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Agora que arde Oleiros, talvez seja a altura de trazer para aqui uma das imagens que mais uso em apresentações em que falo de evolução da paisagem e fogo.
A imagem é retirada de um livro muito recomendável, de Duarte Belo, Portugal luz e sombra. Duarte Belo usa o espólio fotográfico de Orlando Ribeiro e, em 2011, procura o mesmo ponto de vista para voltar a fotografar o que Orlando Ribeiro tinha fotografado anos antes.
Para o que me interessa uma das imagens mais impressionantes é mesmo a de Foz Giraldo, Orvalho, Oleiros.
Dá-me a impressão de que fotografia não é exactamente do mesmo ponto (a posição da estrada no canto superior direito não é exactamente a mesma) e sem ter falado com Duarte Belo especificamente sobre esta fotografia, suspeito que é porque as árvores impediriam a vista do exacto ponto em que Orlando Ribeiro teria estado em 1945.
Não se pense que esta é uma situação especial, este padrão de alteração da paisagem é o padrão geral, seja a Sul (Mértola)
seja noutro ponto em que este ano se falou de fogos (Portas do Rodão)
seja nos calcáreos
Se amanhã alguém fizer o mesmo trabalho de Duarte Belo a partir do espólio de outros geógrafos (dos poucos que fotografam paisagens rurais nesse tempo, a maioria das pessoas fotografam pessoas, monumentos, cidades e aldeias ou curiosidades, embora por arrasto possam aparecer paisagens em fundo), a comparação apontaria no mesmo sentido, como se pode ver nos exemplos de A. Fernando Martins
ou Amorim Girão
Ao país sem mato, folhada e ervas que servissem de combustível ao fogo, sucede-se um país afogado em combustíveis finos que propagam o fogo à mínima condição favorável.
Ao país cheio de gente para acudir ao mínimo fogo nas suas terras, sucede-se o país sem gente que faça a gestão e que acorra ao mínimo sinal de alerta.
Pretender resolver os problemas contemporâneos com soluções anacrónicas (corpos de bombeiros voluntários formados a partir de comunidades cheias de ausentes), sem entender que a complexidade do problema exige mais conhecimento, estratégia e informação e que, ao mesmo tempo, as comunidades que mais directamente sentem o problema estão depauperadas de braços, conhecimento e capacidade, não parece grande ideia.
E, no entanto, a fortíssima teia de laços entre poder local, corpos de bombeiros e estruturas partidárias locais tem impedido a destruição criativa das estruturas anacrónicas que permita abrir o espaço para as soluções contemporâneas.
E a raiz dessa força é fácil de identificar: os fluxos financeiros do Estado central, mal escrutinados e mal avaliados pela convicção generalizada de que o dinheiro que entra nas corporações de bombeiros é, por definição, dinheiro abençoado usado para proteger o bem comum.
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