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Hoje, lá li, mais uma mudança de nome de uma estação de metro, neste caso na Alemanha, que, de forma aparentemente sinistra, faz referencia á rua dos mouros. Não para meu alivio, o nome será mudado para outro qualquer num futuro próximo.
Desde a trágica morte de George Floyd, que se multiplicam iniciativas que considero perigosas e em muitos casos ridículas.
A brutalidade policial, pura e simples, não é menos frequente, nem menos grave, que qualquer motivação racista. Esqueçamo-la para todo o sempre, neste caso, tal como aconteceu em todo o mundo.
Um movimento contrario ao racismo, parece ser sempre uma boa ideia. O problema é quando se transforma num movimento assente no ódio , na perseguição e erradicação de vultos e factos históricos, na simplificação excessiva da realidade e na imposição de uma nova e única forma de ver.
As discussões sobre se certos fenómenos são de esquerda ou direita são tão infindáveis como inúteis. Independentemente de rótulos, o que é mau deve ser rejeitado ou pelo menos denunciado com a violência possível. E é isso que não está a acontecer, prolongando os efeitos deste movimento que atingiu proporções ridículas e que se desviou completamente do seu objectivo inicial: quem se lembra ainda de George Floyd e do racismo com consequências praticas?
Sempre me pareceu o cúmulo do racismo fazer de conta que alguém não pertence a determinada etnia. Como se essa pertença factual fosse vergonhosa ou um demérito para alguém. O meu Pai, nascido em África, durante anos, só teve amigos negros. Que lhe chamavam branco, simplesmente porque ele era branco. Não por qualquer tipo de racismo, que não nasce pelo nome.
O racismo infelizmente ainda existe, apesar de um progresso lento ao longo do ultimo século. Nos EUA as coisas foram evoluindo. Nos sentimentos e sobretudo nos nomes. Primeiro negro. Depois preto. Finalmente afrodescendente. Certo é que, enquanto não houver uma aceitação natural de que um ser humano é um ser humano, independentemente da sua etnia, religião, sexo e outras circunstâncias, estaremos mal. Mesmo que deixemos de aparentemente reconhecer realidades óbvias e inócuas, como o facto de existirem varias etnias á face do planeta.
Odiar policias, racistas e essencialmente todos os que são diferentes de nós, não faz os manifestantes melhores do que o que contestam. Afinal, só o objecto do odio muda de um lado e do outro. E não há nada pior do que o Ódio e as generalizações selvagens.
Partir estátuas ou mudar o nome de ruas, estações de metro e outros, parece-me mais digno de trogloditas do que de seres humanos contemporâneos. Revisionismo histórico, sempre foi uma pratica de governos totalitários e um empobrecimento das memorias colectivas, nunca um passo em frente ou reparação de erros passados.
Estranha e um pouco inquietante é a forma como este movimento se tem espalhado, como se fosse um franchising, sendo os protestos, em todos os locais, idênticos e pouco adaptados á realidade local. Claro que quem não tem a rua dos pretos ou de um esclavagista, como os Alemães, pode mudar a rua dos mouros!
Agora, em Portugal, anuncia-se a monitorização dos discursos de ódio nas redes sociais, o que nos tempos do antigo regime seria, justamente, contestado como um importante passo na direção da censura. Sou contra o ódio e sei das dificuldades de o definir. Será que o que é ódio para mim, é ódio para os outros? Mas sou absolutamente contra a perda de liberdade de expressão que fatalmente se segue á introdução de limitações e monitorizações, mesmo que de aspectos (teoricamente) menos dignos e honrosos de partilha.
Nada disto, per-si, terá consequências devastadoras no futuro imediato. São apenas manifestações ainda moderadas de censura, autoritarismo e de radicalismo, ainda numa fase preliminar de afirmação. Mesmo que provoquem uma reação de radicalismos de sinal contrario. Que provavelmente não passarão de umas cabeças negras partidas por uns grunhos neonazis.
Mas é um exemplo muito preocupante de como o radicalismo está a atingir as democracias liberais. Não apenas por movimentos radicais de esquerda ou direita, mas também por forças politicas teoricamente democráticas. Preocupante.
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