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A ideia ficou no ar, desde as eleições europeias: a direita está em crise. Sim, está. Mas não é de agora e não é só cá. Em Portugal, PSD e CDS não chegam à maioria absoluta desde 2011, e coligados. Lá fora, as coisas não estão melhor. Dizer que a direita cresceu em França, Itália, Inglaterra, Polónia ou Hungria é ignorar que as novas direitas, nacionalistas ou liberais, partilham pouco ADN com a direita conservadora ou democrata-cristã. Em Inglaterra, Farage venceu, mas os Tories afundaram-se. Em França, Marine Le Pen suplantou por muito os Republicains. Em Espanha, o PP perde terreno para o Ciudadanos a cada eleição. Para já não falar nos trágicos travestis da DC italiana - Berlusconi, Bossi, Salvini e tutti quanti. Só se salva a CDU, que ligou o seu destino à reunificação alemã graças à teimosia de Kohl, e há anos vive dos rendimentos (resta saber até quando).
Quais são as causas do desastre? Três, pelo menos, e estão relacionadas. (Há muitas mais, mas nem vocês têm paciência para as ler nem eu tempo para as escrever.)
Primeira: a Queda do Muro de Berlim. Sim, 1989 foi um triunfo da democracia liberal, da economia de mercado e da sociedade aberta, defendidas pela direita do pós-guerra na sua batalha contra o comunismo, dentro e fora de portas. Houve até quem falasse no fim da História. Mas a História voltou, e mais depressa do que se esperava. Em Tiananmen, nas Torres Gémeas, em Bagdad, no Kremlin, no Mediterrâneo, na Síria, em Wall Street. Entretanto, a direita, que fizera do anticomunismo um seguro de vida, adormeceu sob os louros da vitória. Perdeu, com o fim do inimigo, a razão de ser. Como diz aquele poema do Kavafis, os bárbaros sempre eram uma solução.
Segunda: a direita não soube criar um pensamento que respondesse às mudanças pós-89. Durante a Guerra Fria, as suas ideias eram uma clara alternativa ao socialismo democrático, e ainda mais ao comunismo, mas hoje não tem nada de substancial a dizer sobre migrações, ecologia, multiculturalismo, desemprego, a Europa, a crise financeira de 2008 ou operações para mudar de sexo no SNS. Não é coisa que se improvise. E já vai tarde. Entretanto, o espaço vazio foi ocupado por populistas, eurocépticos, xenófobos, demagogos que fazem política de terço na mão e o Boris Johnson. De quem é a culpa?
Terceira: em consequência, a direita tradicional tem dificuldade em distinguir-se do centrão socialista. Ou são os eleitores que têm dificuldade em distingui-los, o que vai dar ao mesmo. No governo ou na oposição, a direita tende a optar por políticas pragmáticas e consensuais. Daqui não vem mal ao mundo, pelo contrário, desde que sejam claras as diferenças de fundo e, portanto, a possibilidade de escolha. Mas não é isso o que tem acontecido. Os resultados estão à vista. PSD e CDS que o digam.
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