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Os Amanhãs que Já Não Cantam

por Miguel A. Baptista, em 19.05.25

Acredito que o único partido de esquerda que genuinamente gosta do povo e vive “em comunhão” com ele é o PCP.

Basta observar as imagens dos tradicionais almoços de carne assada promovidos pelo partido. Ali vemos gente real — pessoas que comem carne assada e frequentam as coletividades da terra. Não são aqueles que preferem sushi ou tofu e que enchem as noites do Lux.

Apesar dessa proximidade com o povo, o PCP é, paradoxalmente, um dos responsáveis por agravar as dificuldades do mesmo povo que diz defender. Através da promoção sistemática — e muitas vezes injustificada — de greves nos serviços públicos, o partido penaliza diretamente quem mais depende deles: os que não têm transporte próprio, os que não podem colocar os filhos em colégios privados, os que não têm acesso a cuidados de saúde fora do SNS. É no setor público — o único onde as greves realmente têm impacto — que o PCP exerce esta forma de pressão, com consequências nefastas para os mais vulneráveis.

Enquanto organização marxista-leninista, a lógica do PCP é menos política do que quase religiosa. Os seus prazos não são os da vida comum, mas os da utopia. Assim, o partido sente-se confortável em sacrificar o bem-estar de uma geração concreta de povo real, em nome de objetivos abstratos e futuros. Castiga-se o povo de hoje para manter o controlo dos sindicatos — controlo visto como essencial para alcançar os míticos “amanhãs que cantam”. O problema é que esse mesmo povo, mais preocupado em garantir o dia de hoje, há muito deixou de acreditar em amanhãs redentores. E por isso, afasta-se de quem, mesmo jurando-lhe amor, se mostra disposto a imolá-lo num altar de sacrifício ideológico.

Por isso mesmo — ainda que lentamente — o PCP vai definhando.


7 comentários

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De cela.e.sela a 19.05.2025 às 17:52

sobram os sindicatos sem associados a viver do bolso dos contribuintes
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De Anónimo a 19.05.2025 às 23:06

A prova da decadência do pcp são os sindicatos fora do seu controle. Professores, motoristas, saúde. Quando a classe trabalhadora abandona o partido, quanto mais os burgueses...
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De Ana D. a 20.05.2025 às 01:08

Excelente reflexão. Obrigada pela partilha!
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De O apartidário a 20.05.2025 às 08:37

Em 2024, Seixal e Moita eram socialistas, mas este ano o partido foi ultrapassado pelo Chega. O que explica o triunfo da extrema-direita em dois concelhos com um coração à esquerda?

19 mai. 2025, 21:47 no Observador

Quando era jovem, Manuel António lembra-se de andar pelas ruas do Seixal “a colar cartazes de um certo partido, até virem uns tipos que nos batiam e os arrancavam da parede. Esta terra sempre foi comunista, mas os velhos morreram. Agora não há filhos da terra e os de fora vêm com outras ideias e costumes”, diz. E assim resume a história de um antigo concelho de esquerda que cedeu à direita radical do Chega — onde quem diz o que “muita gente pensa”.

Falar do resultado obtido pelo Chega nas eleições legislativas do passado domingo é quase como falar em código: é difícil encontrar quem diga em alto e bom som que ficou feliz; mas é fácil cruzarmo-nos com quem acaba por o assumir entre acusações e indiretas contra etnias e imigrantes.

O reformado de 67 anos está sentado num banco ao lado de um amigo que se “zangou com a política”. Dos dois, só Manuel António votou. E também só ele “acompanha política”, diz orgulhosamente. “Não fiquei surpreendido com a vitória da AD, nem com o segundo lugar. As manifestações de etnias deram força aos votos.”


▲ Manuel António tem 67 anos

Continua
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De O apartidário a 24.05.2025 às 10:56

Porque é que o Chega cresceu? “Está à vista”

"A parte mais fraca do Chega é a económica. Mas, para a imigração, o Chega tem as soluções necessárias"
Pedro Silva, trabalhador de um quiosque na Moita
O otimismo de Pedro Silva, no entanto, não se faz notar em Ana Duarte. “Penso que a realidade não vai mudar. Continuam lá os outros partidos, as leis não vão mudar”, diz. Afirmando ter ficado “supreendida por saber que as pessoas votaram em massa no Chega”, a jovem espera que “a imigração melhore e que se estabeleçam mais regras, que se verifique que os imigrantes contribuem [para a Segurança Social]”.

A verdade é que “aqui na Moita tenho visto muitos confrontos entre indostânicos e ciganos”. “Trabalho num supermercado e já vi roubos, já bateram na minha chefe, já houve várias situações de conflito e há muita gente a pedir”, diz, tudo “situações que contribuíram em muito para o crescimento do Chega aqui”.

https://observador.pt/especiais/nao-ha-filhos-da-terra-e-os-de-fora-vem-com-outras-ideias-e-costumes-como-se-explica-a-vitoria-do-chega-no-seixal-e-moita/
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De Terry Malloy a 20.05.2025 às 16:33

Parabéns aos Sindicatos (mais de 20...) da CP.


Resultou em cheio. 
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De Silva a 21.05.2025 às 11:14

A CDU tem cada vez menos votos devido aos óbitos desses eleitores.

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