Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
"Primeiro, quando o primeiro-ministro, perante a moção de censura do Chega, escolheu tergiversar, falando entre outras coisas, da recuperação de uma adega familiar, enquanto ocultava os contornos problemáticos da sua Spinumviva. ... Depois, soube-se que, contra todas as expectativas e ameaçando a razoabilidade, afinal as avenças da Spinumviva se mantinham activas. ... Entretanto, as pontas soltas iam-se acumulando: dos serviços de reestruturação de um grupo gasolineiro à aquisição a pronto de imóveis em Lisboa...". (Pedro Adão e Silva, hoje, no Público).
À força de ouvir o Bloco de Esquerda e o PS, entre outros agentes políticos, repetir à exaustão que Montenegro poderia ter matado o assunto que levou à queda do governo se, logo na moção de censura do Chega, escolhesse falar a sério da sua empresa, em vez de falar do número de laranjeiras que tinha e tentar vender a ideia de que a empresa que tinha feito era para gerir as suas heranças, comecei a duvidar de quando seria o momento em que o tinha ouvido descrever a actividade da empresa com pormenor, incluindo facturação e resultados, e descrever os clientes e serviços prestados, mesmo sem citar os seus nomes.
Poderia ter sido só na moção de censura do PC e, para além disso, não eram só os agentes políticos activos (e avençados como Pedro Adão e Silva, que é um avençado do Público, legitimamente, claro), era mesmo grande parte da comunicação social que, por acção ou omissão, não contestava esta ideia de que Montenegro disse tudo o que era relevante sobre a empresa, logo na sua primeira intervenção no debate da moção de censura do Chega.
Fui ver, como o Augusto Gil, e sugiro a qualquer pessoa que tenha dúvidas que comece a ouvir a partir do minuto vinte do debate da moção de censura do Chega.
É claríssimo, mas de uma limpidez cristalina, "mais branca que a neve pura", que a afirmação de que Montenegro andou a tergirversar e a falar de laranjeiras e a oferecer terrenos em vez de explicar, tintim por tintim, o que era e o que fazia a Spinumviva, é mentira.
Tal como com Cavaco, tal como com Passos Coelho, a questão central é que a esquerda tem carta de alforria para dizer as mentiras que quiser por parte de uma comunicação social de rastos e que esquece o essencial das regras da sua profissão, começando pela necessidade de verificação dos factos e a proibição do uso de fontes anónimas quando não existe qualquer risco potencial para essas fontes.
E é por isso (conheço bem o processo, a uma escala completamente diferente é o que acontece comigo em relação à calúnia permanente de que estou vendido, ou pelo menos rendido (há uns que acham que nem consigo vender o que digo, embora tente), aos interesses das celuloses) que Montenegro, ou qualquer outro político de que a imprensa não goste (também acontece com alguns de esquerda), não ganha nada em estar a dar trela aos jornalistas sobre um assunto sobre os quais eles tenham ideias perfeitamente definidas.
Não é preciso nenhuma cabala para isto acontecer, é o resultado inevitável das condições objectivas de produção, como diria o PC.
Como me dizia um comentador que tinha levantado a hipótese (sem qualquer base factual) de que o pico de facturação da Spinumviva em 2022 decorria das necessidades de financiamento de Montenegro para concorrer a presidente do PSD), quando o confrontei com a mais completa ausência de indícios nesse sentido, "não gosto de videirinhos".
E isso chegava-lhe, como chega a muita gente, para dizer as maiores alarvidades que contribuam para a degradação geral do debate público, sem que a comunicação social confronte quem quer que seja com as evidentes mentiras convenientes usadas na discussão pública.
Há de facto uma degradação das instituições, pode ser que Montenegro contribua para isso, Alexandra Leitão é uma verdadeira especialista nessa matéria (veja-se a forma como torpedeou qualquer discussão racional sobre os contratos de associação das escolas) mas é à falta de qualidade do jornalismo que temos de assacar grande parte da responsabilidade do que se passa na discussão política das democracias liberais ocidentais (é um quase pleonasmo, este "ocidentais", porque praticamente não há outras democracias liberais).
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
Num jogo de futebol, é evidente quem ganha e quem ...
li recentemente sobre a Monarquia do Norte.
precisa de lentes de contacto
com a saída sem regresso de Costa ao PS este parti...
Que foi disponibilizada a informação relevante é f...