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Oliveira da Figueira

por henrique pereira dos santos, em 08.09.22

Senhor Primeiro Ministro, a inflação vai ter um impacto brutal nas contas públicas, primeiro positivo, por aumento do IVA e dos impostos sobre o trabalho, desde que, por exemplo, não se mexa nos escalões do IRS, mas depois muito negativo por via dos mecanismos automáticos do cálculo das pensões.

Senhor Ministro, quer isso dizer que temos folga agora e temos um problema no futuro que afecta um dos nossos principais grupos de votantes?

Exactamente, Senhor Primeiro Ministro.

Senhor Ministro, vamos então fazer o seguinte: damos agora uma parte da folga que temos este ano senhor .

Tem de ser em coisas com impacto, por exemplo, não podemos fazer um desconto no IRS, que é uma coisa que se vê mais tarde, as pessoas percebem mal e, além disso, não é sentido por metade dos portugueses que não pagam IRS.

Senhor Primeiro Ministro, isso é fácil, é dar uma bolada de uma só vez, em cheques com a sua assinatura.

Bem visto senhor Ministro, fazemos então isso, e dizemos que é para compensar a perda de poder de compra em 2022.

Senhor Primeiro Ministro, parece-me bem para os que estão no activo.

E até nos ajuda na negociação dos aumentos salariais da função pública, em 2023. Vamos dizer que não é preciso compensar a perda de compra de 2022, e portanto discutir a inflação de 2022 na negociação dos aumentos, porque isso foi resolvido com a tal bolada que vamos dar agora, em Outubro, e partimos da discussão da inflação de 2023, que como é uma previsão, podemos sempre prever com um bocadinho de jeito.

O problema, Senhor Primeiro Ministro, é que isso não nos resolve o problema dos pensionistas e vai ser muito difícil discutir aumentos de 3 a 4% nos ordenados quando as pensões vão ter um aumento de 7 a 8%.

Resolve-se já, senhor Ministro, damos já em Outubro metade do que teríamos de dar em 2023, até porque temos folga, podemos até argumentar que estamos a beneficiar as pessoas porque antecipar pagamentos em tempos de inflação é benéfico para quem recebe.

E como já demos em Outubro, podemos alinhar o aumento das pensões para as percentagens que estamos a pensar dar de aumento de ordenado dos activos.

Senhor Primeiro Ministro, mas isso significa que não estamos a compensar os pensionistas pela inflação de 2022!

Tanto tempo a trabalhar comigo e não aprende, senhor Ministro? As pessoas vão receber agora dinheiro vivo, vão receber um aumento numa percentagem que é maior que o que tem sido nos últimos anos, e você acha que se vão pôr a pensar no facto de não estarem a ser compensados pela inflação de 2022, ao contrário do que acontece aos que estão no activo?

Bem visto, senhor Primeiro Ministro, mas isso significa que os pensionistas vão ficar prejudicados em 2024 e anos seguintes, visto que baixámos a base de cálculo.

Dizemos que essas previsões têm a credibilidade da previsão do Diabo que vinha aí e, sobretudo, fica toda a gente a discutir o eventual prejuízo de 2024 e anos seguintes - e nós dizemos que os portugueses nos conhecem e sabem que nunca faríamos cortes nas pensões como o Passos - e já ninguém vai discutir o facto das pensões terem perdido 7% do poder de compra em 2022, sem que haja um cêntimo de compensação, ao contrário do que estamos a fazer aos do activo.

Até porque como vamos pagar uma coisa extraordinária a todos, em Outubro, ficam convencidos de que estamos a tratar todos de forma mais ou menos igual.

Senhor Primeiro Ministro, acho que isso não vai passar assim tão facilmente, toda a gente vai rapidamente perceber a moscambilha.

Óptimo, vão todos estar a chamar-me trapaceiro e a discutir as perdas dos pensionistas em 2024, sem que haja um único que perca tempo a fazer notar que os pensionistas foram ludibriados já em 2022, ao ficarem de fora do pacote de resposta à inflação.


44 comentários

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De henrique pereira dos santos a 09.09.2022 às 14:45

A carta de vítor gaspar está aqui:
Carta de Demissão do Ministro das Finanças Vitor Gaspar (ciberforma.pt)

Como pode verificar por si, é uma absoluta mentira que ele tenha dito que o programa de ajustamento foi um fiasco.
É mentira.
Simples
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De Carlos Sousa a 09.09.2022 às 18:04

" A repetição destes desvios minou a minha credibilidade enquanto ministro das finanças ".
Pois realmente, quando um ministro das finanças não prevê determinados desvios não há dúvida que o programa é um êxito. 
Foi um êxito tão grande que o prémio foi um lugarzinho no FMI. Tudo a bem de Portugal, claro.
Ó Henrique por favor...
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De henrique pereira dos santos a 09.09.2022 às 23:23

Como se vê pela sua citação, é absolutamente mentira que ele tenha dito que o programa tenha sido um fiasco.
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De Carlos Sousa a 09.09.2022 às 23:39

Pois, se calhar foi por ter sido um êxito que ele decidiu ir embora para não minar mais a sua credibilidade.
Ó Henrique sempre pensei que você conseguisse compreender um texto escrito, mas pelos vistos você só lê. 
Mas ainda não me respondeu à pergunta que lhe fiz. Quando e em que governo é que as pensões tiveram um aumento de 8%?
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De henrique pereira dos santos a 10.09.2022 às 17:10

Veja se percebe: eu não estou a discutir as suas opiniões sobre isto ou aquilo, mas sim coisas factuais.
Disse que Vítor Gaspar tinha dito que o programa de ajustamento tinha sido um fiasco.
Isso é mentira, como demonstrei e o senhor demonstra ao escolher citar a carta em que diz que está essa afirmação que, na sua interpretação, quer dizer o que diz que Vítor Gaspar disse.
O simples facto de ter de se socorrer desse subterfúgio que é explicar o que quer dizer o que Vítor Gaspar disse é a demonstração de que ele não o disse, portanto o senhor está a mentar (como, aliás, no resto das suas afirmações).
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De Carlos Sousa a 10.09.2022 às 18:22

Tem razão, o Gaspar não disse nada, ele saiu para deixar o êxito do programa à Maria Luís. 
Tenho pena é que a sua luta pela verdade não abranja a demagogia barata de um aumento de 8% nas pensões. 
Não é preciso ser economista para entender o problema, só é preciso é que a cegueira ideológica não nos tolde a razão.
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De henrique pereira dos santos a 10.09.2022 às 21:05

Gaspar disse o que disse, não disse foi o que o senhor disse que ele disse, como o senhor demonstrou.
Em vez de ter a honestidade de reconhecer isso, anda aqui em jogos florais.
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De Carlos Sousa a 11.09.2022 às 10:06

Pois é, então e quando o Coelho garantiu à criancinha que não ia tirar o 13° mês ao pai, também são jogos florais?
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De henrique pereira dos santos a 11.09.2022 às 10:47

Como já lhe respondi antes, o que Passos Coelho respondeu à criancinha foi que não ia acabar com os subsídios, como de facto não acabou.
Acresce que o fez em 1 de Abril, quando não sabia o suficiente sobre o Estado das finanças públicas e sobre o que o memorando de entendimento recentemente negociado e assinado por Sócrates implicava.
Nem podia saber como o efeito de retracção da economia ia ter efeitos surpreendentemente diferentes na colecta de impostos.
E como já lhe expliquei isso tudo e além de reconhecer que está a mentir, continua nesse registo, sim, são jogos florais e desonestidade.
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De Carlos Sousa a 11.09.2022 às 12:27

Pela sua argumentação já vi que não faz parte da classe média, aquela que foi quase arrasada no tempo do Passos Coelho. Nem era pensionista, porque se tivesse sentido na pele a injustiça da distribuição de sacrifícios, não falava assim, de certeza.
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De Anónimo a 09.09.2022 às 18:52




Há muito tempo que deixei de perder tempo com este Sr. Carlos Sousa que já nos enche a cabeça com mentiras e falácias variadas aí noutro blogue há muitos anos e aproveita todo e qualquer pretexto, mesmo que completamente deslocado, para atacar o governo anterior.
Eu sempre votei PS mas não aguento gente "doente".
Tudo o que seja atacar Passos Coelho o homem vai por aí fora e não hesita em asneirar a tempo inteiro, há ali muito "parafuso" por apertar...

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