para ver se no porto põem o Carlos Guimarães Pinto no Parlamento, em Braga o Rui Rocha e a Carla Castro, onde quer que a estejam a candidatar.

É apenas porque um partido minúsculo, que até agora tinha um deputado, conseguiu pôr toda a gente a discutir a taxa fixa do IRS ou insistir no crescimento do país, ou estar quase sempre do lado das liberdades individuais, contra os poderes que as podem limitar, o que é razão mais que suficiente para encontrar utilidade nesse voto, mais que noutra opção qualquer, incluindo a abstenção.

Fica feita a minha declaração de voto e as razões pelas quais discordo dos liberais abstencionistas: a abstenção é tão útil ao status quo que eu não gostaria de me sentir responsável por esse apoio ao estado a que isto chegou.


14 comentários

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De Anónimo a 08.01.2022 às 20:45


HPdS demonstra, neste texto, algo de fundamental quando se analiza o acto de votar ou abster-se de votar em Portugal. Em quê, em quem?.



Menciona o votar no candidato(a) A, ou B, ouC e muito bem. Por outras palavras dir-se ia que HPdS friza que votar em mãozinhas, foices ou bonequinhos não é realmente votar num seu representante, justamente selecionado, criteriosamente escolhido.  É afinal reconhecidamente apenas contribuir para fazer perdurar uma doentia orgqnização política, aliás nunca sufragada.

Creio que conscientemente HPdS está, à sua maneira, a dar ênfase em que o votar sim, mas em pessoas, com nome. responsáveis e responsabilizáveis.


Infelizmente, por enquanto, assiste-se a uma prática vergonhosa que caí sobre quem há 50 anos aceita ser um pau mandado, sem ter a coragem de se expor -se realmente quer enobrecer o mister, a actividade de se ser político- em seu nome próprio, ao escrutínio dos seus eleitores que afinal diz querer representar.




Decididamente não consigo incriniminar, pelo contrário, louvo a perspicacia dos eleitores portuguêses que se recusam a colaborar com um jogo viciado. Mais, os lotes de 230 "deputados" que por aquela dita AR têm passado estão lá, legalmente, constitucionalmente. Tão só.

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