Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
Senhor Primeiro Ministro, a inflação vai ter um impacto brutal nas contas públicas, primeiro positivo, por aumento do IVA e dos impostos sobre o trabalho, desde que, por exemplo, não se mexa nos escalões do IRS, mas depois muito negativo por via dos mecanismos automáticos do cálculo das pensões.
Senhor Ministro, quer isso dizer que temos folga agora e temos um problema no futuro que afecta um dos nossos principais grupos de votantes?
Exactamente, Senhor Primeiro Ministro.
Senhor Ministro, vamos então fazer o seguinte: damos agora uma parte da folga que temos este ano senhor .
Tem de ser em coisas com impacto, por exemplo, não podemos fazer um desconto no IRS, que é uma coisa que se vê mais tarde, as pessoas percebem mal e, além disso, não é sentido por metade dos portugueses que não pagam IRS.
Senhor Primeiro Ministro, isso é fácil, é dar uma bolada de uma só vez, em cheques com a sua assinatura.
Bem visto senhor Ministro, fazemos então isso, e dizemos que é para compensar a perda de poder de compra em 2022.
Senhor Primeiro Ministro, parece-me bem para os que estão no activo.
E até nos ajuda na negociação dos aumentos salariais da função pública, em 2023. Vamos dizer que não é preciso compensar a perda de compra de 2022, e portanto discutir a inflação de 2022 na negociação dos aumentos, porque isso foi resolvido com a tal bolada que vamos dar agora, em Outubro, e partimos da discussão da inflação de 2023, que como é uma previsão, podemos sempre prever com um bocadinho de jeito.
O problema, Senhor Primeiro Ministro, é que isso não nos resolve o problema dos pensionistas e vai ser muito difícil discutir aumentos de 3 a 4% nos ordenados quando as pensões vão ter um aumento de 7 a 8%.
Resolve-se já, senhor Ministro, damos já em Outubro metade do que teríamos de dar em 2023, até porque temos folga, podemos até argumentar que estamos a beneficiar as pessoas porque antecipar pagamentos em tempos de inflação é benéfico para quem recebe.
E como já demos em Outubro, podemos alinhar o aumento das pensões para as percentagens que estamos a pensar dar de aumento de ordenado dos activos.
Senhor Primeiro Ministro, mas isso significa que não estamos a compensar os pensionistas pela inflação de 2022!
Tanto tempo a trabalhar comigo e não aprende, senhor Ministro? As pessoas vão receber agora dinheiro vivo, vão receber um aumento numa percentagem que é maior que o que tem sido nos últimos anos, e você acha que se vão pôr a pensar no facto de não estarem a ser compensados pela inflação de 2022, ao contrário do que acontece aos que estão no activo?
Bem visto, senhor Primeiro Ministro, mas isso significa que os pensionistas vão ficar prejudicados em 2024 e anos seguintes, visto que baixámos a base de cálculo.
Dizemos que essas previsões têm a credibilidade da previsão do Diabo que vinha aí e, sobretudo, fica toda a gente a discutir o eventual prejuízo de 2024 e anos seguintes - e nós dizemos que os portugueses nos conhecem e sabem que nunca faríamos cortes nas pensões como o Passos - e já ninguém vai discutir o facto das pensões terem perdido 7% do poder de compra em 2022, sem que haja um cêntimo de compensação, ao contrário do que estamos a fazer aos do activo.
Até porque como vamos pagar uma coisa extraordinária a todos, em Outubro, ficam convencidos de que estamos a tratar todos de forma mais ou menos igual.
Senhor Primeiro Ministro, acho que isso não vai passar assim tão facilmente, toda a gente vai rapidamente perceber a moscambilha.
Óptimo, vão todos estar a chamar-me trapaceiro e a discutir as perdas dos pensionistas em 2024, sem que haja um único que perca tempo a fazer notar que os pensionistas foram ludibriados já em 2022, ao ficarem de fora do pacote de resposta à inflação.
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
Perante resposta tão fundamentada, faço minhas as ...
O capitalismo funciona na base da confiança entre ...
"...Ventura e António Costa são muito iguais, aos ...
Deve ser por a confiança ser base do capitalismo q...
"que executem políticas públicas minimalistas, dei...