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É o mais antigo partido português, festejando-se sempre na sua primordial atitude contra o que apelidam - "a ditadura". E na habitual tontice da Imprensa, faz-se eco da longevidade do PCP e da sua acção revolucionária. Mas convém deixar tudo claro. A saber:
- Em 1921 vivia-se o mais radical período da I República. Ainda assim, não há notícias de que a sua acção fosse levada em boa conta.
- Sobreveio a II República (dita agora, somente, o "Estado Novo", -1926-1974). O desempenho do PCP, sem dúvida, tornou-se mais aventureiro e mais arriscado para os seus militantes.
(A leitura dos quatro volumes biográficos de Pacheco Pereira sobre Cunhal é, nesta matéria, de extrema importância.)
O PCP historia-se, desde logo, em si mesmo. Nas muitas depurações que realizou. Depois, finalmente nos contornos próprios do estalinismo, impôs - ainda impõe - a luta contra a ditadura salazarista, que não pela nossa democracia, como a concebemos, sempre distante da "democracia popular", eufemismo da genuína e leninista "ditadura do proletariado".
Em suma, o PCP foi um opositor do "fascismo", nunca um prosélito da democracia dos países ocidentais. Onde cabemos.
Era a ditadura contra a ditadura. Falemos claro: entre Salazar e Lenine ou Estaline (ou Krutschev e Brejnev), mil vezes antes Salazar.
Poderemos dizer, o PCP ajudou a derrubar a autocracia da II República. E sofreu por isso. Inquestionavelmente. Mas a troco de quê?
Claro, a troco do PREC de triste memória. De uma cavalgada de uma minoria (como se leu nas eleições constituintes) que chegou às portas da guerra civil. Na antevisão de um totalitarismo que faria de Salazar um menino de coro.
A normalidade foi, felizmente, retomada, com alguns disparates ainda hoje não assumidos. O PCP - o derradeiro partido comunista europeu (e isso diz muito), no primarismo português continua a dominar os sindicatos - um instrumento meramente reinvindicativo do impossível - conquanto veleje de vento em popa para os arquivos. Mesmo nas autarquias que foram sendo feudos seus.
Portanto, não é de um dia de festa que falamos. Apenas na História (a que o Futuro pertence também), de um momento indelével do Passado.
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